Faço Novas todas as coisas – EB

Revista: “PERGUNTE E
RESPONDEREMOS”

D. Estevão Bettencourt, osb

Nº 428 – Ano 1998 – Pág. 1

 

(Ap. 21,5)

O livro do Apocalipse, em
sua parte final, transmite as palavras do Senhor Deus: “As coisas antigas se
foram (…) Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,4s).

O binômio “velho-novo” fala
espontaneamente a todo ser humano. Pois “velho” lembra “desgastado, deteriorado”,
ao passo que “novo” implica vigor, ânimo, fortaleza … O mundo de hoje parece
ansiar ardorosamente pelo “novo”, dado que está cansado do velho ou dos infortúnios
do século XX, marcado por duas guerras mundiais. – Há quem responda a tais anseios
propondo a mensagem de Nova Era (…). Esta acarretaria a solução dos problemas da
humanidade, (…), solução trazida por extra-terrestres, que ensinariam aos homens
novos métodos de vida, ou solução descoberta na Gnose ou em conhecimentos
ocultos desde a antigüidade e reservados a poucos iniciados.

Quem reflete sobre estas
propostas de novidade, indaga: qual o fundamento racional ou lógico para
admitir tal mensagem? – A emoção, a irracionalidade, o desespero parecem falar
mais forte, em tal contexto, do que a razão. A emoção, porém, e a
irracionalidade não são bússola para a conduta humana; quem se desliga da razão,
cai no subjetivismo fantasioso e caótico. Na verdade, só Deus – reconhecido pela
fé, que a razão credencia – pode fazer todas as coisas novas, como aliás as fez
no início da era cristã, salvando da decadência a civilização greco-romana e
construindo a civilização cristã. Esta foi a grande novidade no mundo antigo
(Deus é Amor e chama o homem a colaborar com Ele no acabamento deste mundo para
levá-lo posteriormente ao consórcio de sua bem-aventurança). A vitalidade dessa
mensagem não se esgotou; continua presente na história, anunciando uma nova
Aliança, um novo nome, uma nova criatura, novos céus e nova terra… O que se
questiona, é se os portadores da Boa-Nova acreditam nela com todas as suas
fibras, de modo a vencer os obstáculos que se lhe opõem e reimplantá-la no
mundo descristianizado. Este é o grande interrogativo do momento, que já Pio
XII (1939-1958) realçava ao observar: “O escândalo dos nossos tempos é que os
bons estão cansados e os maus não estão cansados”.

Importa, pois, ao cristão
tomar consciência do papel singular que lhe toca neste momento. O clamor por
novidade ou por Nova Era é o clamor pela única novidade capaz de preencher as
aspirações do homem; e essa novidade foi por Deus confiada aos seus servidores:
“Vós sois o sal da terra. Se o sal perder o seu sabor, com que se há de salgar?”
(Mt 5,13). Se os cristãos falharem, ninguém realizará o papel que lhes toca, e
este mundo continuará inquieto à procura de respostas que nem os discos
voadores  nem os segredos esotéricos lhe
poderão comunicar.

O novo ano seja ocasião para
que se renove a nossa consciência de que o mundo de hoje pede uma presença viva
e atuante dos cristãos autênticos, fiéis a Cristo em sua única Igreja confiada
a Pedro!

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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