Mas por que você não reza aos santos? (Parte 3)

“Um só rebanho…”

“E haverá um só rebanho e um só pastor”, disse o Salvador (Jo 10, 16). Mas ele fez preceder isso dizendo: “Outras ovelhas eu tenho que não são deste aprisco. Essas também devo trazer, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor” (Jo 10, 16). Por meios inteiramente compreendidos pela mente humana, Deus atrai a si todos os homens. Muita coisa do cristianismo que a Igreja Católica desde o princípio ensinou ainda é conservado por seitas não-católicas, e tem o poder de santificar.

Mas não é o intacto ensino e poder de Cristo. É fraco, e os seus efeitos não são tão fortes como os da Igreja Católica. Em recente carta ao mundo o Papa Pio XII dizia: “Como sabeis, Veneráveis Irmãos, desde o começo do nosso Pontificado confiamos à proteção e guia do céu aqueles que não pertencem à organização visível da Igreja Católica, solenemente declarando que, a exemplo do Bom Pastor, nada desejamos mais ardentemente do que tenham eles a vida e a tenham mais abundantemente”.

A porta está aberta

“Com coração transbordante de amor pedimos a todos e a cada um serem prontos e prestos em seguir os movimentos interiores da graça e procurarem sair desse estado em que não podem estar seguros da sua salvação. Porquanto, mesmo se sem o suspeitarem, em desejo e resolução eles estão ligados ao Corpo Místico do Redentor (a Igreja Católica), ainda permanecem privados de tantos dons e auxílios preciosos do Céu, que só podem desfrutar-se na Igreja Católica”.

“Com perseverante oração ao Espírito de amor e de verdade, de braços aberto esperamos que eles voltem, não a uma casa estranha, mas à sua própria casa, à casa de seu Pai” (Encíclica Mystici Corporis, n. 100).

Mostre-me os seus santos!

Asseveramos, e a muitos pode parecer jactancioso, que só a Igreja Católica tem todos aqueles meios que são necessários e eficientes para a santificação dos homens. Talvez você agora se sinta como que perguntando: “E onde estão os resultados? Mostre-me os seus santos!” Qualquer Igreja que fosse a Verdadeira Igreja de Jesus Cristo deveria esperar por tal pergunta.

É simplesmente honesto formular uma pergunta que está fora de dúvida razoável, e pergunta que justificará não somente a Igreja Católica, mas o próprio Jesus Cristo. Ele veio à terra para salvar os homens. A sua missão não foi uma simples operação de livramento, uma mera drenagem do pecado. Ele veio para habilitar o povo a viver vidas santas. “Vim para que eles tenham a vida, e a tenham mais abundantemente” (Jo 10, 10).

Estabeleceu uma Igreja que tinha todos os meios requeridos para fazer os homens santos. Deu à sua Igreja o poder de ensinar sem erro, autoridade para fazer leis que nunca conduzis.

A única finalidade da sua organização religiosa era santificar os homens, e, se esta era a finalidade exclusiva da Igreja de Cristo, indubitavelmente sem senão em direção certa, a administração de Sacramentos e de um Sacrifício que trouxessem ao mundo a abundância da sua graça.

Essa finalidade tem sido cumprida, ou então Cristo não é Deus como pretendeu ser. A Igreja Católica pode apontar para vinte séculos de santidade evidente como prova de que a Igreja de Cristo tem realmente cumprido o que ele pretendia que ela fizesse.

Não pretendemos que todos os católicos, nesses vinte séculos, tenham sido extraordinariamente bons (e muito menos que todos os não-católicos tenham sido irreparavelmente maus). Dizemos apenas que a história da Igreja Católica mostra uma tão clara e extraordinária manifestação de santidade como só pode ser explicada pela operação de um poder de santificação dado por Cristo e implícito nela.

