Jubileu dos sacerdotes: Assim foi o primeiro retiro televisionado do Papa Francisco

_JoaquinPeiroPerezACIPrensa_070515Segundo o site ACI Digital, por ocasião do Jubileu dos sacerdotes, o Papa Francisco dirigiu ontem um retiro espiritual para 6.000 presbíteros e seminaristas reunidos em Roma (Itália), convidou-os a não esquecer sua condição de pecadores para poder experimentar e transmitir a misericórdia de Deus, assim como procurar refúgio no manto da Virgem Maria quando chegam os tempos turbulentos.

O Santo Padre dirigiu três meditações aos sacerdotes reunidos nas Basílicas Papais de São João de Latrão, Santa Maria Maior e São Paulo Extramuros, que foram transmitidas através da televisão e da internet, tornando-se desta maneira o primeiro retiro do Pontífice que foi transmitido pela televisão ao vivo.

Primeira meditação

Na basílica de São João de Latrão, o Papa Francisco compartilhou três sugestões para a oração pessoal deste dia, apoiadas em conselhos de Santo Ignácio de Loyola e que partem do dar graças a Deus por sua misericórdia. “Na oração, não nos ajuda intelectualizar (…), nosso diálogo com o Senhor deve se concretizar sobre o meu pecado que requer que a misericórdia do Senhor pouse sobre mim”.

“A última sugestão do Papa tem em vista o fruto dos exercícios espirituais (de Santo Inácio de Loyola), isto é, “pedir a Deus a graça de ser sacerdotes mais ‘misericordiados’ e mais misericordiosos”, assinalou.

Deste modo, em sua primeira meditação, o Papa refletiu sobre a parábola “do Pai misericordioso”, baseada na parábola do Filho Pródigo, para assinalar que assim como o filho que desperdiçou sua herança, “podemos viver muito tempo ‘sem’ a misericórdia do Senhor. Ou seja: podemos viver sem ser conscientes e sem pedi-la explicitamente. Até que nós percebemos que ‘tudo é misericórdia’ e choramos com amargura por não tê-la aproveitado antes, pois precisávamos tanto dela”.

Francisco explicou que “a miséria da qual falamos é a miséria moral, intransferível, aquela através da qual a pessoa tem consciência de si mesmo como pessoa que, em um momento decisivo de sua vida, agiu por sua iniciativa própria: escolheu algo e escolheu mal’. Este é o fundo que deverá tocar para sentir dor pelos seus pecados e para arrepender-se verdadeiramente”, assinalou.

Segunda meditação

Em seguida, o Pontífice se dirigiu à Basílica de Santa Maria Maior para realizar ao meio-dia a sua segunda meditação, dedicada aos “recipientes de misericórdia”, onde refletiu sobre as histórias de conversão dos apóstolos e santos para recordar que “Deus não Se cansa de perdoar” e é capaz de recriar os corações, embora os homens “nos cansemos de pedir perdão”.

“Ele volta a semear a sua misericórdia e o seu perdão, retorna uma e outra vez.… Setenta vezes sete”, afirmou.

Nesse sentido, Francisco recordou a conversão de Paulo. “Pode fazer-nos bem contemplar outros que deixaram recriar o seu coração pela misericórdia e olhar em qual ‘recipiente’ a receberam”, indicou.

Assinalou que o futuro apóstolo dos gentis era “duro e inflexível” em “seu julgamento moldado pela Lei” e que o impulsionava a ser um perseguidor. Entretanto, “a misericórdia o transforma de tal maneira que, quando se converte em um buscador dos mais afastados, dos que tinham uma mentalidade pagã, por outro lado é o mais compreensivo e misericordioso para com os que eram como ele havia sido”.

