Os Dogmas da Igreja – Parte 3

Ao terceiro Dia Depois de Sua Morte, Cristo Ressuscitou Glorioso Dentre os Mortos
Expõe o XI Concílio de Toledo (675), sob Adeodato (672-676):
“…ao terceiro dia, ressuscitado por sua própria virtude, se levantou do sepulcro.” (Dz. 286)

Sua razão foi a união hipostática. A causa principal da ressurreição foi o lugar comum com o Pai e o Espírito Santo. Foi causa instrumental a parte humana de Cristo, unida hipostaticamente com a divindade, ou seja, o corpo e a Alma. É negada a ressurreição de Cristo em todas as formas de racionalismo antigo e moderno. Tal negação foi condenada por Pio X (Dz. 2036).

Sagradas Escrituras:
Não deixarás Tu minha alma no inferno, não deixarás que Teu justo experimente a corrupção…” (Sl 15,10).

“[Cristo predisse:] pois da mesma forma que Jonas esteve no ventre da baleia três dias e três noites, assim também o Filho do homem estará no seio da terra três dias e três noites…” (Mt. 12,40).

“Os Apóstolos davam testemunho, com grande poder, da ressurreição do Senhor Jesus…” (At 4,33).

Do ponto de vista apologético: a ressurreição é o argumento mais decisivo sobre a verdade dos ensinamentos de nosso Senhor:
“… e se Cristo não ressuscitou, nossa pregação é vazia e também a vossa fé…” (1Cor 15,14).

Cristo Subiu em Corpo e Alma aos Céus e está sentado à Direita de Deus Pai
Sob Inocêncio III (1198-1216), declarou o IV Concilio de Latrão (1215):

“…fielmente cremos e simplesmente confessamos: ressuscitou dentre os mortos e subiu ao céu em Corpo e Alma…” (Dz. 429).

Todos os símbolos da fé confessam, de acordo com o símbolo apostólico:
“…subiu aos céus e está sentado à direita de Deus Pai…”.
Cristo subiu aos céus por sua própria virtude. O racionalismo é contrário a este dogma. O testemunho claro desta verdade da época apostólica, não deixa tempo suficiente para formação de lendas.

Sagradas Escrituras:
Cristo havia predito: “O espírito é aquele que dá a vida; a carne de nada serve. As palavras que lhes disse são espirito e são vida…” (Jo 6,63; 14,2; 16,28).
A realizou diante de testemunhas: “…com isto, o Senhor Jesus, depois de falar-lhes, foi elevado ao céu e se sentou à direita de Deus…” (Mc 16,19; Lc 24,51).

Importância: No aspecto cristológico é a elevação definitiva da natureza de Cristo. No aspecto sotereológico, é a coroação final de toda a obra redentora.
 
Tudo o que existe foi criado por Deus a partir do nada
Afirma o Concílio Vaticano I (1869-1870), sob Pio IX (1846-1877):

“Proclamamos e declaramos desta cátedra de Pedro… que unicamente este Verdadeiro Deus… criou do nada uma e outra criatura, a espiritual e a corporal, isto é, a angélica e a mundana, e logo a humana, como comum, constituída de espírito e corpo” (Dz. 1783).

Também o Concílio de Latrão, em 1215:
“…Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, espirituais e corporais, que por Sua onipotente virtude, existente desde o princípio dos tempos, criou do nada a uma e outra criatura…” (Dz. 428).

Provas da Sagrada Escritura:
“No princípio Deus criou o céu e a terra…” (Gn. 1,1).

“Te suplico meu filho, que olhes o céu e a terra, e vejas o quanto existem neles, e entendas que do nada Deus fez tudo isso” (2Mc 7,28).

“Pela fé conhecemos que os mundos foram dispostos pela palavra de Deus de modo que do invisível teve origem o visível” (Hb 11,3).

A criação do mundo do nada, não apenas é uma verdade fundamental da revelação cristã, mas também que ao mesmo tempo chega a alcançá-la a razão com apenas suas forças naturais, baseando-se nos argumentos cosmológicos e sobretudo na argumento da contingência.

Caráter Temporal do Mundo
O mundo teve princípio no tempo – O Concílio Vaticano I (1869-1870), sob Pio IX (1846-1878), afirma:

“Determinamos declarar desta cátedra de São Pedro… desde o princípio do tempo, criou do nada…” (Dz. 1783). “…Criador de todas as coisas…” (Dz. 428).

Provas das Escrituras:
“Agora, Tu, Pai, glorifica-me próximo a Ti mesmo, com a glória que tive perto de Ti antes que o mundo existisse…” (Jo 17,5).

