Os Métodos de Meditação Oriental e o Cristianismo

As correntes orientais de meditação têm penetrado cada vez mais no Ocidente, fascinando muitos cristãos sequiosos de cultivar a mística. Tais técnicas orientais têm o valor de ajudar o homem a criar harmonia entre corpo e alma, donde resulta mais livre aplicação da mente às realidades transcendentais. Acontece, porém, que as escolas hinduístas de meditação supõem todas uma filosofia panteísta ou não cristã, que geralmente é comunicada pelos mestres orientais seja explicitamente, seja em termos implícitos e indiretos. É difícil separar as técnicas de meditação oriental e a cosmovisão que as inspirou. Todavia tal discernimento já têm sido praticado por grandes pensadores católicos como Déchanet OSB, Griffiths OSB, Lasalle SJ, Johnston SJ e outros, com benefício para fiéis católicos.

Em consequência, não há por que rejeitar as técnicas de meditação na medida em que sejam meras técnicas para facilitar recolhimento, concentração, autodomínio, respiração, digestão de alimentos, sono, … mas é necessário que o cristão desejoso de permanecer fiel à sua fé saiba distinguir exatamente a filosofia panteísta que geralmente acompanha tais técnicas, da filosofia monoteísta do Cristianismo. O panteísmo implica não somente uma concepção de Deus, mas também toda uma cosmovisão (inclusive a tese da reencarnação) que não se concilia com a fé cristã.

Comentário: Estão cada vez mais presentes entre nós as correntes orientais de pensamento filosófico-religioso, com as suas práticas de oração, meditação e ascese. Há mesmo quem, tendo recebido formação cristã, procure conciliar a mensagem de tais escolas com a disciplina do Cristianismo; alguns se interessam apenas pelos efeitos salutares –físicos e psíquicos – dessas práticas, ao passo que outras pessoas chegam a procurar conciliação entre as concepções orientais e a doutrina teológica do Cristianismo.

Como se vê, o fenômeno é muito complexo e admite diversos graus de intensidade. Eis por que o abordaremos com especial atenção nas páginas subsequentes, procurando discernir até que ponto as técnicas de meditação oriental (com a filosofia que as inspira) se podem conciliar com a mensagem e a vida cristãs. Em vista disto, proporemos: 1) breve panorama das correntes filosófico-religiosas orientais; 2) atitudes de pessoas e de grupos católicos diante de tais escolas; 3) confronto entre as práticas orientais e o conceito cristão de oração.

 1. As principais correntes orientais

Enumeraremos quatro escolas, tidas como as mais representativas do pensamento oriental.

1.1. A Meditação Transcendental (MT)¹

Este é o movimento hinduísta que mais propagou no Ocidente. Tem por fundador o mestre Maharishi Mahesh Yogi, nascido em Jubbelpore (Índia central) de piedosa família hindu, há quase setenta anos. Aos 31/12/1957 fundou a escola dita de “Meditação Transcendental” (MT). Exerceu grande  influência sobre os Beatles em 1967, o que muito lhe aumentou a fama.

A MT se apresenta como a arte de viver cada vez melhor em contínua descoberta da felicidade, sem explícita pregação religiosa. Propõe sete etapas de concentração, que vêm a ser sete níveis de consciência. A última etapa é o nível da consciência pura ou da menta cósmica: dá acesso ao ponto originário da experiência transcendendo o nível do pensamento consciente. Uma das técnicas fundamentais da MT é a repetição automática de um mantra (palavra ou fórmula sânscrita, que, como dizem os seus adeptos, possui eficácia vibratória espiritualmente benéfica).

Maharishi organizou um plano de difusão universal e acelerada das suas técnicas – o que resultou em ampla penetração da MT nos mais diversos ambientes desde o lar, onde atinge a dona de casa, até as Universidades, passando por grupos jovens, centros psicoterapêuticos, etc.

Em nível científico, a MT é uma das correntes mais estudadas por pesquisadores ocidentais (psicólogos e fisiólogos). Já se realizaram Congressos internacionais sobre a MT, aos quais compareceram cientistas Prêmio Nobel. O físico L. Damash em 1972 apresentou à Universidade da Califórnia um estudo sobre a mecânica da MT e a mecânica quântica (cf. C. TORRES, La meditación transcendental, em Psicodeia nº 7, págs. 26-30)¹.

