Muitos judeus ilustres já se manifestaram publicamente agradecendo ao Papa Pio XI por ter salvo a vida de muitos judeus na Itália durante a perseguição de Hitler. Agora, mais uma historiadora judia, Anna Foa, membro da Associação Europeia de Estudos Judeus, e também professora de História Moderna na Universidade La Sapienza, de Roma, disse que “os resultados das investigações revelam que muitos judeus se salvaram durante a II Guerra Mundial pela intervenção de importantes líderes da Igreja, particularmente o Papa Pio XII.” Isto foi revelado por ela no Congresso em Florença (Itália), entre os dias 19 e 20 de janeiro de 2014.
O vaticanista Sandro Magister, revelou em seu blog Chiesa, que Anna Foa, indicou que os estudos mais atuais anulam “a imagem proposta nos anos sessenta de um Papa Pio XII indiferente ao destino dos judeus ou, inclusive, cúmplice dos nazistas”. “Os estudos dos últimos anos evidenciam cada vez mais o papel geral de proteção que a Igreja desempenhou em relação aos judeus durante a ocupação nazista da Itália”.
“Eu gostaria de ressaltar aqui que esta imagem mais recente da ajuda prestada aos judeus pela Igreja não surge de posições ideológicas ligadas ao catolicismo, mas, sobretudo, de investigações concretas sobre a vida dos judeus durante a ocupação, com a reconstrução de histórias de famílias ou de indivíduos. Em resumo, do trabalho de campo”.
A historiadora assegurou que casos de judeus refugiados em Igrejas e conventos aparecem “continuamente nas narrações dos sobreviventes”.
A pesquisadora lamentou que a discussão sobre Pio XII e os hebreus “freou a investigação durante muitos decênios, levando para o terreno ideológico cada tentativa de esclarecer os fatos históricos”. “ Durante a perseguição nazista, sacerdotes e hebreus compartilhavam o mesmo alimento”. “As mulheres judias passeavam nos corredores dos conventos de clausura, e os judeus aprendiam a recitar o Pai-Nosso e vestiam o hábito como precaução em caso de irrupções nazistas e fascistas”.
A historiadora lamentou que “em um momento que prevalecia a necessidade de esquecer a Shoah (holocausto nazista), este processo de diálogo foi bloqueado, em parte, porque por um lado os hebreus estavam tentando reconstruir seu próprio mundo e a própria identidade após a catástrofe e, por outro, os católicos pareciam ter retornado às posições tradicionais em que a esperança da conversão era mais forte que o respeito”.
“Nos inícios dos anos sessenta, com ‘O vigário’ de Hochhuth, sobre este processo se projetaria a sombra da lenda negra de Pio XII, com o resultado de obstruir e obscurecer a memória e o peso desse primeiro percurso comum”.