“Nos escolheu antes da constituição do mundo…” (Ef 1,4).

“Desde o princípio fundaste Tu a terra…” (Sl 101,26).

A doutrina da eternidade do mundo foi condenada (cf. Dz. 501-503). Contra a filosofia pagã e o materialismo moderno que suponha a eternidade do mundo, ou melhor dizendo, da matéria cósmica, a Igreja ensina que o mundo não existe desde toda a eternidade, mas teve um princípio no tempo. O progresso da física atômica permite inferir, pelo processo de desintegração dos elementos radiativos, qual seja a idade da terra e do universo, provando positivamente o princípio do mundo no tempo (Discurso de Pio XII, 22 Novembro 1951: Sobre a demonstração da existência de Deus à luz das modernas ciências naturais).

Conservação do Mundo
Deus conserva na existência a todas as coisas criadas – Diz o Concílio Vaticano I (1869-1870), sob Pio IX (1846-1877), a 24 de Abril de 1870:

“A Igreja Católica declara a partir desta cátedra… Tudo o que Deus criou, com sua providência o conserva e governa…” (Dz. 1784).

Provas da Sagrada Escritura:
“E como poderia subsistir nada se Tu no quiseras ou como poderia conservar-se sem Ti?” (Sb 11,26).

“Meu Pai segue trabalhando ainda e eu também trabalho” (Jo 5,17).
“E tudo Nele subsiste” (Col 1,17).

A ação conservadora de Deus é um constante influxo causal pelo que mantém as coisas na existência. São Tomas de Aquino define a conservação do mundo como continuação da ação criadora de Deus. É condizente à sabedoria e bondade de Deus conservar na existência as criaturas que são vestígio das perfeições divinas e servem, portanto, para dar glória a Deus.

O Homem é Formado por Corpo Material e Alma Espiritual
 Afirma o IV Concílio de Latrão (1215), sob Inocêncio III (1198-1216):

“… a humana, composta de espirito e corpo…” (Dz. 428).
 
e o Concílio Vaticano I (1869-70), sob Pio IX (1846-78):
 “…a humana como comum constituída de corpo e alma…” (Dz. 1783).

Segundo a doutrina da Igreja, o corpo é parte essencialmente constituinte da natureza humana, e não carga e estorvo como disseram alguns (Platão e outros Originalistas). Igualmente, para defender o dogma católico contra os que dizem que consta de três partes essenciais: o corpo, a alma animal e a alma espiritual, o Concílio de Constantinopla declarou:

“… que o homem tem apenas uma alma racional e intelectual…” (Dz. 338).
A alma espiritual é o princípio da vida espiritual e ao mesmo tempo o é da vida animal (vegetativa e sensitiva) (Dz. 1655).

Sagradas Escrituras:
“O Senhor Deus formou o homem do pó da terra e soprou em seu rosto o alento da vida…” (Gn 2,7).

“…antes que o pó volte à terra de onde saiu, e o espírito retorne a Deus…” (Ecl 12,7).

“Não tenhais medo dos que matam o corpo, e à alma não podem matar; temeis muito mais àquele que pode destruir o corpo e a alma na geena…” (Mt 10,28).
Se prova especulativamente a unicidade da alma no homem por testemunho da própria consciência, pela qual somos conscientes de que o mesmo Eu, que é o princípio da atividade espiritual, é o mesmo que gere a sensibilidade e a vida vegetativa.

O Pecado de Adao se propaga a todos seus descendentes por geração, não por imitação
O Concílio de Trento (1545-63), sob Paulo III (1534-49) publicou o “Decreto sobre o pecado original”, a 17 Junho 1546:

“Se alguém disser que a prevaricação de Adão o prejudicou somente a ele e não à sua descendência… Se alguém disser que este pecado de Adão, que é por sua origem apenas um, e transmitido a todos por propagação, não por imitação, é próprio de cada um…” (Dz. 789-90).

O Concílio de Trento condena a doutrina de que Adão perdeu para si apenas, e não também para nós todos, a justiça e Santidade que havia recebido de Deus. Positivamente ensina que o Pecado, que é morte da alma, se propaga de Adão a todos seus descendentes por geração e não por imitação, e que é inerente a cada indivíduo.

“Tal pecado se apaga pelos méritos da Redenção de Cristo, os quais se aplicam ordinariamente tanto aos adultos como às crianças por meio do Sacramento do Batismo. Por isso, até as crianças recém-nascidas recebem o Batismo para remissão dos pecados.” (Dz. 791).

