Os Mandamentos de Deus

Quando Deus criou o gênero humano no início da Criação, nas pessoas de Adão e Eva, Ele os criou à Sua “Imagem e Semelhança”, elevando-os a uma natureza, dignidade e personalidade perfeitas; soprou sobre eles o Seu Espírito, tornando-os puros e inocentes diante de Seus olhos. E viu que tudo era muito bom, na sua Criação.

Mas, o antigo inimigo de Deus (Satanás), por inveja da Sua “obra” tão bela e perfeita, entrou em ação para deformá-la pelo pecado, induzindo os primeiros progenitores da Criação a romperem com o seu Deus e Criador, perdendo assim, a “graça santificante”, e o “estado de paraíso” e “felicidade”.

Adão e Eva esconderam-se da Face do Senhor Deus, entre as árvores do Jardim do Éden, quando foram feridos em sua natureza pela “culpa original”; mas Deus continuou amando Sua “obra” e vem ao encontro do homem procura-o e chama, dizendo: -“Onde estás?” (Gênesis 3, 9).

A propósito deste Ano de 1999 dedicado a Deus Pai, em preparação à Celebração do Grande Jubileu do Ano 2.000, do Nascimento do Verbo do Pai – Jesus Cristo, que assumiu a condição do “Novo Adão”, torna-se necessário e muito oportuno que todos os homens (o gênero humano) conheçam a Vontade do Pai Celeste, a fim de que possam responder ao Seu chamado, acolhendo Sua Lei de Amor para amá-Lo, através da observância dos Dez Mandamentos da Lei de Deus.

“Bendito seja o Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, do alto dos Céus, nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo. Foi assim que n’Ele nos escolheu antes da constituição do mundo, para sermos santos e imaculados diante dos Seus olhos” (Ef 1, 3-4).

O Decálogo

Nisto consiste o amor: “que vivamos segundo Seus Mandamentos” (II João, 6), os quais, são compreendidos por dez (10) “Preceitos” distintos entre si. Estes “Preceitos” são a síntese da vida moral do crente (cristão), ou seja também daqueles que creem em Deus, respeitando, obedecendo, acatando e cumprindo sua Lei Divina.

“Amar a Deus” significa colocar em “prática” os Preceitos Divinos, através dos quais, é construído o fundamento e o alicerce que sobre eles se formará e erguerá a “estrutura” equilibrada e firme da vida terrena do homem em relação a Deus, à Família, à Sociedade, e aos indivíduos de um modo geral.

Os Dez Mandamentos foram prescritos nas Tábuas da Lei por Deus com manifestações sobrenaturais do Poder Divino, no monte Sinai à vista de Moisés, para que ele orientasse e guiasse o Povo Israelita no deserto, após a libertação deles da escravidão do Faraó no Egito.

Jesus atestou a perenidade do Decálogo, que é o conjunto dos Dez Mandamentos de Deus, praticando-o e pregando-o. Fiel às Escrituras e conforme o exemplo de Jesus, a Igreja reconheceu no Decálogo um significado e uma importância primordiais. O Decálogo forma uma unidade orgânica, onde cada mandamento remete a todo o conjunto. Transgredir um mandamento é infringir toda a Lei.

A Lei é uma instrução paterna de Deus, onde apresenta os caminhos para a felicidade e proscreve os caminhos do mal, mas somente Cristo, ensina e concede a Justiça de Deus, ou seja, a salvação que vem de Deus. A nossa justificação foi merecida pela Paixão de Cristo, sendo-nos concedida pelo Batismo, através do qual é apagado a culpa do pecado original, que herdamos dos primeiros pais (Adão e Eva), reconciliando-nos com Deus-Criador.

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A Igreja alterou os 10 Mandamentos?

