Movimento Gnóstico Cristão Universal

O Movimento Gnóstico Cristão Universal se filia ao
Neognosticismo. Este, no século XIX, restaurou com modalidades diversas o
gnosticismo dos séculos II / IV da era cristã. O Gnosticismo antigo era eclético,
fundindo entre si elementos da cultura grega, da cristã e da oriental. A gnose
prometia a salvação mediante o conhecimento de verdades “sublimes”
reservadas aos seus adeptos; era também dualista, ou seja, infensa ao corpo e à
matéria.

 O pensamento gnóstico reapareceu de certo modo no
Catarismo e em algumas correntes cristãs espiritualistas da Idade Média. Na
época moderna, a Gnose foi restaurada por Jules Doinel, que terminou sua vida
repudiando como satânica a “Igreja Gnóstica” que ele fundara. Esta instituição
se difundiu pela França, a Alemanha, a Inglaterra, os Estados Unidos…,
assumindo nomes diversos e sagrando “bispos”.

 Samael Aun Weor diz ser o sucessor do alemão Arnold
Krumm-Heller (1897-1946), que fundou uma Fraternidade Rosacruciana Antiga.
Samael deu feição própria às doutrinas esotéricas da Gnose, visando ao
aperfeiçoamento moral dos seus seguidores numa perspectiva panteísta e
reencarnacionista; os seus escritos são obscuros, aparentemente eruditos, mas
vulneráveis a um sério exame racional.

 Está-se propagando no Brasil o chamado
“Movimento Gnóstico Cristão Universal”, fundado pelo colombiano
Victor Manoel Gómez (com o pseudônimo de Samael Aun Weor), falecido em 1977.
Antes de morrer, confiou o Movimento ao Sr. Joaquim Enrique Amortegui Valbuena
(dito Rabolú), que tem desenvolvido o raio de ação desse Movimento.

 Visto que a Gnose e o Gnosticismo suscitam interesse
no público brasileiro (e na Europa), voltar-nos-emos, nas páginas subsequentes,
para a corrente fundada por Samael Aun Weor.

 1. A Gnose: que é?

 

1.1. Na Antiguidade

 A palavra gnose {do grego gnósis) quer dizer
conhecimento. Nos três primeiros séculos do Cristianismo tomou o significado
preciso de “conhecimento de temas filosófico-religiosos de ordem superior,
não raro reservados aos Iniciados” A Gnose do inicio da era cristã era uma
corrente sincretista que fundia entre si elementos das religiões orientais, da
mística grega e da revelação Judeo-cristã .Tentou envolver o Cristianismo no
processo de fusão, pondo em xeque a pureza da mensagem evangélica nos séculos
II/III. Por isto Já em 1 Tm 6,20 há uma advertência a Timóteo para que evite
“as contradições de uma falsa gnose {pseudónymos gnosis)”

 Os gnósticos eram, antes do mais, dualistas, isto é,
admitiam um principio bom, que seria a Divindade {(simbolizada pela Luz) e, em
oposição, a matéria {(simbolizada pelas trevas), má por si mesma. Da Divindade
emanariam os seres (eones) num sistema de {365?) ondas concêntricas, cada vez
mais distanciadas do bem e próximas do mal. O homem seria um elemento divino
que, em consequência de um acontecimento trágico, terá sido condenado a se
revestir de matéria (corpo) e viver na terra. O Criador do mundo material seria
um eon inferior, que era identificado com O Deus justiceiro do Antigo
Testamento.

 Para libertar as centelhas de luz ou de bem
aprisionadas na matéria e levá-Ias ao reino da luz,terá sido enviado ao mundo
um eon superior, o Logos (Cristo). Este revelou aos homens o Deus Sumo e
Verdadeiro, que eles ignoravam; anunciou-lhes que o mundo da luz os espera e
Ihes transmitiu as maneiras eficazes de vencer e eliminar a matéria.

 O Salvador assim entendido tinha, conforme algumas
escolas gnósticas, apenas um corpo aparente (docetismo) ou, segundo outras,
tinha um corpo real, no qual o Logos desceu e permaneceu desde o Batismo até a
Paixão de Jesus.