1.2. “Hare krishna”

Em 1965 Bhaktivedanta Swami Praghupada, após uma série de estudos universitários, peregrinações e experiências religiosas, foi da Índia para Nova Iorque, a fim de difundir no mundo o culto de Krishna, divindade professada pelo antigo politeísmo, que continua a sobreviver na filosofia panteísta das atuais escolas de espiritualidade da Índia. Fundou a ISKON (Associação Internacional para a Consciência de Krishna), que em 1977, quando morreu Bhaktivedanta, já estava difundida no mundo inteiro.

A ISKON, à diferença da MT, tem mensagem e finalidade estritamente religiosas. A sua técnica fundamental consiste em se repetir constantemente de 2754 prolações por dia; quem se entrega a esta prática, chega a contínua identificação com a vontade divina e adquire consciência profunda da realidade divina que cerca o homem; assim é despertada a “consciência espiritual” do indivíduo. Os fiéis de Krishna são obrigados a alimentação vegetariana, abstinência de álcool, castidade fora do matrimônio e uso do casamento apenas para fins de procriação.

Em alguns países, os membros da ISKON se organizam em comunidades rurais, inspiradas no estilo de vida dos Vedas, ou seja, na harmonia do homem com a natureza: “Uma vida pura, centrada em Deus, mantida com a agricultura … é a solução védica para o caos que submerge a sociedade moderna” (Ritorno a Krishna, ano IV, nº 1, p. 1).

1.3. Yoga

A palavra sânscrita yoga significa originariamente união ou integração. A escola Yoga procura precisamente realizar tal união ou harmonia dentro do próprio homem (entre o corpo e o espírito), como também entre o homem, de um lado, e o mundo que o cerca e Deus, do outro lado.

A fim de realizar tal objetivo, a Yoga propõe diversos caminhos ou técnicas, que se tornam modalidade da Yoga: assim o Mantra-Yoga, que procura repetir incessantemente uma palavra sagrada; o Hatha-Yoga, que ensina diversas posturas físicas e exercícios de respiração; a Jnana-Yoga, que cultiva o conhecimento e a sabedoria; o Karma-Yoga, que preconiza a salvação através da atividade; a Bhakti-Yoga, que apregoa a dedicação à Divindade; o Kundalini-Yoga, que procura despertar a poderosa energia harmônica do homem mediante concentração sobre diversos pontos da espinha dorsal. A modalidade mais conhecida da Yoga é a Raja-Yoga (Yoga real), que põe a tônica sobre o controle da mente. Além do que, pode-se dizer que muitos mestres yoguis concebem e transmitem aos discípulos um método próprio para chegar à harmonia total.

A característica fundamental de qualquer técnica de Yoga é a educação da consciência, que deve aprender a concentrar-se sobre determinado ponto: partes do corpo, a própria mente e suas disposições ou ainda Deus. Os graus supremos do progresso yoghi levam o indivíduo à máxima harmonia, ou seja, ao desapego de qualquer valor que escravize ou desequilibre a pessoas; donde resulta a união-identificação com a divindade (Samadhi).

A Yoga admite, como dito, amplo leque de modalidades, das quais algumas se apresentam como meras escolas de ginástica e outras são falsificações ou deturpações da autêntica mensagem yoghi.

A Yoga exerceu sua influência sobre escolas de psicologia moderna, como a de C. G. Jung, a de Schultz (com seu training autógeno), a sofrologia de Caycedo, a terapia gestálica de F. S. Peres e de John O. Stevens.

1.4. O Zen

O Zen é um movimento de fundo budista, originário do Japão, onde teve início em 1200 d. C. como conseqüência de uma filtragem da tradição budista chinesa.