O mundo, confiamos, concederá que os católicos em geral tem procurado ser bons. Tem sido bem sucedidos até certo grau, e o seu sucesso tem sido devido precisamente à sua religião tanto quanto ao seu esforço. Eles não têm sido apenas pessoas naturalmente boas que sucedia serem católicas. Têm tido o seu quinhão daquelas tendências desordenadas, mas, de que o mundo em geral tem sofrido. Têm procurado viver de acordo com a sua religião e suprimir esses maus impulsos. De muitos modos a sua religião lhes tem ensinado muito austeros deveres – jejum e penitência, frequentação compulsória da Igreja aos domingos, nada de divórcio, etc. Eles não têm tido pequena soma de êxito em viver de acordo com essas leis. Isto é chamado “santidade comum”. Não pretendemos que esta seja realização exclusiva dos católicos ou que ela prove o nosso ponto.

Leia também: Mas por que você não reza aos santos? (Parte 1)

Mas por que você não reza aos santos? (Parte 2)

Mas por que você não reza aos santos? (Parte 4)

Mas por que você não reza aos santos? (Parte 5)

Mas por que você não reza aos santos? (Parte 6)

Servir a Deus

Há um grande número de católicos que vivem vidas melhores do que simples vidas comuns. Os mais imediatamente evidentes são o grande número de sacerdotes, freiras e homens e mulheres religiosas de toda sorte. Eles não se casam. E isto não é por qualquer menosprezo do casamento, nem por não poderem casar-se. Ficam solteiros porque S. Paulo (que o aprendeu de Cristo) disse que a pessoa não casada, homem ou mulher, pode dedicar a sua vida ao culto e serviço de Deus. Por isto esses milhares de pessoas seguem o conselho heroico de S. Paulo. Este admitiu que nem todos podem fazer isso; só a graça de Deus torna isso possível.

Segundo as normas prevalentes, eles são pobremente remunerados. A maioria deles fizeram voto de não possuir nada, ou ao menos de não o usar sem a permissão dos seus superiores. Os seus salários, escassos como são, vão para um fundo comum. Eles fazem esses sacrifícios por ser esse o conselho de Cristo.

Ou por voto ou por promessa, eles são todos obrigados a fazer tudo aquilo que se lhes manda fazer (dentro dos limites, é claro, de que é direito). Trabalham no lugar e na tarefa que lhes são mandados, quer gostem quer não. Estão prontos a suspender essa tarefa de um momento para outro e ir para qualquer outra parte. Seguem ordens sobre como devem fazer a sua tarefa, mesmo se pensam que sabem melhor. Fazem isto à imitação de Cristo, que sempre fez as coisas que agradavam a seu Pai, e não as coisas que lhe agradavam a si.

Em muitos países, há milhares e milhares dessas pessoas. Todas elas são católicas. É tão inexplicável essa efusão de santidade, que frequentemente há pessoas que a negam. Estes acusam os sacerdotes de crimes secretos; pintam as freiras como pobres mulheres, desiludidas no amor, que escondem corações partidos por trás dos muros do convento, ou que ali estão aprisionadas. Esses não podem admitir que a virtude cristã seja possível em tão larga escala.

Santidade mais alta

Nisto eles estão certos. Isso não é possível – de modo natural. Só é possível com auxílio especial de Deus. Esse auxílio vem através da Igreja que Cristo fundou para fazer os homens santos. Ela está cumprindo a promessa.

Mas há um grau de santidade muito acima deste, o ele é mais importante para o nosso intuito aqui. E é a santidade dos santos cujas vidas evidentemente estão muito além dos poderes humanos.

O católico comum é bom na medida em que vive uma vida católica. Mas a sua bondade é misturada com tanta fraqueza humana e com tantas distrações mundanas, que é difícil separar os resultados naturais dos resultados sobrenaturais. A virtude dos sacerdotes e das freiras é, sob alguns aspectos, uma prova evidente do poder santificador de Cristo dentro da Igreja Católica. Também eles têm as suas fraquezas obscurecem o verdadeiro caráter santo das suas vidas.

Não assim nos santos. As vidas destes têm uma perfeição tão acabada, uma santidade tão extraordinária, que cada um pode ver claramente que eles eram movidos pelo poder de Deus.

