O menino que queria ser cardeal

Homenagem ao papa Bento XVI por ocasião de seu aniversário – ano: 2010

São Paulo
(Sexta-feira, 16-04-2010, Gaudium Press)
Há 83 anos – no dia 16 de abril de 1927, um Sábado Santo – o mundo viu nascer
em Marktl am Inn, na Alemanha, Joseph Ratzinger. Um menino que, quando tinha
apenas cinco anos, ao ver a impressionante vestimenta que usava o então cardeal
de Munique, disse que queria ser cardeal, sem pensar que, anos mais tarde, seu
sonho chegaria mas além e, em 2005, receberia a missão – encomendada por Deus –
de guiar a Igreja Católica e de ocupar o trono de Pedro.

Hoje, no
aniversário de Bento XVI, Gaudium Press rende uma homenagem ao Santo Padre, que
com cinco anos de pontificado após a morte de seu predecessor João Paulo II, já
recebeu as alcunhas de “grande teólogo” e “grande
pregador”.

Uma
juventude difícil, mas que fortaleceu sua fé
Para Ratzinger, a juventude não foi fácil. Teve que enfrentar a dura
experiência do regime nazista, quando este havia dado início a uma campanha
hostil contra a Igreja Católica, chegando a presenciar, entre outras coisas,
atos violentos dos oficiais contra sacerdotes, como quando golpearam um pároco
antes da celebração de uma Eucaristia.

Como muitos
outros jovens alemães de então, quando tinha apenas 16 anos – e tendo que
deixar o Seminário de San Miguel em Munique, no qual havia ingressado aos 12
anos – teve que se alistar na Juventude Hitlerista, mais precisamente nos
serviços auxiliares antiaéreos, de onde desertou nos últimos dias da guerra.

Em que pese
a difícil situação pela qual passou, foi precisamente em meio a estas
circunstâncias que o jovem Ratzinger descobriu a verdade a beleza da fé em
Cristo, graças, em parte, ao testemunho de esperança e de bondade que sempre
observou em sua família. Logo após desertar das fileiras de Hitler, continuou
seu caminho ao sacerdócio e estudou Teologia e Filosofia. Em 29 de junho de
1951, foi ordenado sacerdote, no mesmo dia em que também se ordenava sacerdote
seu irmão, Gerog Ratzinger.

Um homem de
mente brilhante
Como Teólogo, Ratzinger sempre defendeu a necessidade de encontrar uma nova
linguagem que, baseada no Evangelho, dê respostas concretas às constantes
inquietações do homem contemporâneo, ideia que ainda hoje defende como
pontífice e que lhe permitiu dar à Igreja grandes contribuições.

Uma destas
contribuições fez durante o Concílio Vaticano II – de 1962 a 1965 – quando foi
teólogo consultor do então arcebispo de Colonia, cardeal Joseph Frings, e
impulsionou a elaboração de textos inovadores para, por meio de novas
linguagens, dar a conhecer as verdades centrais do cristianismo, como a
Salvação.

Dentro de
seus estudos, se destaca também “A Teologia da História de São
Boaventura”, onde Ratzinger explica que a fé – que fundamenta a Igreja –
deve estar baseada na tradição primeira do cristianismo dos Pais da Igreja e na
mensagem libertadora do Evangelho.

Entre seus
livros, apenas para mencionar alguns, se encontram: “Olhar para Cristo.
Exercícios de fé, esperança e amor”, “A Fraternidade Cristã”,
“Verdade, Valores, Poder. Pedras de toque da sociedade pluralista”,
“Ser cristão na era neopagã”, “O sal da Terra”, “Um
canto novo para o Senhor: a fé em Jesus Cristo e a liturgia hoje” e “Deus
e o Mundo, crer e viver em nossa época”.

Além disso,
graças a sua intensa atividade científica, desempenhou vários cargos dentro da
Igreja, entre os quais se destaca, como cardeal, seus trabalhos como prefeito
da Congregação para a Doutrina da Fé e como presidente da Pontifícia Comissão
Bíblica e da Comissão Teológica Internacional.

Como
presidente da Comissão para a preparação do Catecismo da Igreja Católica, foi
encarregado de entregar a João Paulo II o novo Catecismo. Em 1998, o mesmo João
Paulo II aprovou a eleição do cardeal Ratzinger como vice-decano do Colégio
Cardinalício.

De sua
parte, na cúria foi, entre outras funções, membro do Conselho da Secretaria de
Estado para as Relações com os Estados, para o Culto Divino e a Disciplina dos
Sacramentos, para a Educação Católica e para as Causas dos Santos.

Um novo
pontífice
Bento XVI se converteu – após sua eleição como novo sucessor de Pedro – no
sétimo Papa alemão da história. No dia de sua nomeação, assomou à sacada da
Basílica Vaticana e saudou aos fiéis que se encontravam na Praça de São Pedro
dizendo: “Queridfos irmãos e irmãs, depois do grande Papa João Paulo II,
os senhores cardeais escolheram a mim, um simples e humilde trabalhados na
vinha do Senhor. Me consola o fato de que o Senhor sabe trabalhar e atuar com
instrumentos insuficientes, e sobretudo, me encomendo a vossas orações”.

Nos cinco
anos de seu pontificado, Bento XVI escreveu três encíclicas: “Deus caritas
est”, de 25 de dezembro de 2005 e que fala sobre o amor cristão; “Spe
salvi”, de 30 de novembro de 2007, que faz referência á esperança cristã;
e “Caritas in Veritate”, de 29 de junho de 2009, sobre o
desenvolvimento humano integral na caridade e na verdade.

Uma
curiosidade: hoje, no seu aniversário, quem quiser enviar ao Sumo Pontífice uma
mensagem de alento e de felicitação, terá a oportunidade de fazê-lo por meio do
site:
www.arautos.org/felicitacion/.

Texto
original de Sonia TrujilloFonte: GaudiumPress

 

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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