Ao se
tratar da Eucaristia como Sacramento de unidade da Igreja, não se pode deixar
de falar do sacerdócio comum dos fiéis, o qual, embora essencialmente distinto,
é inteiramente real, participando também do sacerdócio de Cristo. Os fiéis
exercem-no “na recepção dos Sacramentos, na oração e ação de graças, no
testemunho da santidade de vida, na abnegação e na caridade operosa” (LG
10). A constituição dogmática “Lumen Gentium” especifica ainda o modo
pelo qual os fiéis leigos exercem o sacerdócio comum na Eucaristia: pela
participação no sacrifício eucarístico de Cristo, fonte e centro de toda a vida
cristã, oferecem a vítima divina e a si mesmos a Deus; assim, quer pela oblação
quer pela sagrada comunhão, não indiscriminadamente, mas cada um a seu modo, todos
tomam parte na ação litúrgica (cf. LG 11).
São Tomás
define com precisão os limites do sacerdócio comum dos fiéis, antecipando de
algum modo o conceito explicitado e definido no já mencionado documento
conciliar:
O leigo
justo une-se a Cristo pela fé e caridade em uma união espiritual e não pelo
poder sacramental. Por isso, tem o sacerdócio espiritual para oferecer hóstias
espirituais de que se fala no Salmo: ‘O sacrifício que Deus quer é um espírito
contrito’. E também na Carta aos Romanos: ‘Oferecei-vos a vós mesmos em
sacrifício vivo’. Daí, a palavra de Pedro sobre ‘a santa comunidade sacerdotal
para oferecer sacrifícios espirituais’ (S. Th. III, q. 82, a. 1, ad 2).
Embora os
leigos exerçam um sacerdócio real, é preciso não confundi-lo com o ministerial
nem diminuir a este último seu verdadeiro alcance, pois o sacerdote do Novo
Testamento exerce o insubstituível papel de mediador, em Cristo, entre Deus e
os homens, ao mesmo tempo em que coopera na construção da unidade da Igreja,
pela celebração da Eucaristia.
As outras
funções sacerdotais, inclusive a de absolver os pecados, são compreendidas por
São Tomás como ordenadas a guiar os fiéis para a Mesa da Salvação, onde também
oferecerão o sacrifício eucarístico, em união com o sacerdote ministerial, e
participarão do banquete celestial do Corpo e Sangue do Senhor.
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Mons. João
S. Clá Dias, EP