Graça mais abundante

A santidade é, basicamente, a estreita união do homem com Deus; desse contacto resulta a perfeição moral. Deus é santo por natureza; os homens são santos na medida em que se aproximam dele. No céu todos os bem-aventurados estão intimamente unidos a Deus pela visão imediata dele como ele é em si mesmo. Isto é chamado a “visão beatífica”. Todos os que estão no céu atingiram a santidade perfeita.

Aqui na terra os homens são unidos a Deus por meio da sua graça. Esta graça é um dom, livremente dado por Deus, pelo qual nos tornamos “participantes da natureza divina”, como S. Pedro. afirma (2 Pd 1, 4). Quanto mais graça um homem tem, tanto mais semelhante a Deus se torna.

Ora, não há meio de medir a santidade diretamente. Não há instrumentos científicos para pensar a alma e dizer o seu conteúdo de graça. O juízo tem de ser feito à base de realização. “Pelos seus frutos conhecê-los-eis”, disse Cristo (Mt 7, 20).

Nem tudo o que à primeira vista parece virtude o é realmente. Muitas vezes, ninguém se assemelha tanto a um santo como, por exemplo, um fanático. A Igreja Católica é muito cautelosa em julgar a santidade dos seus membros. Ela sonda profundamente as raízes ocultos da santidade, buscando motivos e fontes de ação antes de chegar a uma decisão. Ademais, apoia-se em sinais dados pelo próprio Deus. Deus certamente conhece os santos.

Um santo pratica a bondade heroica em todas as suas ações. Note esse “todas as suas ações”. Um homem não é um santo por ter uma só virtude. Há muitas pessoas que se esforçam com afinco por ajudar os seus semelhantes. Podem essas pessoas ser obreiros sociais, mestres nas escolas, donas de casa, e mil outras que colocam o próximo na sua frente. Esses certamente tem uma virtude em grau proeminente. Mas podem ser ao mesmo tempo religiosos dubitantes, bebedores, temperamentos impacientes. Não são santos.

Virtudes heroicas

Um santo tem todas as virtudes e em grau heroico. Não é suficiente que ele não tenha faltas salientes. Mesmo uma pequena fraqueza é uma grande falta num santo. Conta-se a história de um sacerdote que foi enviado pelo Papa para inquirir sobre a reputada santidade de certa freira. Ele veio ao convento e perguntou à freira que veio recebê-lo à porta se era ela a santa que ele fora mandado entrevistas. Quando ela respondeu que sim, ele pôs o chapéu na cabeça e foi-se embora. Tinha ouvido o bastante. Não importa quão bem ela agia; mas, se era tão orgulhosa a ponto de pensar de si mesma como de uma santa, certamente não o era. Um santo tem todas as virtudes, e não apenas uma.

Não há entre os santos lugar para aqueles que tiveram uma ideia vaga da perfeição religiosa. Fanáticos têm-se torturado a si mesmos, às vezes até à morte, e chamavam a isso mortificação; mulheres desiludidas têm confundido histeria com êxtase; os libertinos têm pretendido que o estado final de perfeição liberta a pessoa da necessidade de observar meros mandamentos. Toda forma de fanatismo tem-se encoberto sob a máscara de perfeição religiosa.

A Igreja Católica tem sempre cautela com os que pregam sensacionalismo de qualquer espécie ou fazem coisas extraordinárias. Ela suspeita quase instintivamente de estarem eles fazendo isso mais por amor de Deus. O santo não faz da sua vida espetáculo. Começa pelas virtudes sólidas, comuns da vida cristã, e depois desenvolve-as até um grau extraordinário. S. Vicente de Paulo costumava dizer que um cristão não deveria fazer coisas extraordinárias, mas sim fazer extraordinariamente bem as coisas ordinárias.

E nem os santos são meras pessoas que tiveram uma inclinação natural para vier moralmente. Rudyard Kipling, no seu famoso poema “Tommy”, dá a defesa comum feita pelo soldado, da sua conduta, nestas palavras:

“E, se às vezes a nossa conduta não é tudo o que a vossa fantasia pinta,
É porque simples homens em barracas
não chegam a ser santos de massa!”