 A salvação só pode ser obtida pelos homens
pneumáticos (espirituais) ou gnósticos, nos quais prevalece a luz.A maioria dos
homens ou a massa é material (hílica) e será aniquilada como a matéria. Entre
os espirituais e os materiais haveria os psíquicos ou os simples crentes
católicos, que poderiam chegar a gozar de uma bem-aventurança de segunda ordem.

 Os gnósticos admitiam o retorno de todas as coisas
às condições correspondentes à sua natureza originária.

 Pelo fato de desprezarem a matéria, os gnósticos
deveriam praticar severa ascese ou abstinência de prazeres carnais. Facilmente,
porém, passavam ao extremo oposto: recusando o Deus do Antigo Testamento, que
era também o autor da Lei, rejeitavam normas de conduta moral e calam em
libertinismo desenfreado Julgavam supérflua a confissão de fé perante as
autoridades hostis, porque a verdadeira profissão de fé, o martírio
(testemunho, em grego) consistia na gnose; quem possui a esta, não está
obrigado a sacrifício algum.

 O gnosticlsmo se ramificou em escolas diversas a
oriental, mais rígida, a helênica, mais branda, a de Marcião, mais chegada ao
cristianismo, a dos Ofitas (cultores da serpente), a dos Cainitas, a dos
Setianos Floresceu principalmente entre 130 e 180, contando com chefes de
capacidade notável (Basílides, Valentim, Carpócrates, Pródico.) Produziram rica
bibliografia (tratados de filosofia, comentários de textos bíblicos, hinos ),
de que nos restam poucos fragmentos

 1.2. Nos tempos modernos

  As escolas do
Gnosticismo dos primeiros séculos se dissolveram Todavia as linhas-mestras do
pensamento gnóstico vêm periodicamente à baila em movimentos e correntes cuja
inspiração fundamental é o dualismo assim na Idade Média os cátaros ou
albigenses, aos quais se sucederam certas modalidades de Cristianismo
Espiritualista

 A
partir do século XIX, o pensamento gnóstico tomou novas expressões de índole
ocultista ou esotérica mesclada de magia e de traços de
Cristianismo.Constituiram-se “pequenas igrejas” juridicamente
independentes uma das outras, portadoras de nomes diversos. Ecclesia
Gnostica Mysteriorum (Igreja Gnóstica dos Mistérios), Fraternidade
Hermética de Luxor (com seus ritos egípcios ditos “de Mênfis” e
“de Misraim”), Ordem dos Templários Renovada (Ordo Templi Orientis,
que não tem a ver com a Ordem dos Cavaleiros Templários da Idade Média), a
Antiga e Mística Ordem Rosa-Cruz (AMORC), Ordem do Pleroma (- da Plenitude).
Até mesmo alguns ramos da Maçonaria parecem estar ligados ao Neognosticismo. O
psicólogo Carl Gustav Jung fez referências explícitas ao Gnosticismo antigo e
moderno; o seu livro “Sete Sermões aos Mortos” é tido por Jung como
resultado de inspiração misteriosa e assinado com o nome do gnóstico antigo
Basílides. Até mesmo o nazismo alemão parece ter em suas origens algumas
sentenças da mitologia gnóstica (tenha-se em vista o mito da raça propalado por
Adolf Hitler e companheiros) Essas correntes gnósticas ou chegadas à Gnose são
assaz ecléticas; fascinam & muitos pelo seu caráter, não raro, esotérico,
prometendo benefícios espirituais e materiais aos privilegiados que nelas se
iniciam. O Neognosticismo tem seus “bispos” e sua hierarquia, entre
os quais se destacam Gérard Encausse, dito Papus (1865-1916), o livreiro esotérico
Lucien Chamuel e o intelectual socialista Léon Fabre Des Essar1s (1848-1917).

