O Catecismo da Igreja Católica

Hoje temos um novo Catecismo aprovado pelo Papa João Paulo II, em 11 de outubro de 1992, e ninguém pode ensinar nada que não esteja em consonância com ele. É a norma da Catequese.
O Papa aprovou o Catecismo e apresentou-o à Igreja através da Constituição Apostólica Fidei Depósitum (O Depósito da Fé).
E ele nos pede que o Catecismo seja usado por todos, pastores e fiéis, assiduamente:
“Peço, portanto aos Pastores da Igreja e aos fiéis que acolham este Catecismo em espírito de comunhão, e que o usem assiduamente ao cumprirem a missão de anunciar a fé (…)” (FD).

Aos bispos reunidos em Santo Domingo, em 12/10/92, durante o IV CELAM, o Papa disse:
“…recentemente aprovei o Catecismo da Igreja Católica, o melhor dom que a Igreja pôde fazer aos seus Bispos e ao Povo de Deus. Trata-se de um valioso instrumento para a Nova Evangelização onde se compendia toda a doutrina que a Igreja deve ensinar”(DSD,9).

Aos Bispos do Brasil que estiveram com ele, em visita “ad limina apostolorum”, em 29/1/96, o Papa, referindo-se à necessidade de bem formar a consciência do povo cristão, pediu aos bispos:
“Formai-lhe a consciência reta, coerente e corajosa. Deixai-me desse modo insistir sobre a conveniência de valerem-se todos do Catecismo da Igreja Católica ” significativo reflexo da natureza colegial do episcopado, decorridos três anos desde quando autorizei a sua publicação para uma correta interpretação destas e de outras verdades de nossa fé”.
Todos esses apelos insistentes do Papa para que o Catecismo seja usado constantemente na evangelização, mostram a sua importância nesta hora difícil em que os católicos são tão ameaçados por tantas seitas e falsas religiões.
O Catecismo é hoje o nosso escudo de proteção contra as ameaças das falsas doutrinas e dos erros de doutrina que, infelizmente, são apresentados até mesmo por sacerdotes da nossa Igreja, em desacordo com o ensinamento do Magistério da Igreja.
Com o Catecismo acaba a “achologia” religiosa, o subjetivismo moral e o relativismo doutrinário, onde muitos querem fazer a religião e a moral “a seu próprio modo”, à revelia da autoridade da Igreja.
Vamos todos evangelizar, mas como manda a Igreja, e não “como eu quero”; isto seria irresponsabilidade e um desserviço prestado à Igreja.
Vale a pena lembrar aqui porque nasceu este Catecismo aprovado em 1992 por João Paulo II.

O primeiro Catecismo oficial da Igreja foi aprovado pelo Papa São Pio V, após o Concílio de Trento, o Concílio importantíssimo da Igreja, realizado de 1545 a 1563, isto é, com uma duração total de 12 anos. Foi o início da grande Reforma na Igreja, após a calamitosa Reforma protestante.
Podemos dizer que este primeiro Catecismo Romano, guiou a catequese da Igreja durante cerca de 429 anos.
Em 1985 o Papa convocou um Sínodo (reunião de um grupo de Bispos do mundo todo) especial, para avaliar os 20 anos do Concílio Vaticano II (1963″1965).
Sabemos que este Concílio foi uma grande bênção para a Igreja, como gosta de dizer o nosso Papa, “uma primavera para a Igreja.” Mas, infelizmente, como sempre acontece, houve muitos abusos por parte daqueles que aplicaram mal as mudanças que o Concílio aprovou. Tanto no campo da doutrina da fé e da moral, como também na Liturgia, houve excessos que a Santa Sé precisou coibir. Por exemplo, surgiu o tal Catecismo Holandes, onde nem tudo estava de acordo com os ensinamentos do Magistério; surgiu a tal “teologia da libertação”, muito perigosa, como mostrou o Cardeal Ratzinger, Prefeito da Sagrada Congregação da Fé, no seu artigo Eu Vos Explico a Teololgia da Libertação (Revista PR, n. 276, set ” out 1984, pp.354″365), etc..
Por causa, sem dúvida, de todas essas contestações, abusos e erros, o Papa convocou o Sínodo para analisar os 20 anos do Concílio. É bom dizer que o Papa participou ativamente do Concílio.
No término do Sínodo os Bispos pediram, no documento final, que o Papa providenciasse um novo Catecismo para a Igreja. Sem dúvida o Espírito Santo, mais uma vez, socorria a Igreja de ser naufragada nos erros de doutrina. O próprio Papa relata isso:
“Nessa ocasião os Padres sinodais afirmaram: “Muitíssimos expressaram o desejo de que seja composto um novo Catecismo ou compêndio de toda a doutrina, tanto em matéria de fé como de moral, para que ele seja um ponto de refência para os catecismos ou compêndios que venham a ser preparados nas diversas regiões”.” (FD)