O Zen tem em mira o conhecimento experimental da realidade do “aqui e agora” sem recurso a conceitos lógicos ou mentais. Ensina a “pensar o não pensar”, isto é, a suprimir o fluxo de conceitos e raciocínios da mente – o que equivale a uma “meditação sem objetivo”; a meta final deste processo é a iluminação da mente ou satori, algo de semelhante ao samadhi da Raja-Yoga. Para receber esta iluminação, a mente deve comportar-se como um espelho isento de qualquer mancha ou imagem: “O espelho carece, por completo, de eu e de preocupações. Quando se apresenta uma flor, ele reflete a flor. Quando se apresenta um pássaro, ele o reflete. Mostra que um objeto belo é belo e que um objeto feio é feio. Tudo nele se reflete como é. O espelho não tem mente que discrimine nem consciência de si””(Z. Shibayma, On Zazen Wasan, Kyoto 1967, p. 28).

O Zen recomenda, como postura do corpo, o zazen, isto é, a posição sentada e a respiração controlada, que favorecem o esvaziamento da mente.

A figura mais representativa do zen é o Dr. Daisetz Teitaro Suzuki, professor de Filosofia Budista na Universidade Otani de Kyoto durante muitos anos. Suzuki manteve diálogos interessantes com personalidades do mundo ocidental, como Carl Gustav Jung e Thomas Merton; vários de seus livros e artigos foram traduzidos do japonês para línguas ocidentais.

1.5. Movimentos independentes

Há outras correntes de espiritualidade hindu que não se reduzem a alguma das anteriores. Têm por referencial um guru, que cria o seu sistema próprio, servindo-se de elementos orientais mesclados, por vezes, a dados da cultura e da ciência ocidentais.

 Dois desses mestres merecem particular atenção:

1) Krishnamurti. Nascido no Sul da Índia, foi educado na Inglaterra; tornou-se o fundador do “estilo independentista” na década de 1920. Passa por um Sócrates moderno, que não quer ser chamado mestre nem sábio; nada pretende ensinar de sistemático, mas percorreu a América, a Europa e a Ásia recorrendo à técnica do diálogo que chega a propor aos interlocutores perguntas para as quais eles não tem resposta; assim Krishnamurti leva os ouvintes a um silêncio intuitivo.

2) Bhagwan Shree Rajneesh. Nasceu de família janita (budista) em Madya Pradesh no ano de 1931. Diz-se que aos 20 anos conseguiu chegar a iluminação, isto é, à intuição do Absoluto que é o termo da via yoghi. Ensinou Filosofia em Bombaim durante quinze anos e finalmente em 1947 fundou em Poona um ashram (= mosteiro) capaz de receber milhares de pessoas.

As técnicas ensinadas por Rajneesh são sincretistas, compreendendo elementos dos antigos Vedas, do Zen, do gnosticismo cristão, do sufismo muçulmano, do taoísmo, da psicologia das profundidades… Rajneesh também não quer ser chamado mestre nem fundador de escola, pois horroriza qualquer codificação ou institucionalização.

Em junho de 1981, Rajneesh causou enorme susto aos monges do ashram de Poona, pois desapareceu sem se despedir previamente. A notícia espalhou-se através da imprensa, suscitando as mais diversas explicações: Rajneesh teria fugido com o cofre cheio de milhões de dólares,… teria viajado para ser operado da coluna vertebral,… teria saído para procurar levar vida anônima,… teria abandonado tudo para usufruir do seu harém particular…! Na verdade, parece que o fundador comprou terrenos nas proximidades de Nova Iorque para fundar aí novo ashram. Quanto ao de Poona, foi-se desmantelando de modo que os seus membros se espalharam em diáspora pelo mundo.

 Passemos agora ao exame:

2. Tentativas de diálogo e síntese

As reações dos cristãos aos movimentos de espiritualidade oriental não têm sido uniformes.

Há quem as recuse como alienantes ou destituídas de compromisso social ou como narcisistas interessadas em procurar a satisfação pessoal dos seus adeptos ou ainda como formas de falsa mística.

Todavia não têm faltado vozes que procuram o diálogo e a eventual conciliação entre as escolas hinduístas e a espiritualidade cristã. A propósito podem-se citar

1) a Declaração Nostra Aetate do Concílio do Vaticano II, que se manifestou em termos genéricos sobre as religiões não cristãs:

“As demais religiões, que se encontram por todo o mundo, esforçam-se, de diversos modos, por ir ao encontro da inquietação do espírito humano, propondo caminhos, isto é, doutrinas e regras de vida, como também ritos sagrados.

