Em 451, houve o Concílio universal de Calcedônia, uma cidade perto de Constantinopla, a sede do império romano bizantino. Pairava no ar um grande conflito, a heresia monofisista (= uma natureza) que ensinava que Jesus não tinha a natureza humana, mas apenas divina.
Então, para dirimir o erro, o grande Papa Leão Magno (400-461) – aquele que parou Átila nas portas de Roma – enviou ao Patriarca de Constantinopla uma Carta famosa: “Tomus a Flaviano”, onde deixava claro, dogmaticamente, que em Cristo há duas naturezas distintas: humana e divina, harmoniosamente existentes na Pessoa divina do Verbo encarnado. Se Cristo não é certeiramente homem e verdadeiramente Deus, então, a Redenção não existiu.
Quando o legado do Papa no Concílio leu a Carta, os bispos aplaudiram e disseram: “Pedro falou pela boca de Leão”; e a questão se encerrou.
O Papa Francisco esses dias lembrou no Vaticano a “Igreja de mártires” do século XXI e pediu aos católicos que apresentem a sua fé sem cedências perante a sociedade, de forma corajosa. Ele vai canonizar no dia 12 de maio, o italiano Antonio Primaldo e cerca de 800 companheiros leigos, assassinados “por ódio à fé” a 13 de agosto de 1480, na cidade de Otranto, durante uma invasão das tropas turcas, e aprovou a publicação dos decretos que reconhecem o martírio de 62 católicos, assassinados na Espanha na Guerra civil espanhola de 1930, por causa da sua fé (Cidade do Vaticano, 06/04/13 – Ecclesia).
Disse o Papa na homilia da missa a que presidiu na capela da Casa de Santa Marta, onde reside:
“Para encontrar mártires não é preciso ir às catacumbas ou ao Coliseu (de Roma): os mártires ainda existem, em muitos países. Os cristãos são perseguidos por causa da fé, nalguns países não podem usar a cruz, são punidos, se o fizerem. Hoje, no século XXI, a nossa Igreja é uma Igreja dos mártires”. O Papa alertou para a necessidade de não “cortar” ou “negociar a fé”, como se fosse possível “vendê-la a quem fizer a melhor oferta”, porque isso seria o começo do “caminho da apostasia, da não fidelidade ao Senhor”.
O Papa questionou os que colocam a sua fé “em água de rosas” e são “mornos”, frisando de novo que “a fé não se negocia”. “Sempre houve na história do povo de Deus, esta tentação de cortar um bocado da fé” e de fazer “como todos fazem”. É preciso viver a fé como “um dom que o Senhor faz a todos os povos” e pedir que ela seja “forte, corajosa”, principalmente nos momentos em que é preciso “torna-la pública”.
Pedro falou pela boca de Francisco!
Quando os sacerdotes e doutores da lei obrigaram a Pedro e os Apóstolos não anunciarem mais em Jerusalém o nome de Jesus, Pedro lhes disse: “Julgai vós mesmos se diante de Deus é justo que obedeçamos a vós e não a Deus! Quanto a nós, não nos podemos calar sobre o que vimos e ouvimos” (At 4, 17-20).
Hoje Francisco fez ecoar as Palavras de Pedro.
Pedro falou pela boca de Francisco!
Demos graças a Deus!
Prof. Felipe Aquino