Igreja Católica na luta contra a corrupção

No dia 13/10/11 o Cardeal D. Raymundo Damasceno, presidente da CNBB convocou o povo católico a protestar contra a corrupção

Também o arcebispo de São Paulo, Cardeal Scherer, criticou políticos e defendeu as manifestações contra a corrupção desenfreada no país, dentro e fora do governo. Disse o cardeal D. Odilo Scherer que a sociedade deve “reagir e se indignar”.

No feriado de Nossa Senhora Aparecida, os cardeais discursaram contra a corrupção e usaram a data religiosa para incentivar os fiéis a participar das manifestações realizadas ontem em diversas cidades do país. Eles criticaram os políticos e disseram que a sociedade deve se mobilizar e fiscalizar o uso do dinheiro público.

Na igreja de São Luiz Gonzaga, em Pirituba (zona norte de SP), dom Odilo elogiou os protestos e disse que a corrupção “está em toda parte, afligindo o povo brasileiro”.

“Quando não somos mais capazes de reagir e nos indignar diante da corrupção, é porque nosso senso ético também ficou corrompido”, afirmou, em sermão. “Quando o povo começa a se manifestar, a coisa melhora. É isso que precisa acontecer.”

Disse o cardeal Scherer que  “A corrupção é como a água suja do Tietê. Não gera vida, não é coisa boa”. E o cardeal pediu a Nossa Senhora Aparecida que “interceda por todos os responsáveis pelo governo”. “Nossa Senhora Aparecida é a Padroeira do Brasil. Queremos que o Brasil melhore, que seja um país mais digno e decente.”

No Santuário Nacional de Aparecida (180 km de SP), o presidente da CNBB disse, em entrevista após a missa solene, que a entidade defende os atos contra a corrupção.

“Sabemos de manifestações organizadas por redes sociais e defendemos que a população deve acompanhar os nossos homens públicos, sejam do Executivo ou do Legislativo”, afirmou dom Raymundo Damasceno. “Quando há denúncias de corrupção, que sejam investigadas, [que se investigue] se há responsáveis ou não.”

Sabemos que a corrupção no Brasil é institucionalizada e desenfreada, corroendo os recursos e impostos pagos pelo povo e que deveriam ser usados na saúde, educação, segurança, habitação, previdência, etc., mas que saem pelos ralos da corrupção.

Com este aval e incentivo da Igreja Católica, o povo de Deus precisa se mobilizar de maneira ordenada e, como disse, o cardeal Scherer, “reagir e se indignar”. Sair ás ruas, protestar, escrever a deputados, senadores, ministros, etc. Os párocos, catequistas, agentes de pastoral, movimentos, comunidades, precisam se unir a este apelo de nossos cardeais em defesa do povo. Não podemos pecar por omissão nesta hora.  Em cada missa, em cada grupo de oração, em cada Encontro, esse apelo de nossos Pastores em defesa do povo, deve ser reafirmado. Que ninguém se omita, que ninguém se esconda em um silêncio covarde e até pecaminoso.

Já são cinco ministros que caíram por corrupção; um tremendo abuso e escândalo, e isso é responsabilidade de quem os nomeou. O povo deve cobrar isso com firmeza porque é o seu suado dinheiro que é roubado. Como disse Luther King: “não tenho medo dos maus e dos violentos, tenho medo do silêncio dos bons”.

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Prof. Felipe Aquino
Fonte: Folha de  SP

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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