Mostrar Deus

Para enxergarmos precisamos da vista apta para isso e da luz externa. Faltando um dos dois não temos condição de visão das coisas materiais. Faltando a luz dos valores éticos ou dos sobrenaturais, ficamos privados de perceber o sentido da convivência humana e da própria vida, com percepção do que vai além do campo material da vida.

Como é importante a pessoa de fé sobrenatural, ou seja, em Deus, para apresentar aos outros o valor da convivência na justiça misericordiosa e no amor provindo da relação do divino com o humano! O Filho de Deus veio ser como sol para nos revelar todo o sentido de nossa caminhada terrena, vivendo como imagens e semelhanças do Criador. Isto inclui a necessidade de fazermos de nossa convivência a interação com Deus, com nosso semelhante e o meio ambiente, como o próprio ser divino faz em relação a toda sua obra criada. Deus só faz o bem, por Ele ser a fonte do mesmo. Governa tudo com o maior cuidado. Dá-nos a incumbência do cuidado com tudo o que está ao nosso redor. Não podemos pisar ou esmagar o ser do outro. Ao contrário, a diligência do cuidado com ternura é próprio de quem sabe mostrar o Deus-amor para todos. Os falsos deuses fazem as pessoas explorarem o semelhante, com comportamento anti-ético e imoral. O acúmulo de bens sem compromisso com a promoção da vida e da justiça é anti-imagem de Deus. A política de desmandos e de surripiamento  do bem comum e das coisas do povo mostra o contrário da grandeza de caráter de quem a exerce. O bom caráter é base para se mostrar a pessoa de bem e de fé. Só o dizer-se religiosa não leva a pessoa a ser boa política.

Na Bíblia há o grande enunciado da verdade da luz de Deus sobre o povo encarregado de levá-lo a todos: “Eis que está a terra envolvida em trevas, e nuvens escuras cobre os povos; mas sobre ti apareceu o Senhor, e sua glória já se manifesta sobre ti. Os povos caminham à tua luz e os reis ao clarão de tua aurora” (Isaías 60, 2-3).

Celebramos a liturgia da Epifania, ou manifestação de Deus à humanidade, através dos sábios do Oriente. Eles foram em busca de Jesus que acabara de nascer em Belém. De fato, Jesus não nasceu somente para a salvação do povo judeu. Veio para dar condição à humanidade de todos os tempos enxergar e ter a possibilidade de realização plena. Quem ainda quiser permanecer na própria visão de vida apenas na perspectiva terrena, não é capaz de enxergar a luz que vem do alto, com os valores potenciados do que é natural com o sobrenatural da graça do Senhor. Por isso mesmo, Jesus deu à sua Igreja a grande missão de levar sua luz à humanidade. O mundo das trevas quer abafar os valores do Evangelho. A Igreja de Cristo não pode ceder aos caprichos materialistas, acomodando-se com o que é puramente terreno. Aliás, a luz de Cristo valoriza o terreno, mas com a perspectiva da vida plena. Sem as coordenadas do divino, o humano fica vazio e sem vida. Então, vale a pena aceitar a luz de Deus para nos preenchermos de humanidade, perpassada pela lei do amor maior. Assim nos tornamos cidadãos com todos os títulos da grandeza humano-divina!

***
Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
Adicionar a favoritos link permanente.