Ninguém chega a ser santo de massa exceto os contrafeitos. Seres humanos chegam a ser santos travando batalha consigo mesmos, com a carne e com o demônio. Partem do triste estado da nossa fraqueza comum, e às vezes têm mais do que o seu quinhão de más tendências; porém, antes de morrerem, desenvolvem-se em santos.

Muitos santos não foram muitos santos antes de se porem a andar nessa direção. Santo Agostinho até assombrou o mundo pela sua confissão do que ele tinha sido na sua mocidade, um moço desajuizado que cometeu as suas estroinices em dois continentes.

S. Jerônimo, o famoso sábio bíblico, foi mais propriamente um velho descontente enquanto o seu mundo erudito não começou a ruir em volta da sua cabeça durante as invasões dos bárbaros, e elevou-se às alturas da divina compaixão em resposta à miséria da sua época.

O teste do santo não é como ele começou. Pode ele ter sido um bom homem, mas um homem com muitas imperfeições. Ou pode ter sido um grande pecador. O que importa é que tenha cooperado em tal grau com a graça de Deus que trabalhava nele, que, antes de morrer, tenha atingido todas as virtudes.

Por outro lado, a santidade não pode ser levada a crédito de alguém que não faz o mal, mas também, não faz o bem.

O cáustico epitáfio de um dos reis da Inglaterra reza:

“Aqui jaz nosso soberano senhor, o Rei
Em cuja palavra ninguém confia.
Que nunca disse coisa tola,
E sábia nunca fez nenhuma”.

Esse não foi um santo.

A verdadeira perfeição religiosa consiste na prática de todas as virtudes em grau heroico. O santo é zeloso da honra de Deus, mas não tão imprudente a ponto de repelir os homens por causa do seu próprio entusiasmo; mortificado, mas não um desmancha-prazeres; confiante no auxílio de Deus, mas nunca um presunçoso; afeiçoado, mas nunca sacrificando princípios por sentimento. O santo nunca é anormal; é extraordinário em desenvolver todas as suas capacidades humanas para amar a Deus e ao próximo; mas isso é o que um ser humano normalmente deveria fazer.

Marcas da santidade

Um santo vence a fraqueza. Por isto a Igreja Católica não hesita em examinar minuciosamente tudo o que um reputado santo fez. Especial atenção é dada aos escritos do santo em questão. Um homem muitas vezes exprimirá livremente seus íntimos pensamentos escrevendo, ao passo que os esconde na conversação. Se a Igreja acha nesses escritos alguma coisa que peca contra uma prudente consideração pela verdade, algo que é desequilibrado ou mau, então sabe que não está tratando com um santo.

Um santo tem um controle perfeito de todas as virtudes. Ninguém tem que desculpá-lo, dizendo que ele é um homem bom de coração, mas um homem difícil de suportar; ou que ele tem um senso inflamado da justiça social, mas não é muito de oração.

É difícil juntar os santos e dizer: “Ora, aqui está o denominador comum da santidade”. Os santos eram muito individualistas, cada um buscando a Deus pelo modo mais conveniente à sua própria personalidade. As circunstâncias de suas vidas e as suas capacidades naturais manifestavam uma virtude mais do que outra, um método de desenvolver a santidade mais do que outro.

S. Luís de França era um rei, e um rei tão grande que os franceses ainda hoje o honram como o pai do seu país. Nasceu para governar, e fê-lo com cristã firmeza e justiça. Santo Hermenegildo, da Espanha, também nasceu para governar; mas nunca teve essa oportunidade. Foi morto enquanto ainda era moço. A sua grande virtude foi o sofrimento paciente. S. Vicente de Paulo, foi um santo que amava os pobres com afeto intenso e prático. Santo Tomás de Aquino não teve lá muito que ver com os pobres. Nasceu aristocrata e veio a ser professor numa universidade. A sua característica era a simplicidade e a humildade em investigar a verdade com um dos mais agudos intelectos jamais dado aos homens.