“Pedro recebe a misericórdia em sua presunção de homem sensato” – assinalou o Papa – e curado “na ferida mais profunda que pode existir, pois negou o seu amigo”. “O fato de ser curado converteu Pedro em um Pastor misericordioso, em uma pedra sólida sobre a qual sempre é possível edificar, porque é uma pedra frágil que foi curada, não é uma pedra que em sua firmeza faz com que o mais frágil tropece”, afirmou Francisco.

“João será curado em seu orgulho de querer reparar o mal com fogo e acabará sendo esse que escreve ‘meus filhinhos’”, enquanto “Agostinho foi curado em sua nostalgia de ter chegado tarde ao encontro: ‘Tarde te amei’”; e assim com outros santos da Igreja.

O Papa concluiu sua segunda meditação refletindo sobre Maria como “Mãe da misericórdia” e recordou sua visita à Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe durante sua viagem ao México.

“Quando vocês sacerdotes passearem por momentos escuros (…), deixem que Ela os olhe, em silêncio”, deixem que a sua mão os sustente e aferrem-se ao seu manto, assinalou Francisco. “Seus olhos misericordiosos são os que consideramos o melhor recipiente da misericórdia, no sentido de poder beber neles esse olhar indulgente e bom do qual temos sede”.

“O manto de Maria. Não ter vergonha. Não fazer grandes discursos, permanecer aí e deixar-se cobrir e olhar. E chorar. Quando encontramos um sacerdote que é capaz disto, de dirigir-se até a Mãe e chorar, com tantos pecados, posso dizer: é um bom sacerdote, porque é um bom filho. Será um bom pai. Guiados pela sua mão e sob seu olhar podemos cantar com alegria as grandezas do Senhor”, expressou.

Terceira meditação

Finalmente, o Santo Padre se dirigiu à Basílica de São Paulo Extramuros para pregar às 16h sua terceira meditação intitulada “O bom odor de Cristo e a luz de sua misericórdia”.

Francisco abordou o sacramento da Reconciliação. “Agora passamos ao espaço do confessionário, onde a verdade nos fará livres”, onde o sacerdote “exerce o ministério do Bom Pastor que busca a ovelha perdida” e se torna “sinal e instrumento” do encontro dos fiéis com o Senhor.

Entretanto, advertiu que as pessoas “perdoam muitos defeitos nos padres, exceto o de serem agarrados ao dinheiro”, porque “nos faz perder a riqueza da misericórdia” e matam o seu ministério ao transformá-los “em um funcionário ou, pior, num mercenário”.

“Devemos aprender com os bons confessores, com aqueles que têm delicadeza com as pessoas que se aproximam, os que não as espantam e sabem falar até que o outro conte o que acontece com ele, como Jesus fez com Nicodemos. Se uma pessoa se aproxima do confessionário é porque está arrependida, já existe um arrependimento. E se se aproxima é porque tem vontade de mudar”, indicou.

Nesse sentido, o Papa deu dois conselhos aos sacerdotes para a confissão: “Nunca adotem o olhar do funcionário, de quem só vê ‘casos’ e livra-se deles” e “não sejam curiosos no confessionário. Conta Santa Teresinha que, quando recebia as confidências de suas noviças, cuidava muito bem de perguntar como a pessoa estava depois. Não bisbilhotava a alma das pessoas”.

Finalmente, o Papa exortou os sacerdotes a praticar as obras de misericórdia, que “são infinitas”, pois as sete obras corporais e as sete espirituais “são como as matérias primas”. “Uma obra que se multiplica como o pão nas cestas, que cresce desmesuradamente como a semente de mostarda”, afirmou.

Francisco concluiu sua terceira meditação pedindo a Cristo “que nada nem ninguém nos separe de sua misericórdia, que nos defende das armadilhas do inimigo maligno. Assim poderemos cantar as misericórdias do Senhor junto com todos seu Santos quando nos chame junto a Ele”.

Fonte: http://www.acidigital.com/noticias/jubileu-dos-sacerdotes-assim-foi-o-primeiro-retiro-televisionado-do-papa-francisco-99794/

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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