Primeiro mandamento: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento” – “Não terás outro Deus além de Mim”

Este mandamento convida o homem a crer em Deus, a esperar nEle e a amá-Lo acima de tudo e de todos. O homem tem o dever de cultuar e adorar a Deus, tanto individualmente quanto em sociedade. A superstição é um desvio do culto que rendemos ao verdadeiro Deus, demonstrado na idolatria, na adivinhação e na magia. Os que colocam sua confiança e razão de ser em outros deuses são idólatras, pois, prostrando-se em adoração dos falsos ídolos praticam a idolatria, que é abominada por Deus; sendo hoje em dia muito praticada através do culto da televisão, do prazer e do dinheiro, da soberba e do orgulho, dos divertimentos e da impureza, do egoísmo e do ódio (violência), e do culto que é dado a Satanás (maçonaria, feitiçaria, bruxaria, espiritismo, etc.). Enfim, negar o culto devido só a Deus para dá-lo às criaturas (Homem) e ao próprio Satanás. São também pecados contra o primeiro mandamento: o ateísmo, o sacrilégio, a simonia e a ação de tentar a Deus, seja por palavras ou por atos. “Este povo somente me honra com os lábios; seu coração porém, está longe de Mim. Vão é o culto que Me prestam, porque ensinam preceitos que só vem dos homens!” (Mt 15, 8-9).

Segundo mandamento: “Não pronunciarás em vão o Nome do Senhor teu Deus”

O Senhor não terá por inocente o que tomar o Seu Nome em vão. – “Santificado seja o Vosso Nome”. – Não nominar o nome de Deus em vão. – Não jurar pelo nome de Deus, nem pelo Céu que é Seu trono, nem pela Terra que é o escabelo dos Seus pés.

Este mandamento prescreve respeitar o nome do Senhor, que é Santo. Proíbe, assim, o uso impróprio ou injuriosa do nome de Deus. O juramento falso invoca Deus como testemunha de uma mentira e, por isso, é falta grave. “Eu Sou Aquele que Sou”, ou seja, não existe outro nome abaixo ou acima dos Céus.- Aqui cabe também, em “não blasflemar o nome de Deus e do Seu Cristo de tantos modos enganosos e diabólicos, até reduzir o Seu nome a uma “marca” comercial indecorosa e a fazer filmes sacrílegos sobre Sua vida e sobre Sua Divina Pessoa” (MSM, 3.6.89). Os Privilégios, a “imagem” e a Santidade da Virgem Maria, Mãe de Jesus Cristo devem ser também respeitados e venerados, evitando assim, as falsas interpretações humanas e adaptações racionalistas, bem como, o nome e a vida dos Santos de Deus. “Que o nome de Deus não esteja sempre na tua boca, e que não mistures nas tuas conversas o nome dos santos, porque nisso não estarias isento de culpa” (Eclo 23,10).

Terceiro mandamento: “Lembra-te do dia do Sábado para santificá-lo”

Guardar os Domingos, os Dias-santos e as Festas de preceito. O Sábado, que representava o término da Criação (descanso de Deus), foi substituído pelo Domingo, dia da ressurreição de Cristo. No Domingo e também nos dias de festa de preceito, os fiéis devem participar da Santa Missa, abstendo-se das atividades e negócios que impeçam o culto a Deus. A instituição do Domingo contribui para que todos tenham tempo de repouso e lazer suficientes para lhes permitir cultivar sua vida familiar, cultural, social e religiosa. – O Dia do Senhor é um dia abençoado, e deve ser santificado, ou seja, não transformar o Domingo em “week-end”, no dia do esporte, das corridas, dos divertimentos, do trabalho e dos negócios. “Trabalharás durante seis dias, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia, que é um repouso em honra do Senhor, teu Deus, não farás trabalho algum” (Êx 20, 9-10).

Quarto mandamento: “Honra teu pai e tua mãe”

Este é o único mandamento que é acompanhado de uma promessa do Senhor: “Honra teu pai e tua mãe, para que sejas feliz e tenhas longa vida sobre a terra” (Dt. 5, 16).

