“Lança-te ao largo” (Lc 5,4)

A evangelização, a conversão de almas para Deus, não é um passatempo; mas uma missão, que precisa ser cumprida com esmero: preparo e oração!

No limiar do terceiro milênio da cristandade, o Santo Papa João Paulo II convocou os cristãos para “pescar em águas mais profundas”, onde se encontram peixes mais numerosos e maiores. Os Apóstolos tinham pescado toda a noite e nada apanharam; talvez estivessem em águas rasas; Jesus ordena-lhes; “lança-te ao largo”, vão para alto mar. Eles obedeceram, e as barcas se encheram de peixe… (João 21,6-7).

João Paulo II, Bento XVI e Francisco, nos enviaram para alto mar. E para isso é preciso estar preparados; o mar é bravio, podem surgir as tempestades a qualquer momento, ondas altas, vento forte, ameaçando virar a barca. Não podemos ser pescadores amadores.

sede_santosNão podemos mais ficar pescando apenas na praia, com varinha de bambu, linha fina e anzol pequeno, pegando manjubinhas. Essa pesca é só de diversão, não é profissional. A evangelização, a conversão de almas para Deus, não é um passatempo; mas uma missão, que precisa ser cumprida com esmero: preparo e oração.

Não é fácil arrancar as presas dos dentes do lobo cruel e assassino. De um lado é preciso muita oração, adoração ao Santíssimo, participação na Eucaristia, intimidade com a Palavra de Deus e formação doutrinária. Jesus deixou claro: “Sem Mim nada podeis” (Jo 15,5). Sem vida interior, sem meditação da Palavra, sem contemplação, não conseguimos levar Cristo ao coração dos outros. Quando os Apóstolos lançaram as redes “em Nome de Jesus”, elas se encheram de peixe. Não basta o preparo intelectual e logístico para a pesca de almas; é preciso mais, a fé e a graça de Deus.

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Mas, é necessário também o preparo com carinho. Paulo VI disse que “a mediocridade ofende o Espírito Santo”. Deus está pronto para mover os céus para realizar o que está além da nossa natureza, mas não moverá uma palha para fazer o que depende de nós. Ele faz o milagre do grão germinar na terra, mas jamais virá preparar o solo e nele lançar a semente.

Não adianta se lançar num ativismo frenético sem oração, sem espiritualidade. Seria um desastre. É como aquela noite que os Apóstolos batalharam a noite inteira no mar da Galileia e não pegaram nenhum peixe. Esses peixes grandes que a Igreja deles precisa estão no mar das universidades, da mídia, dos formadores de opinião. Mas é preciso pescadores corajosos, com equipamentos de pesca preparados, com grandes barcos para enfrentar o mar aberto e suas ondas…

Quem se oferece? “Quem Eu enviarei?” O Senhor continua a perguntar. “Eis-me aqui, disse eu, enviai-me” (Is 6,8).

Jesus clama por mais operários para a Sua messe que está se perdendo (Mt 9,37). Ele já plantou, a semente brotou, a árvore cresceu, deu fruto, mas não há quem colha. Ele desceu do céu, pregou o Evangelho, anunciou e inaugurou Seu Reino e do Seu Pai entre nós; morreu na cruz para vencer o demônio que detinha o poder da morte. E entregou a salvação a nós, para a levarmos aos outros… mas faltam operários para distribuir a graça.

O Mestre precisa tanto de bons operários que ele chama-os o dia inteiro, desde os de “primeira hora” até os da “última hora” do dia e paga a todos o mesmo salário. É o desespero do dono da messe que a vê se perder.

A missão da Igreja é evangelizar, salvar almas. O profeta Oseias recriminou os sacerdote de Israel por deixar o povo na ignorância religiosa: “Meu povo perece por falta de conhecimento” (Os 4,6). São Paulo disse “Ai de mim se eu não evangelizar” (1 Cor 9,16).

Jesus nos envia ao mundo (Jo 17,18). Quando o profeta Jeremias ficou com medo de profetizar em nome de Deus, dizendo-Lhe que era apenas uma criança e que não sabia falar, o Senhor o repreendeu: “Não digas: Sou apenas uma criança: porquanto irás procurar todos aqueles aos quais te enviar, e a eles dirás o que eu te ordenar. Não deves teme-los porque estarei contigo para livrar-te” (Jer 1,6).

O Divino Mestre nos chama e envia: “Sereis minhas testemunhas!” (At 1,8). “Não fostes vós que me escolheste, Eu vos escolhi…” (Jo 15,16). São Paulo insiste com Timóteo: “Prega oportuna e inoportunamente…” (2 Tm4,3). “Não vos conformeis com este mundo” (Rom 12,2). Diz aos romanos: “Como crerão Naquele de quem não viram falar? E como ouvirão falar, se não houver quem pregue? E como pregarão se não forem enviados, como está escrito: Quão formosos são os pés daqueles que anunciam a boa nova” (Is 52,7)?

razoes_para_crerQuando os judeus intimaram a Pedro e os Apóstolos a não pregarem mais em nome de Jesus, eles responderam: “Não podemos nos calar…” (At 4,10).

Jesus garante a nossa vitória. “E nada vos poderá causar dano” (Lc 10,19). “A batalha é de Deus” (2 Cr 20,15). “Eis que eu estou convosco todos os dias até o fim do mundo” (Mt 28,20). Então, vamos para águas mais profundas, com coragem, sem preguiça, “servir o Senhor com alegria!” (Sl 99,2).

Aproveito para deixar aqui uma sugestão a você que já serve a Deus de alguma maneira, em sua casa, paróquia ou comunidade. Leia o livro: A Alma de Todo Apostolado, de J.B. Chautard. É preciso ensinar a alma a bem servir ao Nosso Senhor!

Prof. Felipe Aquino

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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