Há cristãos que amam a Deus como fariseus, afirma Bento XVI

Castel Gandolfo, segunda-feira, 03 de setembro de 2012 (Gaudium Press) – O sentido das palavras ditas pelo Santo Padre ao meio dia desse domingo pode ser resumido na seguinte afirmação: Colocar em prática, todos os dias, a Lei do Evangelho liberta o cristão do perigo da “falsa religiosidade”.

Relendo algumas passagens da liturgia deste domingo, dedicada ao tema da Lei de Deus, Bento XVI mostrou que uma tentação humana tão antiga quanto a relação entre Deus e o homem é querer ficar em paz com a consciência concedendo a Deus algumas palavras de superficial devoção para, na realidade, depositar a própria confiança naqueles interesses pessoais que são as verdadeiras “divindades” de muitos, inclusive de cristãos.

“Por isso na Bíblia a Lei não é vista como um peso, uma limitação que oprime, mas como a doação mais preciosa do Senhor, o testemunho de seu amor paterno, da sua vontade de estar próximo de seu povo, de ser seu Aliado e escrever com ele uma história de amor.”

Mas muitas vezes não é assim. E o Papa tomou como exemplo o que aconteceu com o povo judeu do Antigo Testamento, quando saiu do exílio e caminhou no deserto, mesmo tendo junto a si a Lei divina que Moisés exorta constantemente a ser colocada em prática por eles:

“Eis o problema: quando o povo se estabelece na terra, e é depositário da Lei, é tentado a recolocar a sua segurança e a sua alegria em algo que não é mais a Palavra do Senhor. Recoloca-as nos bens, no poder, em outras ‘divindades’, que na realidade são vãs, são ídolos.”

É claro, Deus não é colocado inteiramente de lado, observou o Pontífice. Sua Lei “permanece, mas já não é a coisa mais importante, a regra de vida”.

E é isto que, no Evangelho, Nosso Senhor Jesus Cristo censura nos fariseu, para os quais a Lei divina havia tornado-se outra coisa:

“Torna-se, sobretudo, um revestimento, uma cobertura, enquanto a vida segue outros caminhos, outras regras, interesses muitas vezes egoístas individuais e de grupo. E assim a religião perde o seu autêntico sentido, que é viver na escuta de Deus para fazer a sua vontade, e se reduz a prática de usos secundários, que satisfazem, sobretudo, a necessidade humana de sentir-se tranquilo diante de Deus. Esse é um grave risco (…) que, infelizmente, pode verificar-se, também no cristianismo.” (JSG)

Fonte: http://www.gaudiumpress.org/content/39902-Ha-cristaos-que-amam-a-Deus-como-fariseus–afirma-Bento-XVI

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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