Sagrada Escritura:
“Eis que aqui nasci; em culpa e em pecado me concebeu minha mãe…” (Sl 50,7).
“Assim então, por um homem entrou o pecado no mundo… e assim a morte passou a todos os homens… pela obediência de um, muitos serão justiçados…” (Rm 5,12-21).

O efeito do Batismo, segundo a doutrina do Concílio de Trento, é apagar realmente em nós o pecado e não apenas que não nos impute uma culpa estranha (Dz. 792).

O Homem caído não pode redimir-se a si próprio
Assim ensina o Concílio de Trento (1545-1563), sob Paulo III (1534-1549):

“[Que os homens caídos] eram de tal forma escravos do pecado que se achavam sob a servidão do demônio e da morte, que nem os gentios poderiam livrar-se nem levantar-se com a força da natureza, nem os judeus poderiam faze-lo com a força da lei mosaica…” (Dz. 793).

O Concílio Vaticano II no decreto “Ad Gentes” nº 8 declara:
“Somente um ato livre por parte do amor divino poderia restaurar a ordem sobrenatural, destruída pelo pecado. Se opõe à doutrina católica o pelagianismo, segundo o qual, o homem tem em sua livre vontade o poder de redimir-se a si mesmo, e é contrário também ao dogma católico o moderno racionalismo com suas diversas teorias de ‘autorredenção'”.

Sagradas Escrituras:
Cf. Rm 3,23, como “todos pecaram, todos estão privados da glória de Deus” (graça e justificação), e agora são justificados gratuitamente por sua graça, pela Redenção de Jesus Cristo. O pecado, enquanto ação da criatura é finito, mas, enquanto ofensa a Deus é infinito, portanto exige uma satisfação de valor infinito.

A Imaculada Conceição de Maria
O Papa Pio IX, na Bula “Ineffabilis Deus”, de 8 de Dezembro de l854 definiu solenemente o dogma da Imaculada Conceição de Maria:

“Declaramos, pronunciamos e definimos que a doutrina que sustenta que a Santíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua conceição, foi por singular graça e privilégio de Deus onipotente em previsão dos méritos de Cristo Jesus, Salvador do gênero humano, preservada imune de toda mancha de culpa original, foi revelada por Deus, portanto, deve ser firme e constantemente acreditada por todos os fiéis” (Dz. 1641).
Maria desde o primeiro instante que é constituída como pessoa no seio de sua mãe, o é sem mancha alguma de pecado (= pecado original).

Como foi concebida sem pecado:
Ausência de toda mancha de pecado.
Lema da graça Santificante.
Ausência da inclinação o mal.
Este privilégio e dom gratuito foi concedido apenas à Virgem e a ninguém mais, em atenção àquela que havia sido predestinada para ser a Mãe de Deus.
Em previsão dos méritos de Cristo porque a Maria a Redenção foi aplicada antes da morte do Senhor.
Provas das Escrituras:
“Estabeleço hostilidade…” (Gn 3,15).
“Deus te salve, cheia de graça.” (Lc 1,28).
“Bendita tu entre as mulheres…” (Lc 1,42).

Maria, Mãe de Deus
O Concílio de Éfeso (431), sob o Papa São Clementino I (422-432), definiu solenemente que:

“Se alguém afirmar que o Emanuel (Cristo) não é verdadeiramente Deus, e que portanto, a Santíssima Virgem não é Mãe de Deus, porque deu à luz segundo a carne ao Verbo de Deus feito carne, seja excomungado.” (Dz. 113).

Muitos Concílios repetiram e confirmaram esta doutrina:
Concílio de Calcedônia (Dz. 148).
Concílio de Constantinopla II (Dz. 218, 256).
Concílio de Constantinopla III (Dz. 290).
Maria gerara a Cristo segundo a natureza humana, mas quem dela nasce, ou seja, o sujeito nascido, não tem uma natureza humana, mas sim o suposto divino que a sustenta, ou seja, o Verbo. Daí que o Filho de Maria é propriamente o Verbo que subsiste na natureza humana; então Maria é verdadeira Mãe de Deus, posto que o Verbo é Deus. Cristo: Verdadeiro Deus e Verdadeiro Homem.

Provas das Escrituras:
“Eis que uma Virgem conceberá…” (Is 7,14).
“Eis que conceberás…” (Lc 1,31).
“O que nascerá de Ti será…” (Lc 1,35).
“Enviou Deus a seu Filho nascido…” (Gl 4,4).
“Cristo, que é Deus…” (Rm 9, 5).


Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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