S. Luís de França

As circunstâncias da vidas dos santos deram ocasião a que uma ou outra virtude sobrelevasse. Mas essa não era o resumo e a substância da sua santidade. A França teve muitos reis bons que foram firmes e justos. Mas só teve um S. Luís. Embora fosse um chefe nato, ele também era bondoso e paciente. Ajudava os pobres, sustentava a verdade conforme a via. Sabia sofrer quando as coisas iam mal. O seu Deus significava tudo para ele, e ele estava pronto a fazer tudo por ele. Tinha todas as virtudes, embora uma predominasse.

Há uma certa norma, embora simples, que pode ser traçada na procura da santidade. Algures ao longo da sua carreira, todos os santos decidiam total e definitivamente deixar a rasteira senda da virtude comum e davam-se sem restrição a Deus. Então começavam a praticar a mortificação – negando a si mesmos até as coisas boas deste mundo, à imitação de Cristo.

O espírito do homem vivifica um corpo que é cheio de desejos profundos. Nenhum homem pode começar a satisfazer esses pois parar subitamente quando quiser. O lado material do homem sempre submergirá as suas potências espirituais se não for refreado por uma disciplina rigorosa. A entrada para a senda da virtude heroica é através de uma sujeição do corpo ao espírito. S. Paulo diz: “Castigo o meu corpo e trago-o em sujeição, para que acaso não suceda que, depois de pregar aos outros, eu mesmo venha a ser reprovado” (1Cor 9, 27).

Espírito conquistador

Mas não é só o corpo que é desregrado; a alma também tem os seus desejos díscolos. Há nela um irresistível desejo de poder, de fama, de fazer a própria vontade, e muitos outros vícios. Também estes devem ser eliminados. Isto não é fácil, nem é obra de um dia. Os santos tiveram de trabalhar duramente para se libertarem dessas tensões perturbadoras do corpo e da alma.

Isso foi a porta de entrada. Para além dela reside a sublime liberdade em que a alma, purificada das limitações do corpo e das baixas paixões, é capaz de servir a Deus com inimaginável competência e fervor. Para além dela está aquele conhecimento místico que certamente é real e certamente fechado a homens meramente naturais.

Convicção religiosa é uma coisa formada dos pensamentos que vêm através do duro trabalho de raciocinar, da conclusão lógica da fé e da experiência. A contemplação mística é uma espécie inteiramente diversa de conhecimento, uma intuição das coisas divinas dada por Deus, não procedente nem do conhecimento que os sentidos proporciona nem através dos canais ordinários do entendimento humano. Assim como um clarão de luz pode revelar a um homem uma pintura em todos os seus detalhes, assim também esse conhecimento que vem aos santos é claro e perfeito sem que eles trabalhem para ele.

Suprema alegria

S. Paulo teve esse conhecimento místico. “Sei de um homem em Cristo que, há catorze anos – se no corpo não sei, se fora do corpo não sei, Deus sabe – foi arrebatado ao terceiro céu. E sei, desse homem, – se no corpo ou fora do corpo não sei, Deus sabe – que ele foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras secretas que o homem não pode repetir” (2Cor 12, 2-4). Esta é, sem dúvida, uma passagem peculiar, porque aí S. Paulo fala de si mesmo. É peculiar também nisto que ele fala sobre uma espécie de conhecimento para o qual não há paralelos na terra.

Com o conhecimento os santos receberam um deleite que não pode ser descrito. É um deleite sensível, embora não sensual, tendo o seu efeito sobre as sensações corporais, mas não sendo limitadas por nenhuma das desvantagens do prazer corporal. Esse conhecimento místico trazia aos santos uma alegria tal, que eles sentiam que morreriam de felicidade se não fossem sustentados pelo poder divino. Não há escala do prazer humano pela qual esse deleite espiritual possa ser medido.

Esta é a espécie da bondade que a Igreja Católica insiste em buscar nas vidas daqueles a quem chama “santos”. Ela exige que eles tenham praticado todas as virtudes conjuntamente, e isso em medida extraordinária. Então, e só então, ele fica convencida de que isso está inteiramente acima do poder dos homens e deve ser devido a Deus. Este é o âmago da matéria: – a bondade dos santos é devida à graça de Deus atuando neles.

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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