Ele prescreve o fundamento da instituição da Família, na visão de Deus Pai, através do Sacramento do Matrimônio, ficando portanto, excluídos novos modelos de família fundados sobre a convivência, a “união livre”, a poligamia, etc., clandestinamente, alheios ao sacramento. Deus deu autoridade aos pais sobre os filhos para o próprio bem deles. O casamento e a família estão ordenados para o bem dos cônjuges, a procriação e a educação dos filhos, no temor ao Senhor. Os pais são os primeiros responsáveis pela educação dos filhos, provendo-os de suas necessidades físicas e espirituais, inclusive a transmissão da Fé, da oração e das virtudes, e também devem favorecer a vocação de seus filhos no seguimento a Cristo. São deveres dos filhos quanto a seus pais: respeito, gratidão, ajuda e justa obediência aos seus princípios, conselhos e orientações, evitando quanto possível as más companhias, que desvirtuam a boa educação e corrompem os bons costumes que recebemos dos nossos pais. De forma quase semelhante dá-se a relação entre a autoridade pública e seus cidadãos, em conformidade com a Luz do Evangelho. “Honra teu pai de todo coração, não esqueças os gemidos de tua mãe; lembra-te de que sem eles não terias nascido, e faze por eles o que fizeram por ti” (Eclo 7,29-30).

Quinto mandamento: “Não matarás”

Desde o momento da concepção até a morte, a vida humana é sagrada já que foi criada à “imagem e semelhança” de Deus vivo e Santo. Por isso, assassinar um ser humano ou tirar a própria vida é gravemente contrário à dignidade da pessoa e à santidade do Criador, exceto quando em legítima defesa, quando se tira de um opressor injusto a sua possibilidade de prejudicar. Significa este mandamento, observar e acatar o respeito devido ao valor da vida humana, desde sua origem (concepção) até o término do curso natural da vida terrena, seja ela por velhice, doença, acidentes, etc., sem contudo, legitimar e utilizar outros meios “artificiais”, clandestinos e perversos para tirar a vida natural dos seres humanos. “Com efeito, quem quiser amar a vida e ver dias felizes, refreie sua língua do mal e seus lábios de palavras enganadoras; aparte-se do mal e faça o bem, busque a paz e siga-a” (I Pd 3, 8-11).

Sexto mandamento: “Não cometerás adultério” – “Não cometer atos impuros”

“O amor é a vocação fundamental e originária do ser humano. Conforme distribuído por Deus, cada um, varão e varoa, deve reconhecer e aceitar sua identidade original, conforme a lei natural da Criação de Deus, que é sábia e imutável. A aliança que os esposos contraíram livremente, implica um amor responsável e fiel, que obriga a um casamento indissolúvel. O adultério, o divórcio, a poligamia e a “livre união” são ofensas graves à dignidade do matrimônio. – Este mandamento prescreve que cada pessoa, segundo seu próprio estado de vida, leve uma vida de castidade, da qual Jesus é o modelo perfeito, ou seja, abstendo-se de práticas íntimas clandestinas antes ou fora da união conjugal, que se realiza com o Sacramento do matrimônio. Todo indivíduo batizado é chamado a levar uma vida casta, incluindo a aprendizagem do domínio pessoal. A observância da castidade implica também em que qualquer “forma de impureza” (fornicação, adultério, divórcio, pornografia, livre união, poligamia, etc.) não deve ser justificada, exaltada, acatada e propagada, a ponto de justificar até os atos contra a natureza (homossexualismo). A castidade do corpo e da alma implica ainda, em usar de disciplina e pureza nas palavras, nas conversas, nas atitudes, nos gestos, no lazer (diversão, programas, cinemas, músicas) etc., seguindo os princípios da moral cristã, não se conformando, contudo, com o que o “mundo” apresenta. – Todo pecado se comete fora do corpo, mas o da impureza é uma usurpação contra a integridade do próprio corpo, porque mancha e destrói o “templo” onde Deus soprou o Seu Espírito Santo, devendo portanto, ser conservado na pureza e na castidade. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!” (Mt 5, 8).

