O anjo anunciador e a Igreja evangelizadora

“Evangelho” tem tudo a ver com “anjo” e com “anúncio bom”. Na Bíblia, há os anjos que trazem bons anúncios, sobretudo Gabriel, que apareceu, entre outros, a Zacarias e lhe anunciou o nascimento de João Batista; assustou a jovem Maria de Nazaré (mas logo a acalmou!), anunciando-lhe que ela seria a mãe do Salvador. Muitos outros anúncios bons foram feitos aos homens por anjos de Deus: na noite de Belém, o anjo anunciou aos pastores a “boa notícia do nascimento do Salvador: “será notícia boa para o povo todo!”. O anjo da ressurreição anuncia a Madalena que Jesus não estava mais entre os mortos mas havia ressuscitado… Na palavra “Evangelho” está embutida a palavra “anjo”, que significa “mensageiro”.

O Evangelho é anúncio bom, boa notícia de Deus para o homem. Hoje a Igreja é o anjo anunciador dessa Boa Nova para a humanidade; cada evangelizador faz o mesmo papel do anjo-mensageiro, que tem coisas muito boas para comunicar. Não é bonito isso?! Jesus quis que assim fosse e que todos os seus discípulos também fossem missionários. Mas… pobres de nós! Será que estamos bastante convencidos disso e não acabamos escondendo ou retendo só para nós a boa notícia? E será que as pessoas estão ainda interessadas em ouvir notícias boas neste nosso tempo saturado de comunicação superficial e falsos anúncios?

Temos agora, na preparação para o Natal, uma ocasião muito boa para renovar a consciência sobre algumas coisas. A notícia boa vale para nós, em primeiro lugar; Deus pensa em nós, sabe de cada um de nós, ama-nos imensamente! Para nós enviou seu Filho, para comunicar-nos seu amor e sua vida e para revelar-nos quanto somos importantes para Ele! O Advento e o Natal convidam à alegria e esperança!

A segunda tomada de consciência, é que nós mesmos, cada um de nós, é também um anjo-mensageiro. A Campanha para a Evangelização nos recorda que somos todos chamados a também ser evangelizadores, ou seja, anunciadores, não por um dever e uma obrigação pesada: os pastores, na noite de Natal, ficaram muito admirados e entusiasmados com a contemplação do menino Jesus na gruta de Belém; estavam felizes por tudo o que tinham visto e ouvido. E saíram, louvando a Deus e contando para todo mundo a experiência que tiveram. Também os apóstolos, mesmo sob ameaças e torturas, continuavam a dizer, “não podemos calar, não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos!” Por sua vez, São Paulo dizia: “Ai de mim, se eu não evangelizar”: não porque estivesse sob ameaça ou pressão, mas porque não podia calar e sentia a necessidade interior, feliz e alegre, de falar aos outros daquilo que ele próprio experimentou.

A evangelização só é possível depois, e a partir, de um profundo, alegre e marcante encontro com Deus, por meio de Jesus Cristo! E isso pode acontecer de muitas maneiras: na Palavra de Deus ouvida e acolhida, na Eucaristia; na  participação profunda da vida eclesial, no irmão que sofre, numa experiência mística de oração e contemplação…  Nós não anunciamos uma idéia, mas testemunhamos fatos, falamos de uma pessoa!

Advento e Natal, vividos bem, fazem-nos mensageiros, como o anjo da noite de Belém. Fazemos a Novena de Natal, arrumamos presépios, rezamos mais, procuramos a confissão, organizamos ações de solidariedade, enviamos cartões, damos presentes, cantamos alegres… Tudo isso é expressão do nosso papel de “anjos anunciadores” da Boa Notícia do Natal! Se o fazemos bem, certamente alguém vai acolher a mensagem… E Deus fará muito mais do que somos capazes de fazer sozinhos!

Para que este anúncio não cesse e chegue a toda parte, a Igreja promove a Campanha para a Evangelização. Todos os batizados receberam a missão de serem anjos mensageiros da Boa Nova. Mas alguns assumiram isso como a grande tarefa de suas vidas, como missionários, padres, religiosos, catequistas. Eles precisam de nosso especial apoio! Dia 11 de dezembro, próximo domingo, será feita a coleta para promover a evangelização em todas as nossas igrejas. Esta obra depende de nossa fé e de muita generosidade!

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Card. Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo – SP
Publicado em O SÃO PAULO, ed. de 05.12.2011

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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