O que houve antes do Big Bang?

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Não há resposta para o que houve antes do Big Bang. Para ser sincero, não se sabe nem mesmo o que pode ter causado o Big Bang e se ele foi um evento único ou se aconteceram vários (talvez infinitos!) Big Bangs. Há várias teorias, mas nenhuma aceita totalmente pela comunidade científica.

O grande sucesso da teoria do Big Bang não está em explicar como o universo surgiu, mas em como ele evoluiu a partir de um estado inicial muito compacto. O surgimento e a evolução do universo são questões diferentes. Mesmo teologicamente os conceitos são distintos, ainda que profundamente interligados. Uma coisa é dizer que Deus criou o universo a partir do nada, outra bem diferente é dizer como esse universo foi se desenvolvendo com o passar do tempo, que criaturas surgiram primeiro, etc.

Quando o padre jesuíta Georges Lemaître publicou seu primeiro trabalho sobre a expansão do universo, em 1927, não fez qualquer referência ao surgimento do cosmos. Lemaître só estava preocupado em responder a questão da expansão, propondo um modelo matemático e cosmológico consistente com a recém criada teoria da gravidade de Einstein. O jesuíta belga mostrou que era possível encontrar uma solução das equações da Relatividade Geral compatíveis com um indício de expansão do universo observado por Vesto Slipher e interpretado teoricamente por Arthur Eddington.

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Qual o sentido do universo?

Somente mais tarde, em 1931 é que Lemaître publicou dois artigos discutindo maneiras de como o universo poderia ter surgido e sido colocado em expansão. Usando a complicadíssima Teoria Quântica, ainda em desenvolvimento na época, mostrou em um artigo na Revista Nature (uma das mais conceituadas do mundo), que o início poderia ter acontecido em um estado que ele denominou “ovo cósmico”. O universo estaria contido num só ponto, com temperatura e densidades infinitas quando houve uma “grande explosão” (daí o nome que a teoria ganharia mais tarde – Big Bang), dando origem ao processo de expansão e formação das estruturas que observamos hoje – desde átomos até galáxias e aglomerados de galáxias.

Portanto, ainda que a Teoria do Big Bang tenha tido um enorme sucesso científico, ela só é capaz de explicar como ocorre a expansão do universo, não como ele surgiu. Podemos dizer que certamente houve um instante de tempo em que o universo inteiro era muito pequeno, quente e denso, nada mais.

Esse instante inicial é consistente com várias possibilidades de surgimento do universo e, mais especialmente, com várias teorias sobre o que havia antes do Big Bang. É possível que o universo seja cíclico: surja, se expanda e volte a se contrair, retornando a um ponto e depois ressurja novamente. E há muitas outras possibilidades, alguma bastante esquisitas.

De qualquer maneira, pelo que sabemos de física hoje podemos dizer que certamente o tempo passava com uma velocidade bastante diferente antes do Big Bang. É provável até que enquanto o universo estivesse no estado de extrema pequenez, não houvesse passagem de tempo! Mas é mais honesto dizer que hoje os físicos não têm a resposta e que é interessante que apesar de não a termos, o modelo do Big Bang é um enorme sucesso porque explica como o universo evoluiu ao longo dos seus 14 bilhões de anos. Além disso, coloca algumas restrições importantes nas teorias sobre sua origem. Estão descartadas, por exemplo, as teorias que não consideram um universo jovem muito pequeno e em expansão.

Alexandre Zabot
Físico e doutor em Astrofísica – Professor da UFSC
www.alexandrezabot.blogspot.com.br

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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