ROMA, 05
Jan. 11 / 09:10 am (ACI).- O governador de Punjab (Paquistão), Salman Tasir, que
intercedia pela vida da
cristã Asia Bibi, foi assassinado com nove tiros por um dos seus guarda-costas
devido às suas críticas à lei de blasfêmia.
O crime cometido na terça-feira aconteceu quando Tasir descia do seu automóvel
perto de um mercado de Islamabad. O autor do assassinato afirmou depois de sua
detenção que atuou porque o governador era favorável à emenda da lei de
blasfêmia.
Segundo a imprensa internacional, o Ministro do Interior, Rehman Malik,
informou que se está investigando se houver alguém mais detrás deste
assassinato.
Tasir esteve no alvo das críticas dos islamistas por sua oposição à lei de
blasfêmia. Inclusive estava intercedendo pela vida da cristã Ásia Bibi,
condenada à morte sob a mencionada legislação.
Nos últimos meses esta lei -que condena a tudo o que supostamente ofende
Maomé-, foi criticada dentro e fora do Paquistão inclusive pelos próprios
muçulmanos, pois se converteu em ferramenta de abusos contra as minorias
religiosas e vinganças.
O caso mais emblemático é o da cristã Asia Bibi, mas também os muçulmanos são
afetados por esta lei. Em meados de dezembro passado o médico muçulmano Naushad
Valyani foi detido por jogar no lixo o cartão de um representante de uma
farmacêutica chamado “Mohamed” (Maomé em espanhol), o nome de maior
uso entre a população islâmica.
A Lei de Blasfêmia agrupa várias normas contidas no Código Penal inspiradas
diretamente na Xaria – lei religiosa muçulmana – para sancionar qualquer ofensa
de palavra ou obra contra Alá, Maomé ou o Corão. A ofensa pode ser denunciada
por um muçulmano sem necessidade de testemunhas ou provas adicionais e o
castigo supor o julgamento imediato e a posterior condenação à prisão ou morte
do acusado.
A lei é usada com frequência para perseguir a minoria cristã, que está
acostumada a ser explorada no campo do trabalho e discriminada no acesso à
educação e os postos de função pública.