 Interessante é o caso de Jules Doinel, fundador de
uma “igreja gnóstica” em 1892 na França: dizia-se herdeiro da Gnose
como era professada por Valentim e os Valentinianos, dos séc II/III;
filiava-se, outrossim, ao

 Catarismo dualista da Idade Média; foi ele quem
“sagrou bispos” Papus, Chamuel e Des Essar1s. Aconteceu, porém, que
em 1895 Jules Doinel

 Anunciou sua conversão ao Catolicismo e publicou um
livro intitulado “Lúcifer Desmascarado”, no qual denunciava o caráter
satânico da igreja gnóstica..Teve como sucessor Léon Fabre Des Essar1s
(Synesius). A instituição de Jules Doinel foi-se dividindo e esfacelando, com
ramificações na Inglaterra, na Alemanha, nos Estados Unidos e em outros países.

 Na Alemanha destaca-se Theodor Reuss, que se dizia
“bispo gnóstico”. Organizou na Suiça (Monte Verdade) um Congresso
pacifista, do qual participaram Lenin, Trotsky e um grupo de cultores da raça
ariana, que transformaram a doutrina gnóstica em gnose racista, exercendo cer1a
influência sobre o nazismo: assim é que o nacional-socialismo e o comunismo
são, por alguns autores, filiados a uma corrente neognóstica, de índole
política.

 Theodor Reuss “sagrou bispo” Arnold
Krumm-Heller (1897 -1946), fundador de uma “Fraternidade Rosacruciana
Antiga” e divulgador do Neognosticismo na América do Sul, onde viveu muito
tempo. A sucessão de Krumm-Heller é reivindicada por Samael Aun Weor,
colombiano, que passamos a apresentar mais detidamente.

 2. Samael Aun Weor e sucessor: quem são?

 1. Victor Manoel Gómez nasceu na Colômbia aos
3/5/1917. Desde cedo se mostrou interessado por revelações e fenômenos
místicos. Por isto dedicou-se ao estudo das correntes esotéricas do passado e
da época atual. Aos dezesseis anos já proferia conferências de teor esotérico.
Insatisfeito com as sentenças dos antepassados, houve por bem reduzir-se ao
“zero radical” e instituir sua própria corrente de esoterismo,
marcada por críticas e proposições ditas “revolucionárias”. Exerceu
suas atividades na Colômbia e na cidade do México, onde veio a falecer aos
24/12/1977.

 Deixou alguns livros de sua autoria, como “O
Matrimônio Perfeito” (1950), que deu início ao Movimento Gnóstico Cristão
Universal; além do quê, escreveu “Tratado de Biologia
Revolucionária”, “A Grande Rebelião”, “0 Mistério do Aureo
Florescer”, “Sim há Inferno, Sim há Diabo, Sim há Carma”,
“As três Montanhas”, “Didática do Autoconhecimento”…

 2. 0 sucessor de Samael é Joaquin Enrique Amortegui
Valbuena, dito Rabolú, nascido na Colômbia aos 11/10/1926. Camponês, desde
pequeno meditava na grandiosidade da natureza, observando sua perfeição.
Adulto, levou vida pouco chegada aos preceitos cristãos.

 Aproximou-se de Samael Aun Weor com muita
desconfiança, mas aos poucos foi assimilando as teorias do pregador. Resolveu
então dedicar-se totalmente ao Movimento Gnóstico, que ele quis levar até aos
confins da terra; implantou-o em mais de 40 países dos cinco continentes.

 0 Movimento Gnóstico chegou ao Brasil em 1960. No
ano seguinte, afirmava-se com personalidade jurídica, e em 1981 filiou-se à
Nova Ordem, estabelecida por Rabolú, coordenador internacional do Movimento
Gnóstico Cristão Universal.

 Após a morte de Samael Aun Weor (1977), o Movimento
Gnóstico dividiu-se em dois ramos. Já que ambos se entregam a práticas de magia
sexual, provocaram uma Declaração da Conferência Episcopal Latino-americana
(CELAM) em 1984.

 Pergunta-se agora.

 3. Qual a mensagem da Nova Gnose?

 1. São três os objetivos do Movimento Gnóstico
Cristão Universal, como se depreende dos próprios escritos dessa corrente:

 “(1) eliminar do ser humano os elementos psíquicos
inumanos e indesejáveis, origem de nossas fraquezas, infelicidades, dores e
erros”;

 2) criar, através da magia prática do amor, da
alquimia, veículos superiores para investigar e comprovar as verdades cósmicas
e desenvolver faculdades latentes no homem;

 3) entregar desinteressadamente, gratuitamente e sem
distinção, este ensinamento regenerador e multimilenar à humanidade, às pessoas
que anelam à Auto-Realização intima do Ser (extraído da orelha de capa de
livros de Aun Weor)

 Mais precisamente quais seriam as linhas
doutrinárias do Movimento Gnóstico de Samael Weor?

