“Quem foi chamado à mesa do Senhor deve brilhar pelo exemplo de uma vida louvável e correta, longe de toda imundície dos vícios”. São João Capistrano, Apóstolo da Europa
Pelo que vemos na atualidade, com a crescente adesão à liberação do aborto, à permissividade da depravação sexual, cresce também o assustador números de dependente de drogas e álcool, assim como o número de casamentos desfeitos e a aceitação de casamentos homossexuais, tráficos, pirataria e o horror da violência e seus crimes entre outros seriíssimos problemas. Podemos concluir que nós cristãos, não estamos tendo uma participação eficaz contra essas tendências. Isso ocorre porque, na grande maioria, ainda somos muitos “carnais” (1Cor 3,1); verdadeiras “criancinhas em Cristo”. São Paulo Apóstolo escreve exortando os cristãos da igreja de Corinto: “Não vos pude falar como homens espirituais, mas como a carnais, como a criancinhas em Cristo” (1Cor 3,1). Ainda não crescemos espiritualmente ao ponto de darmos o exemplo, através de nossas vidas e, por isso, não conseguimos obter resultados dignos de seguidores pacíficos de Nosso Senhor Jesus Cristo, o maior Mestre de todos os tempos. Devido a nossa falta de fé e de obediência, somos facilmente envolvidos pelo pensamento “racional” liberal e relativista do mundo.
Tal indolência espiritual já foi colocada em evidência pelo autor da Carta aos Hebreus, quando falou: “A julgar pelo tempo, já devíeis ser mestre! Contudo, ainda necessitais que vos ensinem os primeiros rudimentos da palavra de Deus; e vos tornaste tais, que precisais de leite não é capaz de compreender uma doutrina profunda, por que ainda é uma criança”(Hb 5,12-13). E São Paulo vocifera: “Eu vos dei leite a beber, e não alimento sólido, que ainda não podíeis suportar. Nem ainda agora o podeis, porque ainda sois carnais” (1Cor 3,2).
Portanto, agora é o tempo de darmos de qualidade em nossa vida para justificarmos nossa participação no Corpo de Cristo. Arrependamo-nos de nossos pecados, os quais nos impedem de crescermos espiritualmente, e nos apeguemos à palavra de Deus (Jo 8,31). Vamos nos capacitar para o crescimento do alimento sólido de Deus e amadurecer na fé em Jesus Cristo (Ef 4,11-16) Deixemos de ser apenas criancinhas espirituais, e façamos a nossa parte no plano de salvação de Deus, esmagando Satanás sob nossos pés (Rm 16,20). Vamos crescer na graça e no conhecimento de Cristo Salvador (2 Pd 3,18) Dessa forma, sim, testemunharemos ao mundo o que significa fazer parte de “uma nação santa, um povo adquirido para Deus” (1Pd 2,9).
Se estivermos em dúvida, é o momento de nos arrependermos profundamente. Devemos obedecer ao Senhor (Lc 5,4) e assumir nosso discipulado. Devemos estudar a palavra de Deus, meditar e jejuar com maior frequência e intensidade. Devemos orar sem cessar (1Ts 5,17), “sem jamais deixar de fazê-lo” (Lc 18,1). Devemos proteger nossos casamentos, nossas comunidades e nossas famílias, mantendo-nos mais próximos de nossos filhos, encaminhando-os na fé (Pr 22,6) e educando-os para não tolerarem o mal (Rm 12,11). Como disse São Paulo, em ocasião de ataques semelhantes a nossa igreja: “Não vos escrevo estas coisas para vós envergonhar, mas admoesto-vos como meus filhos muito amados” (1Cor 4,14).
Precisamos crescer em todos os sentidos, principalmente numa forte e abissal espiritualidade para transformar o mundo. Eliminar a cultura de morte e implantar a cultura da vida e do amor divino.
Vamos meditar na esplêndida exortação do Bispo e Doutor da Igreja São João Crisóstomo: Brilhai como luzes neste mundo escuro (…)
Não precisaríamos dizer isso se nossa vida realmente iluminasse.
Não precisaríamos de doutrinação se deixássemos nossos atos brilharem.
Não haveria pagãos se nós fôssemos verdadeiros cristãos, se observássemos os mandamentos de Deus (…) mas nós rendemos homenagens ao dinheiro, com eles.
Fugimos da pobreza, como eles. As doenças, nós as suportamos pior do que eles (…) como devem eles se convencer da verdade da fé?
Por sinais milagrosos? Milagres não acontecem mais.
Pelo nosso comportamento? Mas esse é ruim.
Pelo amor? Mas dele não se veem vestígios.
Por isso teremos de prestar conta, um dia, não somente dos pecados que cometemos, mas também do prejuízo que causamos.
Pe. Inácio José do Vale
Professor de História da Igreja
Pregador de Retiros Espirituais
Especialista em Ciência Social da Religião
E-mail: pe.inaciojose.osbm@hotmail.com