Os racionalistas dos séculos XVIII e XIX, muitos deles inimigos viscerais da Igreja e do Cristianismo, que negaram ser Jesus o Filho de Deus, como Voltaire, no entanto, deram testemunho da sua real existência e inigualável grandeza humana.
É muito interessante ouvir o que esses críticos racionalistas disseram sobre Jesus. Foram homens cultos e preparados, expoentes, chefes de escolas, líderes. Os racionalistas não gastariam tanto tempo estudando um personagem fictício. Todas as citações que se seguem foram retiradas do livro Jesus Cristo é Deus? de J. A. Laburu, 2000.
Ernest Renan (1823-1892), ao escrever a vida de Jesus, disse:
“Com seu perfeito idealismo, Jesus é a mais alta regra de vida, a mais destacada e a mais virtuosa. Ele criou o mundo das almas puras, onde se encontram o que em vão se pedem à terra, a perfeita nobreza dos filhos de Deus, a santidade consumada, a total abstração das mazelas do mundo, a liberdade enfim” (E. Renan, Vie de Jèsus, 14c, XV, XVII, XX, XXVIII).
“Jesus […] criou o ensinamento prático mais belo que a humanidade recebeu” (p. 125).
“Jesus Cristo nunca será superado” (Idem p. 325).
“Jesus está no mais alto cimo da grandeza humana, […] superior em tudo aos seus discípulos, […] princípio inesgotável de conhecimento moral, a mais alta […] Nele se condensa tudo quanto existe de bom e elevado em nossa natureza” (Ibidem, pp. 465, 468, 474).
“A Igreja, esta grande fundação, foi certamente a obra pessoal de Jesus. Para ter-se feito adorar até este ponto, é necessário que Ele tenha sido digno de adoração” (Ibidem, p. 463).
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Jesus Cristo existiu mesmo ou será um mito?
Jesus, o Mestre sem Universidade
Alfred Loisy (1854-1940), o apóstata modernista afirmou:
“Sente-se por tudo em seus discursos, em seus atos, em suas dores, não sei quê de divino, que eleva Jesus Cristo, não somente por sobre a humanidade ordinária, mas também por sobre o mais seleto da Humanidade” (Le Quatrième Evangile, 1903, p. 72).
“O Cristianismo representa incontestavelmente o maior e mais feliz esforço até agora realizado para elevar moralmente a Humanidade” (La Morale Humaine, p. 185-186).
A. von Harnack, o chefe do racionalismo alemão também falou de Jesus:
“A grandeza e a força da pregação de Jesus estão em que ela é, ao mesmo tempo, tão simples e tão rica, tão simples que até encerrada em cada um dos pensamentos fundamentais por ela expressados, tão rico que cada um dos seus pensamentos parece inesgotável, dando-nos a impressão de que jamais chegamos ao fundo das suas sentenças e parábolas”.
“Jesus pôs à luz pela primeira vez, o valor de cada alma humana e ninguém pode desfazer o que Ele fez. Qualquer que seja a atitude que, diante de Jesus Cristo, se adote, não se pode deixar de reconhecer que na História, foi Ele quem elevou a Humanidade a esta altura” (Das Wesen des christentums, 1901, pp. 33-34).
P. Wernle disse:
“É totalmente impossível representar-se uma vida espiritual como a de Jesus”.
Augusto Sabatier, pai do modernismo francês, disse:
“Jesus Cristo é a alma mais pura que jamais existiu; sincera, pura, que conseguiu elevar-se a uma altura a que o homem nunca poderá atingir”.
Channing, que negou radicalmente a divindade de Jesus, confessou:
“Creio que Jesus Cristo é mais que um homem. Os que não lhe atribuem a preexistência [isto é, os que como ele negavam-lhe a divindade] não o consideram, por isso, de maneira alguma, simples homem, mas estabelecem entre ele e nós profunda diferença. Aceitam, de bom grado, que Jesus Cristo, por sua grandeza e por sua bondade, supera toda e qualquer perfeição humana” (Discurs sur le caractere de Christ).
Johann Wofgang von Goethe (1749-1832):
“Curvo-me diante de Jesus Cristo como diante da revelação divina do princípio supremo da moralidade” (Laburu, p. 71).
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), expoente máximo do iluminismo francês:
“Se a vida e a morte de um Sócrates são as de um sábio, a vida e a morte de Jesus Cristo são a de um Deus” (Idem p. 71).
David Friedrich Strauss, inimigo feroz do catolicismo:
“Cristo não podia ter sucessor que se lhe avantajasse […]. Jamais, em tempo algum, será possível ascender mais alto que Ele, nem imaginar-se nada que sequer o iguale” (Ibidem p. 71).
Por essas citações dos expoentes maiores do racionalismo, vemos que perante a sua crítica Jesus Cristo não só existiu como é o máximo em sabedoria moral, em retidão, em justiça, em verdade; embora não o tenham aceitado como Deus.
Retirado do livro: “História da Igreja – Idade Antiga”. Prof. Felipe Aquino. Ed. Cléofas.