Morte e Vida

Na trajetória do tempo da quaresma, temos que repetir uma frase de Jesus que se torna fundamental: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em plenitude”. Isto indica uma vida realizada, feliz e plena, não só na dimensão da eternidade, mas também nos dias de hoje. Ela só será saudável no futuro se for autêntica no presente.

A morte precoce, violenta e irresponsável pode por fim a vida terrena e prejudicar a felicidade futura. Mas pode também ser o salto de qualidade na entrega feita a Deus, entendida até como martírio. Na morte de Cristo na cruz, de forma das mais violentas possíveis, está a vida e a promessa de ressurreição para todos.

Dentro dos critérios da cultura marcadamente capitalista, passa pela cobiça e pela competição a conquista do mundo feliz. Mas acaba provocando uma grande desigualdade entre as pessoas e uma guerra desenfreada pelo dinheiro, gerando violência e insegurança. Isto não pode significar vida plena já aqui no mundo e causa muita infelicidade.

O mundo tem que descobrir que a via é outra. A alternativa é a capacidade de doação, de sacrificar-se pelo outro, superando todo tipo de acúmulo egoísta e sem função social. É como a semente colocada na terra. Para produzir frutos, ela tem que morrer. Deve ser regada, evitando que seque na terra e fique infértil.

Toda infidelidade à lei da vida ocasiona morte. É como o povo judeu, infiel à Aliança e aos princípios da Lei, seu reino foi invadido pelo Império da Babilônia, provocando destruição, morte e escravidão. Não podemos perder a sensibilidade do coração em relação à lei da solidariedade e do respeito aos mais necessitados.

Jesus sempre mostrou que a vida nasce da morte, a vitória surge do fracasso e a salvação é consequência do sacrifício que fazemos em favor dos outros. É um indicativo difícil de ser entendido na sua realidade, principalmente no mundo da arrogância, da concentração de poderes, de egoísmo etc. A vida pascal, ressuscitada e feliz, vem pela morte.

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Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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