Sétimo mandamento: “Não roubarás”

Este mandamento prescreve a prática da justiça e da caridade na administração dos bens terrenos e dos frutos do trabalho humano. Implica em não usurpar ou tirar um bem ou coisa que é de outrem contra a vontade do proprietário, trabalhando, por conseguinte, para não difundir cada vez mais os furtos, a violência, os sequestros, e os roubos; assim como, evitar quaisquer formas de desonestidades que se comete contra o “próximo”, desrespeitando sua dignidade pessoal. Todas as formas de servidão humana são proibidas na lei moral, pois o homem não é um mero objeto; bem como, os maus tratos dados aos animais irracionais. Quanto à “esmola” dada aos pobres, é um testemunho de caridade fraterna e também prática de justiça que agrada a Deus. “Ao ladrão estão reservados a confusão e o arrependimento” (Eclo 5, 6).

Oitavo mandamento: “Não prestarás falso testemunho contra teu próximo”

Este mandamento implica em praticar a virtude da verdade, mostrando-se verdadeiro no agir e no falar, usando de lealdade e caridade para com o próximo, afastando-se do sensacionalismo, duplicidade, simulação e hipocrisia. (Obs: a verdade dita sem nenhum propósito, que humilha e ridiculariza o “próximo” deve ser evitada, devendo-se usar de discrição e boa educação, conforme se apresentarem as circunstâncias, ou seja, usar de moderação e disciplina no falar). A mentira consiste em dizer o que é falso, com a intenção de querer enganar ou prejudicar o irmão, que tem direito à verdade. A Igreja orienta para que os meios de comunicação social sejam usados com moderação e disciplina porque a sociedade tem direito a uma informação fundada na verdade, na liberdade e na justiça. E ainda implica, na observância de que não se propague cada vez mais a lei do engano, da mentira, da falsidade. “Nenhuma palavra má saia da vossa boca, mas só a que for útil para a edificação, sempre que for possível, e benfazeja aos que ouvem” (Efésios 4, 29).

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Nono mandamento: “Não cobiçarás a mulher do teu próximo”

Este mandamento adverte contra a concupiscência carnal, entendendo-se que não se deve cobiçar a filha, a esposa, a namorada, a irmã, a companheira, a serva, etc. do próximo, seguindo a mesma linha de discernimento na condição oposta, distinguindo porém, em cada criatura humana a “imagem e semelhança” de Deus. Essa luta exige a pureza do coração e a prática da temperança, isto é, a oração, a prática da castidade, a pureza da intenção e do olhar, o pudor. Devemos nos lembrar que somente aqueles que tiverem o coração puro é que verão a Deus (Mt 5, 8). O Senhor Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada”. Então, “Adão pôs à sua mulher o nome de Eva porque ela era a mãe de todos os viventes” (Gn 2,18 e 3,20).

Décimo mandamento: “Não cobiçarás coisa alguma que pertença ao teu próximo”

Aqui neste mandamento está prescrito que não é legítimo e oportuno cobiçar e querer os bens ou “direitos” que pertencem ao próximo, tais como: a casa, o carro, o boi, o jumento, a propriedade, a mulher, o servo, a serva, etc., os quais, foram conquistados por direito, ou com o suor do seu trabalho.

Este mandamento proíbe a ambição desregrada, nascida da paixão imoderada das riquezas e do poder, que leva a um vício capital: a inveja, que pode ser combatida pela benevolência, humildade, confiança e abandono à Providência Divina. O desapego das riquezas é requisito essencial para entrar no Reino dos Céus (Lc 6, 20). Deus é um Pai exigente em relação à salvação das almas, mas é também muito zeloso no que se refere ao bem-estar material de seus filhos providenciando os bens materiais de que necessitam. “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua Justiça e tudo o mais vos será dado como acréscimo” porque “Vosso Pai Celeste sabe do que necessitais” (Mt 6, 33 e 32).

Estes dez mandamentos se encerram em dois: “Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo” (Mc 12, 29-31).

“Fizeste-me conhecer os caminhos da vida, e me encherás de alegria com a visão da Tua Face” (At 2, 28).

Referências: Bíblia Sagrada, Novo Catecismo da Igreja Católica e o Livro “Aos Sacerdotes, filhos prediletos de Nossa Senhora”, Teresinha de Jesus Carvalho.

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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