Família: Documento aprovado pela Comissão Representativa da CNBB – Final

50. Os cursos de preparação
ao casamento, se bem realizados, podem se constituir em preparação ime­diata
extremamente eficaz, por encontrarem terre­no particularmente fértil e
receptivo, nessa fase pré-matrimonial. Mas a realização destes cursos não deve
fazer esquecer a necessidade de uma prepara­ção remota, que deverá ser
ministrada através dos movimentos de jovens, nas aulas de religião dos últimos
anos do curso, e em outras ocasiões, dentro de uma visão vocacional.

51. Programas concretos de
apoio à família deve­rão ser desenvolvidos, de modo especial, logo após o
casamento.

Para tanto, deverão ser
aproveitadas todas as oportunidades naturais de encontro da Igreja com as
famílias que dela se aproximam. Oportunidade válida e adequada para tanto
deveriam ser os encon­tros realizados com pais e padrinhos de crianças que vão
se batizar.

As atividades catequéticas
paroquiais costu­mam incluir contatos sistemáticos com os pais. É esta uma
oportunidade insubstituível para o apro­fundamento do estudo das realidades da
família pa­ra que enfrentem, com maiores possibilidades de êxito, as causas da
desagregação familiar.

Tais encontros se prestam a
debates sérios so­bre os problemas familiares; ao desenvolvimento do espírito crítïco que prepare
a família para a sua função de síntese das influências externas; à melhor
compreensão dos pais em relação às funções essen­ciais da família num mundo em
transformação, es­pecialmente as funções afetivas e formadoras de pessoas; à
coerência entre a fé que procuram trans­mitir aos filhos e os compromissos
éticos que a fé supõe.

52. Outras oportunidades de
contato deverão ser incentivadas, através da realização de encontros de casais,
cursos, ciclos de debates, com recursos a técnicas modernas de comunicação, que
motivem a participação ativa das famílias num processo de crescimento e
maturaçâo com abertura crescente para a realidade social em que estão
mergulhadas.

53. Uma pastoral que se dirigisse somente às fa­mílias
consideradas cristãs, marcadas pelo vínculo sacramental, seria uma pastoral
imperfeita, desvin­culada da realidade. Grande número de famílias
brasileiras não po­dem ser consideradas “famílias-cristãs”, no
sentido estrito da expressão, mas grupos familiares nem sempre completos, aos
quais faltam muitas vezes o vínculo jurídico ou sacramental. São grupos que
preenchem os requisitos oficiais necessários, mas Ihes falta o amor como base
do inter-relacionamento pessoal:

Todas essas famílias,
quaisquer que sejam suas imperfeições e deficiências, deverão ser atingidas
pela ação pastoral da Igreja, levando-se em conta carências, limitações e
necessidades.

54. Um dos recursos para que
sejam atingidas to­das as famílias será a presença atuante da Igreja e seus
agentes de pastoral, nos meios de comunicação social, especialmente na TV, no
rádio e no cinema.
55. Por outro lado, devem ser incentivados e apoia­dos os
institutos familiares e centros de orientação, dedicados ao aconselhamento
conjugal e familiar, e a terapia psicológica, nos casos que o exijam.

56. A complexidade da vidá moderna e a diversi­dade de
pressões internas e externas a que está sujeita a família, gerando tensões,
torna cada vez mais necessária esta forma de apoìo.

57. Ouanto aos recursos
humanos, sempre escas­sos, cabe à Igreja e, em particular, aos seus movi­mentos
familiares leigos, descobrir novas formas de engajamento apostólico, através da
compreensão crescente, por todos os cristãos, de que a fé supõe o compromisso
com a justiça e o amor ao próximo, que se consubstância pelo serviço.

Conclusão
58. A Igreja, fiel a Cristo,
defendendo a família, não luta por seus interesses, mas primeira e essencial­mente
pelo homem, e isto ela o faz em nome de Deus, que nos amou primeiro e nos deu a
fé que nos ultrapassa. O remédio contra os males da socieda­de não pode
consistir em Ihe subtrair o amparo e a proteção da Lei, mas em ensinar a todos
e em estimular os fracos a terem a coragem de buscar sua própria dignidade.

59. O próprio Deus,
fazendo-se homem para reali­zar o desígnio de nossa salvaçâo, quis nascer em
uma família, pobre e humilde, e nela viver obscura­mente a maior parte de sua
vida. Foi numa família que Ele quis realizar sua experiência humana, parti­cipando
plenamente de suas alegrias e sofrimentos e se identificando em tudo com nossa
condicão hu­mana, menos no pecado. Foi a família que Ele quis consagrar como a
mais pura expressão humana do mistério trinitário de três Pessoas em um só
Deus, mistério da mais perfeita distinção das pessoas na mais absoluta comunhão
da natureza.

60. É este mistério
trinitário, em última análise, o protótipo da intercomunicação de amor que deve
unir indissoluvelmente os que, no mundo, devem ser também a expressão vìva da
íntima comunhão divina.

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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