 2 Quem lê os escritos deste autor, deduz dos mesmos
as seguintes linhas do pensamento:

 1) Panteísmo

 O autor fala de Consciência Cósmica do Ser e de
Consciência Superlativa do Ser (A Grande Rebelião, GR, cap 16, p 68), parecendo
com isto Indicar a Divindade Identificada com o Cosmos. Afirma que cada um de
nós tem dentro de si Deusa- Mãe:

“Não é demais esclarecer, de forma enfática,
que Deusa-Mãe. REA, CIBELES, Adônia, ou como queiramos chamá-la, e uma variante
de nosso próprio ser individual aqui e agora” (GR, cap 15, p 63)

 Essa Mãe Divina é dita Kundalini, “a Serpente
Ignea de nossos mágicos poderes” (GR cap 15, p 63), ou ainda:

 “A Kundalini é a energia misteriosa que faz
existir no mundo um aspecto de BRAHAMA ” (Ibd,)

 O autor não se furta a professar concepções
mitológicas:

 “A Kundalini encontra-se enroscada três vezes e meia
dentro de certo centro magnético, localizado no osso coccígeo”.

 Ali, descansa, entumescida, como qualquer serpente,
a Divina Princesa.

 No centro daquela chácara, ou estância, existe um
triângulo feminino ou IONI, onde está estabelecido um LINGAM masculino.

 Neste LINGAM atômico que representa o poder criador
sexual de BRAHAMA, enrosca-se a sublime serpente KUNDALINI.

 A Rainha Ignea, em sua figura de serpente, desperta
com o secretum secretorum de certo artifício alquimista que ensinei,
claramente, em minha obra intitulada ‘0 Mistério do Áureo Florescer”‘ (GR
pp 65s)

 Pode-se perguntar. Que significam propriamente essas
figuras mito lógicas? Que valor têm perante a lógica e a sã razão? Passam de um
jogo de palavras apto a seduzir as emoções? – O autor explica os seus símbolos.

 b) Antropologia

 O ser humano parece ser, segundo Aun Weor, uma
parcela da divindade revestida de matéria ou do corpo portador de paixões
desregradas, que é preciso extirpar Essa parcela divina é chamada “Essência”;
ela deve desenvolver-se dentro do corpo, que a torna “engarrafada,
enfrascada” (Tratado de Psicologia Revolucionária, PR, cap 4, p. 9)

 “Na Essência está a religião, o Buda, a
Sabedoria, as Partículas de Dor de nosso Par que está nos céus, e todos os
dados que necessitamos para a AUTO-REALIZAÇÃO ÍNTIMA DO SER” (rbd. cap 4,
p 10)

 É preciso, para libertar a Essência existente dentro
de nós, “dissolver o eu psicológico, desintegrar seus elementos indesejáveis, é
urgente”,

 inadiável, impostergável… “Este é o sentido do
trabalho sobre si mesmo” (ibd. Cap.4,p.10).

 “Necessitamos reduzir a cinzas a crueldade
monstruosa destes tempos; a inveja que, desgraçadamente, veio a converter-se na
mola secreta da ação; a cobiça insuportável que tornou a vida tão amarga; a
asquerosa maledicência; a calúnia que tantas tragédias originam; a embriaguez;
a Imunda luxúria que cheira horrivelmente, etc, etc, etc. . . ” (ibd. p.
10).

 

A Gnose ou “o Trabalho Gnóstico Esotérico”
tem por finalidade ajudar a pessoa a se livrar de seus maus instintos.

 

“O humanóide, a respeito de seu estado interior, é
uma multiplicidade psicológica, uma soma de Eus”.

