Meditação: 5º e 6º dias da Semana pela Unidade dos Cristãos

Esperança e
oração

CIDADE DO
VATICANO, sexta-feira, 21 de janeiro de 2011 (ZENIT.org) – Apresentamos o comentário aos textos bíblicos
e de oração escolhidos para o 5º e 6º dias da Semana de Oração pela Unidade dos
Cristãos, 22 e 23 de janeiro.

Este texto
faz parte dos materiais distribuídos pela Comissão Fé e Constituição, do
Conselho Ecumênico das Igrejas e pelo Conselho Pontifício para a Promoção da
Unidade dos Cristãos. A base do texto foi redigida por uma equipe de
representantes ecumênicos de Jerusalém.

* * *

Dia 5:
Partindo o pão na esperança

Êxodo 16,
13b- 21a: É o pão que o Senhor vos dá para comer

Salmo 116,
12-14.16-18: Eu te oferecerei um sacrifício de louvor

1 Coríntios
11, 17-18.23-26:Fazei isto em memória de mim

João 6,
53-58: Este é o pão que desceu do céu

Comentário

Da primeira
Igreja de Jerusalém até agora, a “fração do pão” tem sido um ato
central para os cristãos. Para os cristãos de Jerusalém hoje, a partilha do pão
é sinal tradicional de amizade, perdão e compromisso com o outro. Somos
desafiados, nessa fração do pão, a buscar uma unidade que possa falar
profeticamente a um mundo marcado por divisões. Esse é o mundo pelo qual, de
diferentes maneiras, fomos moldados. Na fração do pão os cristãos são formados
de novo pela mensagem profética de esperança para toda a humanidade.

Hoje nós
também partimos o pão com coração alegre e generoso; mas também experimentamos,
a cada celebração da Eucaristia, uma dolorosa lembrança de nossa desunião.
Neste quinto dia da Semana de Oração, os cristãos de Jerusalém reúnem-se na
sala superior, o lugar da Última Ceia. Aqui partem o pão em esperança. Aprendemos
essa esperança nas maneiras como Deus chega a nós nas agruras dos nossos
desgostos. O Êxodo conta como Deus responde aos murmúrios do povo que ele havia
libertado, fornecendo-lhes o que precisavam – não mais e não menos. O maná no
deserto é um presente de Deus, não para ser acumulado, nem mesmo completamente
compreendido. É, como nosso salmo celebra, um momento que pede simplesmente
ação de graças – porque Deus “abriu os grilhões”.

O que São
Paulo reconhece é que partir o pão não significa apenas celebrar a Eucaristia,
mas ser um povo eucarístico – tornar-se corpo de Cristo no mundo. Essa breve
leitura permanece, em seu contexto (1 Cor 10-11), como um lembrete de como a
comunidade cristã deve viver: na comunhão em Cristo, produzindo conduta correta
num difícil contexto mundano, guiada pela realidade de nossa vida nele. Vivemos
“em memória dele”.

Sendo povo
da fração do pão, somos povo da vida eterna – vida em plenitude – como nos
ensina a leitura de São João. Nossa celebração da Eucaristia nos desafia a
refletir sobre como tão abundante dom de vida se expressa no dia a dia,
enquanto vivemos na esperança, bem como nas dificuldades. Apesar dos desafios
diários dos cristãos de Jerusalém, eles testemunham como é possível se alegrar
na esperança.

Oração

Deus da
esperança, nós te louvamos pelo dom que nos deste na Ceia do Senhor, onde, no
Espírito, continuamos a encontrar teu Filho Jesus Cristo, o pão vivo do céu.
Perdoa por não sermos dignos desse grande dom – por nossa vida em divisões, por
nosso conluio com as desigualdades, nossa complacência na separação. Senhor,
oramos para que apresses o dia em que a tua Igreja possa partilhar em conjunto
a fração do pão, e para que, enquanto esperamos esse dia, possamos aprender
mais profundamente a ser um povo formado pela Eucaristia para o serviço em
benefício do mundo. Oramos em nome de Jesus. Amém.

Dia 6: Fortalecidos
para a ação na oração

Jonas 2,
1-9: Ao Senhor é que pertence a salvação

Salmo 67,
1-7: Que os povos te rendam graças, ó Deus!

1 Timóteo
2, 1-8: Façam-se preces por todos os homens, pelos reis e todos os
que detêm autoridade

Mateus 6,
5-15: Que venha o teu Reino, que se realize a tua vontade

Comentário

Seguindo-se
à devoção aos ensinamentos dos apóstolos e à comunhão fraterna e a fração do
pão, a quarto marco da Igreja dos primórdios em Jerusalém é a vida de oração.
Ela é percebida hoje como fonte necessária do poder e da força de que os
cristãos necessitam em Jerusalém como em outros lugares. O testemunho dos
cristãos hoje em Jerusalém nos convida a um reconhecimento mais profundo das
maneiras pelas quais enfrentamos situações de injustiça e desigualdade em
nossos contextos. Em tudo isso, é a oração que dá força aos cristãos para a
missão em conjunto.

Para Jonas,
a intensidade de sua oração é seguida da dramática libertação da barriga do
peixe. Sua prece é cheia de sentimento, brota do seu próprio senso de
arrependimento por ter tentado escapar da vontade de Deus. Ele tinha rejeitado
o chamado de Deus à profecia, e acabou num lugar sem esperança. E aqui Deus
responde a sua prece com uma libertação para a missão. O salmo nos convida a
orar para que a face de Deus brilhe sobre nós – não apenas para nosso benefício
mas para que sua lei se espalhe entre todas as nações.

A Igreja
apostólica nos recorda que a oração é uma parte da força e do poder da missão e
da profecia para o mundo. Aqui a carta de Paulo a Timóteo nos ensina a orar
especialmente por aqueles que têm poder no mundo, para que possamos viver
juntos em paz e com dignidade. Oramos pela unidade de nossas sociedades e
países e pela unidade de toda a humanidade em Deus. Nossa oração
pela unidade em Cristo se estende ao mundo inteiro.

Essa vida
dinâmica de oração está enraizada no ensinamento do Senhor a seus discípulos.
Em nossa leitura do evangelho de Mateus, ouvimos falar da oração como um poder
secreto, que não vem de exibição ou bom desempenho, mas de humilde apresentação
diante do Senhor. O ensinamento de Jesus é resumido na Oração do Senhor.
Fazendo juntos essa oração nos tornamos um povo unido que busca a vontade do
Pai e a construção do seu Reino na terra; ela nos chama a uma vida de perdão e
reconciliação.

Oração

Senhor
Deus, nosso Pai, nos alegramos porque em todos os tempos, lugares e culturas,
há pessoas que te buscam em
oração. Acima de tudo, te agradecemos pelo exemplo e
ensinamento de teu Filho, Jesus Cristo, que nos ensinou a aguardar em oração a
chegada
do teu Reino. Ensina-nos a orar melhor juntos como cristãos, para que possamos
sempre
estar conscientes da tua orientação e encorajamento ao longo de nossas alegrias
e tristezas,
pelo poder de teu Santo Espírito. Amém.

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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