A Igreja Católica nada rejeita do que há de verdadeiro e santo nessas religiões. Considera com sincera atenção aqueles modos de agir e viver, aqueles preceitos e doutrinas. Se bem que em muitos pontos estejam em desacordo com os que ela mesma tem e anuncia, não raro, contudo, refletem lampejos daquela Verdade que ilumina a todos os homens. Anuncia e vê-se ela de fato obrigada a anunciar incessantemente o Cristo, que é caminho, verdade e vida, no qual todos os homens podem encontrar a plenitude de vida religiosa e no qual Deus tudo reconciliou consigo” (nº 2).

2) A Federação das Conferências Episcopais da Ásia (FABC) reunida em sua segunda assembléia plenária de 19 a 25 de novembro de 1978, houve por bem pronunciar-se sobre a oração nos seguintes termos:

“O Espírito impele as Igrejas da Ásia a integrar no tesouro da nossa herança cristã o que há de melhor nas nossas (da Ásia) tradicionais formas de oração e de culto. A Ásia tem muito que dar a autêntica espiritualidade cristã: um método de oração desenvolvido, que solicita a pessoa inteira na sua unidade de corpo-psique-espírito; uma oração de profunda interioridade e imanência; tradições de ascese e renúncia; técnicas de contemplação que se encontram nas antigas religiões como o Zen e o Yoga formas simplificadas de oração, como o man-japa e o bhajans, e outras expressões populares da fé e da piedade da parte de quantos, na sua vida cotidiana, voltam verdadeiramente para Deus os seus corações e a sua mente” (transcrito de “La Civittà Cattolica” 3159, 6/02/82, p. 254).

3) Sabe-se também que nos últimos tempos se registraram encontros inimagináveis há cinqüenta anos atrás; assim os Papas têm recebido patriarcas do budismo da Tailândia, do Laos e do Japão, o Dalai Lama, chefe do budismo tibetano, além de gurus e swamis da Índia e do Tibé. Também se têm realizado encontros de monges católicos e monges do Oriente não cristãos, a fim de compartilhar experiências e estilo de vida.

4) É preciso salientar também os autores católicos que têm escrito livros resultantes de sua vivência em contato com monges e mestres hinduístas:

– um dos primeiros é o Pe. J. M. Déchanet O.S.B., que em 1956 publicou “La voie du silence” (A via do silêncio). Detém-se sobre os exercícios de Hatha-Yoga e a sua aplicação à meditação cristã;

– o Pe. Enomiya Lassale S. J. foi o primeiro pensador católico a entrar em diálogo com o Zen do Japão. O seu livro “Zen: um caminho para chegar à própria identidade” veio a lume em 1965 e foi traduzido para oito línguas. Procura mostrar como se aplicam as técnicas do Zen à meditação cristã. Em outra obra – “O Zen” -, o autor compara a linguagem do Zen com a dos místicos católicos;

– os monges beneditinos Henri Le Saux (Swami Abhishiktananda) e Beda Griffiths são fundadores de núcleos monásticos na Índia que procuram a aculturação, ou seja, a adoção de elementos da tradição mística hindu dentro de um contexto de vida monástica e de oração cristãs. Na obra “Yoga e contemplação”, Griffiths apresenta uma experiência de oração hesiquiasta concentrada sobre a repetição do nome de Jesus;

– o jesuíta Anthony de Mello é autor do livro “Sadhana”, no qual propõe várias técnicas de meditação inspiradas nos moldes hinduístas e destinadas ao aprofundamento das verdades da fé cristã;

– Thomas Merton, monge trapista, é outro notável participante do diálogo com o hinduísmo. Faleceu precisamente aos 10/12/1968 durante o primeiro Congresso dos Superiores monásticos do Extremo Oriente em Bangcoc. Deixou, entre outras obras, “O Zen e os pássaros do desejo”, coletânea de diálogos de Merton com o Dr. Suzuki. Em sua última carta a respeito do monaquismo budista tibetano escrevia:

“Muitos mosteiros, sejam da Tailândia, sejam do Tibé, parecem viver o mesmo gênero de vida adotado em Cluny na Idade Média: os monges são estudiosos, bem formados, tomam parte frequentemente na liturgia e nos ritos sagrados. Mas também são especialistas na meditação e na contemplação. Isto é o que mais me atrai”.