 

Os ignorantes ilustrados desta época tenebrosa
rendem culto ao EU; endeusam-no; colocam-no nos altares, chamam-no AL TER EGO,
EU SUPERIOR, EU DIVINO, etc., etc, etc

O humanóide não tem, certamente, um Eu permanente,
mas uma multidão de diferentes Eus infra-humanos e absurdos

O pobre animal Intelectual, equivocadamente chamado
homern , é sernelhante a uma casa em desordem onde, em vez de um amo, existem
muitos criados que querem sempre mandar e fazer o que Ihes vem na gana…

O maior erro do pseudo-esoterismo e pseudo-ocultismo
baratos ó supor que os outros possuem, ou que se tem um EU permanente e
Imutável, sem princípio e sem fim.

Se esses que assim pensam, despertassem a
Consciência, ainda que fosse por um Instante, poderiam evidenciar, claramente e
por SI mesmos, que o humanóide racional nunca ó o mesmo por muito tempo.

O mamífero intelectual, do ponto de vista psicológico,
esta se mudando continuamente..

Pensar que, se uma pessoa se chama Luís, ó sempre
Luís, é algo como uma brincadeira de mau gosto..

Esse sujeito a quem chamam Luís, tem em si mesmo
outros Eus, outros Egos que se expressam através de sua personalidade em
diferentes momentos e, ainda que o Luís não goste da cobiça, outro Eu nele,
chamado de Pepe, gosta da cobiça, e assim sucessivamente..

Dentro de cada pessoa vivem muitas pessoas, muitos
Eus; isto o pode verificar, por si mesma e de forma direta, qualquer pessoa
desperta, consciente… ” (PR, cap. 10, pp. 23s).

 

Samael Weor por vezes identifica essa Essência que é
o núcleo de cada ser humano, com o Cristo:

 

“Afortunadamente, o Cristo íntimo, desde o próprio
fundo de nosso Ser, trabalha Intensivamente, sofre, chora, desintegra elementos
perigosíssimos que em nosso interior levamos”.

 

“O Cristo nasce como um menino no coração do homem;
porém, à medida que vai eliminando os elementos indesejáveis que levamos
dentro, vai crescendo, pouco a pouco, até converter-se num Homem Completo” (GR
cap. 25, pp. 102s).

 

c) Evolução e Involução

 

O processo de crescimento interior do ser humano
pode ser entravado por outras pessoas, que chegam a provocar o retrocesso
espiritual de seus subalternos Samael Weor Julga que algo de semelhante se deu
com as formigas.

 

Enchemo-nos de assombro ao contemplar a perfeição de
um palácio de formigas. Não há dúvidas que a ordem estabelecida em qualquer formigueiro
é formidável.

 

Aqueles Iniciados que despertaram a Consciência,
sabem, por experiência mística direta, que as formigas, em tempos que nem
remotamente suspeitam os maiores historiadores do mundo, foi uma raça humana
que criou uma poderosíssima civilização socialista.

 

Então eliminaram os ditadores daquela família as
diversas seitas religiosas e o livre arbítrio, pois tudo isso Ihes tirava
poder, e eles necessitavam ,ser totalitários no sentido mais completo da
palavra.

 

Nestas condições, eliminada a iniciativa Individual
e o direito religioso, o animal intelectual se precipitou pelo caminho da
Involução e da degeneração.

 

A todo o antes dito acrescentaram-se os experimentos
científicos: transplantes de órgãos, glândulas, ensaios com hormônios, etc ,
etc , etc , cujo resultado foi a diminuição gradual do tamanho e a alteração morfológica
daqueles organismos humano,até se converterem, por último, nas formigas que
hoje conhecemos.

Toda aquela civilização, todos esses movimentos
relacionados com a ordem social estabelecida, se tornaram mecânicos e foram
herdados de pais para filhos. Hoje nos enchemos de assombro ao ver um
formigueiro, mas não podemos deixar de lamentar sua falta de Inteligência.

 

“Se não trabalharmos sobre nós mesmos, involuímos e
degeneramos espantosamente” (PR cap. 30, p. 95)

 

Sem comentários. . .

 

d) Consumação

 

 

O Movimento Gnóstico Cristão Universal professa a
reencarnação, dita “Retorno e Recorrência”:

 

“A morte é o regresso ao princípio da vida, com a
possibilidade de repeti-la novamente, no cenário de uma nova existência”… o
reingresso existe: o retorno existe. Ao voltar a este mundo, projetamos sobre o
tapete da existência o mesmo filme, a mesma vida.