E o Papa também sentiu essa necessidade urgente para a Igreja:
“Depois do encerramento do Sínodo, fiz meu este desejo, considerando que ele corresponde à verdadeira necessidade da Igreja universal e das Igrejas particulares” (Discurso de encerramento do Sínodo, 7/12/1985).
E ele se alegra com o Catecismo:
“Como não havemos de agradecer de todo o coração ao Senhor, neste dia em que podemos oferecer a toda a Igreja, com o título de “Catecismo da Igreja Católica”, este “texto de referência” para uma catequese renovada nas fontes vivas da fé!” (FD).

Em 1986 o Papa constituiu uma Comissão de doze Cardeais e Bispos presidida pelo Cardeal Joseph Ratzinger para preparar o projeto do Catecismo, como pediu o Sínodo. Uma comissão de redação, composta por sete Bispos especialistas em catequese auxiliou a Comissão principal. Foram recebidas sugestões de teólogos, exegetas e catequistas, bem como de todos os Bispos da Igreja, das Conferências episcopais, dos Institutos de teologia e de catequética.

O Papa assim expressou este trabalho:
“O Catecismo da Igreja Católica é fruto de uma vastíssima colaboração: foi elaborado em seis anos de intenso trabalho, conduzido num espírito de atenta abertura e com apaixonado ardor” (FD).
“É justo afirmar que este Catecismo é fruto de uma colaboração de todo o Episcopado da Igreja Católica, o qual acolheu com generosidade o meu convite… “(idem).

Qual é o conteúdo básico do Catecismo?
O próprio Papa nos responde:
“Um Catecismo deve apresentar, com fidelidade e de modo orgânico, o ensinamento da Sagrada Escritura, da Tradição viva na Igreja e do Magistério autêntico, bem como a herança espiritual dos Padres, dos Santos e das Santas da Igreja, para permitir conhecer melhor o mistério cristão e reavivar a fé do povo de Deus. Dever ter em conta as explicações que, no decurso dos tempos, o Espírito Santo sugeriu à Igreja.
É também necessário que ajude a iluminar, com a luz da fé, as novas situações e os problemas que ainda não tinham surgido no passado” (FD).
Tradicionalmente o Catecismo é dividido em quatro partes: 1 – O Credo, que são os dogmas básicos da nossa fé; 2 – a Sagrada Liturgia e os Sacramentos; 3 – o agir cristão (moral católica) e os Dez Mandamentos; e 4 -a oração cristã, centrada no Pai-nosso.

O Papa faz questão de destacar o valor doutrinal do Catecismo:
“O Catecismo da Igreja Católica, que aprovei …é uma exposição da fé da Igreja e da doutrina católica, testemunhadas ou iluminadas pela Sagrada Escritura, pela Tradição apostólica e pelo Magistério da Igreja. Vejo-o como um instrumento válido e legítimo a serviço da comunhão eclesial e como uma norma segura para o ensino da fé.”
“Este Catecismo lhes é dado a fim de que sirva como texto de referência, seguro e autêntico, para o ensino da doutrina católica …É também oferecido a todos os fiéis que desejam aprofundar o conhecimento das riquezas inexauríveis da salvação (cf. Jo 8,32)”(FD).
Creio que todas essas palavras mostram a importância fundamental do Catecismo na vida da Igreja. Que ninguém ouse desprezar este Catecismo, ou negar a sua profundidade, pois estaria negando a fé da própria Igreja. É fácil e prático usar o Catecismo. Para facilitar o seu uso, ele foi numerado em parágrafos de 1 a 2865. No final do texto, encontramos um Índice temático, em ordem alfabética, que facilita encontrar o assunto que se deseja.
Por exemplo, se você quer saber o que a Igreja ensina sobre o ‘purgatório,’ procure esta palavra o Indice temático; você encontrará os números 1030, s.,1472. Isto quer dizer que esses parágrafos falam sobre o purgatório. Assim fica fácil tirar as dúvidas que temos sobre a nossa fé católica. Aprenda a usar o Catecismo e ensine às outras pessoas a usarem; é um grande serviço que se presta à Igreja.

Prof. Felipe Aquino

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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