Procuraremos agora salientar as características da meditação cristã para mostrar como esta se diferencia da budista por suas concepções teológicas. Por último examinaremos até que ponto as técnicas hinduístas são valiosas para o cristão que ora.

3. Meditação cristã: características

Eis os quatro pontos que vêm ao caso:

1) Encontro com Deus pessoal: Pai, Filho e Espírito Santo. O adjetivo “pessoal” não significa o que à primeira vista insinua, isto é, um Deus configurado ao homem, com rosto, barba, mãos e pés … “Pessoal”, no caso, quer dizer: um Deus dotado de conhecimento e amor, distinto do mundo e do homem como o Criador (= Aquele que é por si) é distinto da criatura (= aquilo que é por outrem). O Deus do Cristianismo não se identifica com o mundo nem com o homem: não é uma substância neutra, que se condense em seus “avatares” ou que se parcele em cada homem ou que espalhe centelhas pelas criaturas; tal é a concepção hinduísta, panteísta, à qual se opõe a concepção monoteísta do Cristianismo. Quando o cristão ora, dirige-se a Deus, que é Pai. Este Pai é transcendente, inefável e indizível, mas também intimamente presente às criaturas pelo fato de que as sustenta continuamente na existência: “Superior summo meo, intimior intimo meo. – Elevado acima do que tenho de mais elevado, mais íntimo do que o meu íntimo”, dizia S. Agostinho (+ 430). Nota-se que por vezes as preces hinduístas apresentam um diálogo com a Divindade; ora numa concepção panteísta estrita tal diálogo não teria sentido; ele só é viável pelo fato de que no panteísmo hinduísta ficaram vestígios do politeísmo primitivo e da mitologia da Índia.

O hinduísta espera chegar, na etapa final de seus exercícios, à fusão com o Todo, a Energia Universal …, o que implica extinção da personalidade (do eu, do tu, do ele) e mergulho na Realidade. – A concepção cristã, do seu lado, tem em vista a união crescente com Deus, uma comunhão de vida cada vez mais intensa e íntima com o Pai, o Filho e o Espírito Santo, mas salvaguarda sempre os traços típicos do eu humano; Deus não absorve nem extingue a identidade da criatura; esta, pelo fato mesmo de ser criada, nunca se poderá fundir com o Criador.

2) Mediação de Jesus Cristo. Deus se fez homem em Jesus Cristo, de tal modo que por Jesus homem o cristão terá acesso a Deus Filho, e por Deus Filho a Deus Pai. Esta verdade implica, para o cristão, uma concepção positiva e otimista da história; esta é o cenário no qual Deus se revela ao homem; ela vem a ser mesmo o discurso de Deus ao homem, que teve o seu auge na plenitude dos tempos ou na encarnação do verbo. Por isto o cristão estima a história e as criaturas que são os agentes ou a moldura da história; esta se encaminha e dilata como um cone para a plenitude da verdade, da vida, do amor…, quando Cristo, encabeçando toda a humanidade, entregará o Reino ao Pai (cf. 1Cor 15,24).

Outro é o conceito hinduísta de história. Esta, em tal caso, parece algo de cíclico e monótono, destituído de significado. Consta de sucessivas reencarnações de homens transgressores das leis do bem e apregoados à matéria; o grande afã do hinduísta é libertar-se do corpo, da matéria e, por conseguinte, da história.

A meditação cristã é voltada para Cristo, “o caminho, a verdade e a vida” (cf. Jo. 14,16). É na procura da intimidade com Cristo que o cristão começa sua ascensão aos cumes da perfeição e à contemplação face-a-face da beleza infinita ou do próprio Deus (cf. 1Jo 3,1s; 1Cor 13,12).

Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”

D. Estevão Bettencourt, osb

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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