Páscoa: Vitória da Vida – EB

Revista: “PERGUNTE E
RESPONDEREMOS”

D. Estevão Bettencourt, osb

Nº 299 – Ano 1987 – p.
145

O mês de abril é o mês de
Páscoa, festa da Vida que luta contra a Morte e, atravessando a Morte, sai
vitoriosa. Entre outras coisas, Páscoa nos lembra que o Pai tanto amou o homem
que entregou seu Filho para que por Ele dominássemos a Morte e tivéssemos a
Vida (cf. Jo 3, 16).

Este amor de Deus ao homem,
a Igreja o prolonga através da sua história, inclusive nas últimas semanas,
quando publicou a instrução sobre a Bioética ou “sobre o respeito à vida humana
nascente e a dignidade da procriação”. Tal documento suscitou críticas
desfavoráveis; parece opor-se tanto ao progresso da ciência quanto aos anseios
de muitos casais…

Apesar  disto, afirma a Instrução logo no seu início
que “as intervenções da Igreja, particularmente no que diz respeito à vida
humana e às origens, exprimem o amor que Ela deve ao homem” (Introdução). Sim;
a Igreja quer evitar que este esqueça sua identidade e se deixe reduzir à
condição de mera matéria de laboratório, pela 
de engrenagem, cabeça de gado de um rebanho…

A posição restritiva da
Igreja às experiências biológicas que manipulam a vida humana, não significa
imobilismo ou conservadorismo. Este seria uma atitude preconcebida e cega, ao
passo que a intenção da Igreja é reafirmar valores perenes, que atravessam
todos os tempos e que devem ser respeitados pela ciência; desligada da consciência
moral, a ciência pode tornar-se mortífera para o homem, como se dá no caso da
bomba atômica, alta expressão da ciência moderna, que, utilizada sem Moral, vem
a ser ameaça constante para a humanidade.

Toda a Instrução é, pois,
perpassada pelo intuito de lembrar que a reprodução humana é algo que
ultrapassa as leis da bioquímica, pois envolve pessoas ou seres cuja
corporeidade é penetrada por profunda espiritualidade ou por uma vocação
transcendental. “Os esposos exprimem reciprocamente o seu amor pessoal na
linguagem do corpo e do espírito. O ato conjugal é indissoluvelmente corporal e
espiritual… A procriação está associada à união não somente biológica, mas
também espiritual, dos esposos”  (Síntese
4b). Daí não se poder tolerar que a mulher alugue o seu corpo como incubadora
ou que o feto humano seja obtido a partir de Bancos de sementes vitais ou sofra
eliminação quando contrário  às
expectativas dos cientistas ou se torne matéria de comércio para a fabricação
de sabonetes e cosméticos…

Possa a luz de Páscoa
projetar-se sobre a problemática da Genética e ajudar os cristãos a compreender
o elevado preço do corpo humano, que valeu o sangue do Filho de Deus feito
homem!

 

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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