 

O ser humano tem uns três por cento da Essência
livre e noventa e sete por cento da Essência embotelhada entre os eus.

 

Ao retornar, os três por cento da Essência livre
impregnam, totalmente, o

 ovo
fecundado: inquestionavelmente, continuamos na semente de nossos descendentes.

 

Personalidade é diferente: não existe nenhum amanhã
para a personalidade do morto: esta última vai se dissolvendo, lentamente, no panteão
ou cemitério.

 

 

 

No recém-nascido só se encontra reincorporada a
pequena porcentagem da Essência livre: isto dá a cada criatura autoconsciência
e beleza interior” (GR cap. 22, p. 91). Como se vê, é difícil perceber a
lógica dos dizeres de Samael Weor; usa de Léxico próprio; perde-se em
afirmações gratuitas ou destituídas de fundamento.

 

O fim de todo o processo de sucessivas existências
parece ser a integração do indivíduo na realidade cósmica ou na Divindade
inicial (algo que se assemelha ao Nirvana do budismo):

 

“Quando a Vontade se libera, então se mescla ou se
funde, integrando-se assim com a Vontade universal, fazendo-se por isto
soberana”…

 

“A Vontade individual integrada com a Vontade
universal, pode realizar todos os prodígios de Moisés” (PR, cap. 28, p. 83).

 

Ou ainda:

 

“Qualquer intento de libertação, por grandioso
que este seja, se não tiver em conta a necessidade de dissolver o Ego, está
condenado ao fracasso” (PR, cap. 32 p. 104).

 

A dissolução do Ego e a Integração do Indivíduo no
Universal ou Cósmico são teses geralmente decorrentes do panteísmo.

 

e) Citações Bíblicas

 

Samael Weor não hesita em citar a Bíblia, como se
esta desse apoio às suas teses; cf. PR pp. 41.79.81.83… Em PR p. 42 cita o
Grende Kebir , Jesus (cf. pp. 75-79) e a parábola do fariseu e do publicano (Lc
18,9-14).

 

Estas e outras referências às Escrituras podem
conferir uma aparência de Cristianismo às ideias de Samael Weor. Aliás, este
autor, colombiano como é, deve ter conhecido as tradições cristãs, e, de algum
modo, as quis incorporar na sua síntese de pensamento. É preciso dizer, porém,
que o recurso à Bíblia é totalmente despropositado por parte de Samael Weor; a
mensagem das Escrituras não é panteísta e não se coaduna com os princípios
religiosos do Gnosticismo.

 

Passemos a uma

 

4. Reflexão final

 

Não há necessidade de mostrar minuciosamente os
pontos de divergência existentes entre o Cristianismo e o Movimento Gnóstico
Cristão Universal. O Cristianismo só figura nessa corrente como placa ou
rótulo, pois as diferenças entre aquele e este são fundamentais. O Gnosticismo
é panteísta e reencarnacionista – títulos que não se conciliam, em absoluto,
com a mensagem cristã.

 

 

 

Samael Aun Weor é mestre em dialética vazia e
fantasiosa; escreve multo, mas diz pouca coisa, pois os seus dizeres, crivados
pela lógica e a razão, carecem de significado. A obscuridade de várias de suas
proposições pode Impressionar o leitor, que Julgará estar diante de obras
altamente eruditas; o estudioso, porém, que se dê ao trabalho de analisar mais
detidamente as afirmações do autor, verificará que constituem jogos de palavras
vazias.

 

Deve-se reconhecer, sem dúvida, que o autor em
grandes linhas propõe o Ideal da morigeração do ser humano; procura ajudar o
público a se libertar de vícios e falhas morais. Todavia este afã não é típico
da Gnose;

é também o do Cristianismo, que com mais ênfase e
fundamento pode fornecer motivação para a conversão dos homens vítimas de
desvios morais e sequiosos de vida mais digna e honesta.

 

 

Sobre o Neognosticismo ver o artigo “Em
Busca do Pleroma Perdido” de Massimo Introvigne, na revista “30
DIAS”, fevereiro de 1990, pp. 70-7

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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