O Moonismo

A seita de
origem coreana dita “Associação para a Unificação do Cristi­anismo Mundial
(AUCM)” ,tem por fundador o Sr. Sun Myung Moon; daí ser também chamada
“moonismo”.

 O
fundador

 Sun
Myung Moon nasceu na Coréia do Sul, em 1920. Aos 16 anos de idade, sobre uma
colina de sua terra natal, sentiu que Deus o escolhia para uma missão
religiosa; era sexta-feira Santa. Moon deveria completar a obra de salvação
iniciada por Cristo há quase dois mil anos.

Todavia,
Moon parece não ter compreendido plenamente esse desígnio:

levou vida
assaz livre, casando e se divorciando três vezes, suscitando proble­mas sociais
pela devassidão… Hoje em dia, está casado pela quarta vez, sendo sua esposa
29 anos mais jovem do que ele; é Han Hak, “a Eva da nova humanidade”,
colocada ao lado do “terceiro Adão” (Jesus Cristo teria sido o
“segundo Adão”). Foi somente em 1954 que Moon respondeu concretamente
ao chamado de Deus.

Atualmente,
a Terra da Promissão da seita é a Coréia, onde o mundo será salvo de Satanás e
do comunismo; o próprio Moon mora nos Estados Unidos, onde administra numerosas
empresas e faz bom número de seguido­res. A AUCM está espalhada também no
Brasil, onde faz seu proselitismo sistemático.

A doutrina

A mensagem
do moonismo está contida num livro, Os Princípios Divinos, onde Moon expõe
revelações que teria recebido de Deus, para reunir todos os cristãos sob uma só
denominação. E qual o teor dessas revelações?

1) Adão e
Eva deveriam ter se tornado um casal perfeito e constituído a primeira família
centrada em Deus; desta família teria nascido uma nação e, depois, um mundo
centrado em Deus, em que somente Ele reinaria. Todavia, Eva pecou cedendo a
Satanás, e toda a humanidade, hoje em dia, é “linha­gem de Satanás”.

2) Deus
enviou Jesus Cristo para restaurar o gênero humano; Jesus não era senão mero
homem. Não se diga que a crucifixão de Jesus estava prevista por Deus para a
salvação dos homens; Jesus deveria ter sido aceito pelos judeus e se tornado
Rei de Israel. Diz Moon: “Teria sido constituída uma nação invencível, na
qual a soberania de Deus teria se tornado uma realida­de”; tal nação, aos
poucos, teria se alastrado pelo
mundo.           

3) Os
judeus não reconheceram Jesus porque esperavam, primeiramente, Elias. Ora,
Elias veio realmente (cf. Mt 17,10): era João Batista. Este, porém,
interrogado, respondeu que não era Elias (cf. Jo 1,19-21). João Batista deu tal
resposta porque “Jesus parecia se encaminhar para a ruína, e João resolveu
não correr o risco ao lado de Jesus”. Tornou-se, aos poucos, cético;
envolveu-se mesmo em censuras ao rei Herodes, donde lhe resultou morte
ignominiosa, em vez de se tornar o “primeiro ministro” do Rei Jesus
Cristo.

Afirma
Moon: “A crucifixão não era, em absoluto, a missão originária do Filho de
Deus. Ela representa uma mudança do curso previsto… Jesus não podia continuar
a sua missão inicial – o estabelecimento do Reino de Deus na terra -, pois esta
exigia a colaboração do povo. A esta altura do seu ministério, Deus pediu a Jesus
que realizasse apenas a salvação espiritual”.    

4) Jesus, portanto, salvou
apenas as almas, e não os corpos; estes ficaram sob o domínio de Satanás. A fim
de realizar a salvação dos corpos, Deus está para mandar “o Senhor da
Segunda Vinda”. Este deverá vir em breve. Num primeiro tempo, não será aceito:
“Muitos cristãos o terão como blasfemo e herege”. Dessa vez, porém, o
Messias não será crucificado. Ao contrário de Jesus, ele se casará e fundará a
humanidade perfeita. É preciso, portanto, que os homens se preparem para essa
vinda iminente.

