Seja para muçulmanos ou cristãos, afirma padre Lombardi
CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 7 de março de 2011 (ZENIT.org) – Muçulmanos e cristãos estão sendo assassinados “pelo mesmo motivo” no Paquistão: opor-se à lei da blasfêmia, denuncia o porta-voz da Santa Sé.
O padre Federico Lombardi, S.J., diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, qualifica essa lei justamente de “blasfêmia, porque no nome de Deus é causa de injustiça e morte”.
No editorial da edição desta semana de Octava Dies, semanário do Centro Televisivo Vaticano, o porta-voz recorda as mortes do muçulmano Salman Tasser, governador de Punjab; e do católico Shahbaz Bhatti, ministro para as minorias.
“Ambos sabiam bem que arriscavam a vida, porque tinham sido explicitamente ameaçados de morte. E, no entanto, não renunciaram a sua luta pela liberdade religiosa, contra o fanatismo violento, e pagaram o preço mais alto, com seu próprio sangue”, escreve o padre Lombardi.
“Enquanto esses dois assassinatos nos enchem de horror e angústia pela sorte dos cristãos no Paquistão, ao mesmo tempo, paradoxalmente, inspiram-nos esperança, porque unem um muçulmano e um cristão no sangue derramado pela mesma causa.”
“Na memória de Tasser e Bhatti, na comovida gratidão pelo modo como viveram e morreram, os verdadeiros adoradores de Deus continuarão a luta – se necessário até a morte – pela liberdade religiosa, a justiça e a paz”, escreve.
As normas sobre a blasfêmia foram introduzidas no Paquistão entre 1980 e 1986, para garantir o respeito à religião muçulmana.
Segundo dados publicados pela Comissão de Justiça e Paz da Conferência episcopal paquistanesa, de 1986 a 2009, 964 pessoas foram presas por ter profanado o Alcorão e Maomé. Destas, 479 são muçulmanos; 119, cristãos; 340, ahmadi; 14, hindus e 10 de outras religiões.
A lei da blasfêmia – que prevê a pena de morte para qualquer um que insultar o Islã ou o profeta Maomé – frequentemente é utilizada para perseguir minorias religiosas.