Uma
contribuição com luzes e sombras
CIDADE DO
VATICANO, terça-feira, 5 de outubro de 2010 (ZENIT.org) – Apresentamos a
declaração de Dom Ignacio Carrasco de Paula, presidente da Academia Pontifícia
para a Vida, em resposta a perguntas de jornalistas sobre o anúncio feito ontem
da entrega do Prêmio Nobel de Medicina ao britânico Robert G. Edwards, por suas
pesquisas sobre a fecundação in vitro.
* * *
A concessão
do Nobel ao professor Edwards suscitou muitos apoios e muitas perplexidades,
como era previsível. Pessoalmente, eu teria votado em outros candidatos, como
McCullock e Till, descobridores das células-tronco, ou Yamanaka, o primeiro em
criar uma célula-tronco pluripotente induzida (iPS).
No entanto,
a opção por Edwards não parece estar totalmente fora de lugar. Por um lado, faz
parte da lógica seguida pelo comitê que concede o Nobel; por outro, o cientista
britânico não é um personagem que deve ser desvalorizado: ele começou um novo e
importante capítulo no campo da reprodução humana, cujos melhores resultados
estão diante dos olhos de todos, começando por Louise Brown, a primeira criança
nascida da fecundação in vitro, que já tem trinta anos e também é mãe, de
maneira totalmente natural, de um menino.
As
perplexidades? Muitas: sem Edwards, não existiria o mercado dos ovócitos; sem
Edwards, não haveria congeladores cheios de embriões esperando ser transferidos
a um útero ou, mais provavelmente, ser utilizados para a pesquisa ou morrer
abandonados e esquecidos por todos.
Eu diria
que Edwards inaugurou uma casa, mas abriu a porta errada, pois apostou tudo na
fecundação in vitro e permitiu implicitamente o recurso a doações e
compra-vendas que envolvem seres humanos. Dessa forma, não modificou o marco
patológico e o marco epidemiológico da infertilidade. A solução a este grave
problema virá por outro caminho menos caro e que já se encontra avançado. É
necessário ter paciência e confiar em nossos pesquisadores e médicos.