5) Seria o próprio Moon esse Senhor e
Consumador da história? Ele mesmo nunca o disse, explicitamente. Todavia, Moon,
no seu livro Os Princípios Divinos, mostra que o novo Messias deve nascer na
Coréia. Os seus discípulos consideram a data do seu quarto casamento (1960)
como início de uma nova era, e oram a Deus em nome dos seus “verdadeiros
genitores”, Sun Myung Moon e sua esposa.

6) Conforme
as suas idéias, Moon julga que Deus não pode se manifestar; na cruz, no
sofrimento e na morte; é somente na prosperidade material que Deus se revela
aos homens. Consequentemente, o fundador da seita não vê problema em ser
milionário; a sua riqueza material é, antes, um sinal da autenticidade da sua
missão. Declara Moon, resolutamente: “Tenho autoridade para dizer o que
digo. Deus me mostrou a verdade. Encontrei Jesus. Jesus mesmo me mostrou essas
verdades. Também encontrei João Batista no mundo espiritual. Ele mesmo deu testemunho
da verdade do que afirmo”.

7) Se
alguém perguntasse a Moon por que Deus quis que os homens esperassem tanto
tempo para compreender o verdadeiro sentido da vinda de Cristo, ele responderia
que isto se deu porque o Senhor da Segunda Vinda deverá chegar muito em breve;
por isso é que a verdade plena foi, recente­mente, revelada.

8) A
mensagem de Moon tem um cunho dualista ou maniqueísta. Toda a história do mundo
seria em última análise, um gigantesco combate entre Satanás e Deus, ou entre
Caim (representado pelos regimes totalitários mate­rialistas) e Abel
(representado pelas democracias ocidentais). São palavras de Moon: “Os
materialistas são a expressão do modo como Caim concebia a vida; encontram-se
ao lado de Satanás, qualquer que seja o grau de consci­ência e dedicação
humanitária que manifestem aos seus semelhantes”.

A Primeira
Guerra Mundial (1914-18) deu às nações democráticas, repre­sentativas do lado
celeste da humanidade, a ocasião de estender a sua influ­ência às colônias. A
Segunda Guerra (1939-45) lhes possibilitou vencer os regimes totalitários. Uma
terceira guerra mundial fará com que se defrontem o lado celeste (Ocidente) e o
lado satânico (os regimes ateus materialistas), de onde sairão definitivamente
vitoriosas as democracias ocidentais – essa terceira guerra mundial deveria
ocorrer antes de 1980, conforme Moon! “A América, nação cristã singular,
está destinada a servir de lugar de aterrissa­gem ao Messias neste século
XX” (Moon). Lembram os moonistas que o dólar traz os dizeres “In God
we trust” (Confiamos em Deus).

O
anticomunismo de Moon – em grande parte explicável por ter esse
“profeta” passado certo tempo em campos de concentração da Coréia do
Norte – é um aspecto da sua concepção maniqueísta do mundo. O comunis­mo é mau
porque, nos dizeres de Moon, seria uma pseudo-imitaçâo do Reino de Deus
suscitada por Satanás para iludir o gênero humano. Dentro de pou­cos anos,
afirmam os moonistas, Moon terá, definitivamente, vencido a luta contra o
comunismo, colocando o mundo fora do perigo da extrema esquerda.

9)  O
sucesso da propagação do moonismo se explica: o convite para entrar na AUCM é
dirigido por jovens a jovens nas ruas e praças públicas; os que convidam se
dizem cristãos, afirmam que vivem em comunidade e que fazem parte de um
movimento cuja finalidade é unir os homens. Levados para a comunidade jovem da
AUCM, os candidatos encontram um ambiente acolhedor, simpático e alegre; lá se
cantam numerosas canções, das quais algumas são cristãs, de tal modo que parece
não haver diferença essencial entre os grupos jovens cristãos e os da AUCM. Em
conseqüência, os convidados passam a aceitar a obediência aos superiores, a
comunhão de bens, a dedicação integral do seu tempo aos interesses da
comunidade, a repetição monótona de palavras-chaves durante horas a fio,
exercícios de silêncio, dança…

Têm sido
desmascaradas, em público, as táticas do moonismo, de modo que este já perdeu
um tanto da sua voga. O próprio anticomunismo, hoje em dia, já perdeu muito da
sua razão de ser, dada a implosão dos regimes comunistas nos últimos anos.

 

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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