O que fazer para mudar o Brasil?

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É melhor acender um pequeno fósforo do que ficar amaldiçoando a escuridão!

Especialmente nesse tempo de crise, muitas pessoas fazem esta pergunta. O que eu posso fazer para mudar o Brasil? Será que eu, sozinho, posso fazer algo que possa ajudar o país da crise e melhorar sua situação?

A resposta é sim. É melhor acender um pequeno fósforo do que ficar amaldiçoando a escuridão, não é mesmo? Madre Teresa de Calcutá disse um dia que ela sabia que tudo o que fazia pelos pobres era apenas como uma gota de água no oceano; mas ela dizia que sem esta gota de água o oceano não seria completo. E com esta “gota de água” de caridade, ela mudou o mundo, tocou muitos corações, ganhou até um Prêmio Nobel da Paz e tornou-se santa.

Você já pensou se cada cidadão varresse a frente da sua casa? Certamente toda a cidade ficaria limpa.

Quem muda o mundo e as realidades é Deus; mas Ele quer usar o nosso pequeno esforço e trabalho, desde que seja movido por amor. Para matar a fome de cinco mil homens, Jesus usou cinco pães e dois peixes… Ele quer a nossa contribuição e participação, porque o mundo foi entregue por Deus em nossas mãos.

A primeira coisa que cada um pode fazer pelo Brasil é rezar, como ensinava São Paulo a Timóteo:

“Antes de tudo, recomendo que se façam preces e orações, súplicas e ações de graças, por todos os homens; pelos que governam e por todos que ocupam altos cargos, a fim de que possamos levar uma vida tranquila e serena, com toda a piedade e dignidade” (Tim 2, 1-2).

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A fé que salva uma nação

A oração tem poder de mudar todas as coisas. Quando, por exemplo, o governo comunista da Polônia, em 1980, proibiu o Papa João Paulo II de visitar o seu país, o povo católico começou a fazer o Cerco de Jericó, sete dias e sete noites de adoração ao Santíssimo. No ano seguinte o Papa teve a autorização para visitar o seu país; e, a partir daquela visita começou a desabar o comunismo ateu no Leste Europeu, e em 1989, caiu o “Muro da Vergonha”, que separava a Europa em duas partes.

Sabemos que Nossa Senhora de Guadalupe é a Imperatriz da América Latina; e Nossa Senhora é oficialmente, a Rainha e Protetora do Brasil. Que tal cada brasileiro se ajoelhar a Seus pés sagrados e implorar a mudança do nosso país. Precisamos de nova ordem econômica, social, política, educacional, e, acima de tudo uma nova ordem moral, de modo que o nosso país que nasceu sob o signo da Cruz (Terra de Santa Cruz), não seja regido por leis que ofendam a Deus. Como poderemos ter as graças e bênçãos de Deus se não calcarmos aos pés as suas santas Leis? “Feliz a Nação cujo Deus é o Senhor!” (Sl 33,12). O mesmo Salmo diz: “O Senhor desfaz os planos das nações pagãs, reduz a nada os projetos dos povos” (v. 10).

Não só podemos implorar a Deus a Sua misericórdia para o nosso Brasil, mas temos também de reparar, pedir perdão, por tantos pecados e crimes cometidos por muitos dos que nos governam e também pelos cidadãos.

Podemos melhorar o país se cada um de nós fizer a sua parte, não se deixando envolver pela cultura do “levar vantagem em tudo”, burlando as leis, aceitando dar e receber propinas, etc…

Podemos melhorar o nosso país se formos “bons cristãos e honestos cidadãos”, como pedia São Domingos Sávio. Se cada pai e cada mãe educar seu filho na fé e na civilidade, o país será outro. Quando o Presidente John Kennedy, o primeiro presidente católico dos EUA, que assumiu a Presidência aos 42 anos de idade, em seu discurso de posse, pediu ao povo: “Americano, não pergunte o que os EUA podem fazer por você, antes, o que você pode fazer pelos EUA”.

Da mesma forma é preciso que cada brasileiro esteja disposto a fazer a sua parte pela Nação. Estamos todos no mesmo “Titanic” verde amarelo; se ele afundar, todos afundaremos juntos.

Além da oração assídua por nosso país, aos pés da Virgem de Aparecida e do Santíssimo Sacramento, nas Missas e nas casas, nos grupos de oração e nos conventos e mosteiros… precisamos também participar da vida da nação. Ninguém pode ser apenas figurante neste desenrolar da história da pátria. Urge que cada brasileiro assuma uma nova consciência política; pois ela é a arte do “bem comum”.

Cada brasileiro precisa aprender a votar com dignidade, fazendo do voto algo sagrado, e não um meio de se vender, de “levar vantagem”, de conseguir um emprego, de resolver um problema pessoal, de ganhar um jogo de camisa para seu time de futebol, ou um dinheirinho para ser cabo eleitoral de alguém que não merece ser eleito. Não aceite ser conivente com quem rouba, corrompe, aprova leis imorais, etc.. É preciso mudar o povo, que tenha dignidade, que tenha honra, que não se venda. Então, os eleitos agirão da mesma forma.

Os últimos papas têm pedido insistentemente que os católicos entrem na politica; não apenas como candidatos, mas como participantes do processo político. O Papa Francisco tem falado disso insistentemente. Numa entrevista em Roma ele disse:

“Envolver-se na política é uma obrigação para o cristão. Nós não podemos fazer como Pilatos e lavar as mãos, não podemos. Temos de nos meter na política porque a política é uma das formas mais altas de caridade, porque busca o bem comum. Os leigos cristãos devem trabalhar na política. A política está muito suja, mas eu pergunto: está suja por que? Por que os cristãos não se meteram nela com espírito evangélico? É a pergunta que faço. É fácil dizer que a culpa é dos outros… mas, e eu, o que faço? Isso é um dever. Trabalhar para o bem comum é dever do cristão”.

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Na Exortação “Evangelii Gaudium” (nº 205), ele voltou ao tema:

“Peço a Deus que cresça o número de políticos capazes de entrar num autêntico diálogo que vise efetivamente sanar as raízes profundas e não a aparência dos males do nosso mundo. A política, tão denegrida, é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas da caridade, porque busca o bem comum. Temos de nos convencer de que a caridade «é o princípio não só das microrrelações estabelecidas entre amigos, na família, no pequeno grupo, mas também das microrrelações como relacionamentos sociais, econômicas, políticos. Rezo ao Senhor para que nos conceda mais políticos, que tenham verdadeiramente a peito a sociedade, o povo, a vida dos pobres… E por que não recorrer a Deus pedindo-lhe que inspire os seus planos? Estou convencido de que, a partir de uma abertura à transcendência, poder-se-ia formar uma nova mentalidade política e econômica que ajudaria a superar a dicotomia absoluta entre a economia e o bem comum social”.

O que foi dito acima, e muito mais, pode ser feito por cada um que ama esta pátria querida, tão rica e tão pobre ao mesmo tempo. Assim como um corpo precisa de todos os seus membros funcionando bem, para ele ter saúde e paz, assim também a Nação. Cada um é responsável pelo que faz. Faça a sua parte!

Prof. Felipe Aquino

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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