Exortação Apostólica pós-sinodal Verbum Domini do Papa Bento XVI (Parte 3)

Sugestivamente
os Padres da Igreja, ao contemplarem este mistério, colocam nos lábios da Mãe
de Deus esta expressão: «Está sem palavra a Palavra do Pai, que fez toda a
criatura que fala; sem vida estão os olhos apagados d’Aquele a cuja palavra e
aceno se move tudo o que tem vida».[37]
Aqui verdadeiramente comunica-se-nos o amor «maior», aquele que dá a vida pelos
próprios amigos (cf. Jo 15, 13).

Neste
grande mistério, Jesus manifesta-Se como a Palavra da Nova e Eterna Aliança: a
liberdade de Deus e a liberdade do homem encontraram–se definitivamente na sua
carne crucificada, num pacto indissolúvel, válido para sempre. O próprio Jesus,
na Última Ceia, ao instituir a Eucaristia falara de «Nova e Eterna Aliança»,
estabelecida no seu sangue derramado (cf. Mt 26, 28; Mc 14, 24; L?c 22, 20), mostrando-Se como o
verdadeiro Cordeiro imolado, no qual se realiza a definitiva libertação da
escravidão.[38]

No mistério
refulgente da ressurreição, este silêncio da Palavra manifesta-se com o seu
significado autêntico e definitivo. Cristo, Palavra de Deus encarnada,
crucificada e ressuscitada, é Senhor de todas as coisas; é o Vencedor, o
Pantocrator, e assim todas as coisas ficam recapituladas n’Ele para sempre (cf.
Ef 1, 10). Por isso, Cristo é «a luz do mundo» (Jo 8, 12), aquela luz que
«resplandece nas trevas» (Jo 1, 5) mas as trevas não a acolheram (cf. Jo 1, 5).
Aqui se compreende plenamente o significado do Salmo 119 quando a designa
«farol para os meus passos, e luz para os meus caminhos» (v. 105); esta luz
decisiva na nossa estrada é precisamente a Palavra que ressuscita. Desde o
início, os cristãos tiveram consciência de que, em Cristo, a Palavra de Deus
está presente como Pessoa. A Palavra de Deus é a luz verdadeira, de que o homem
tem necessidade. Sim, na ressurreição, o Filho de Deus surgiu como Luz do
mundo. Agora, vivendo com Ele e para Ele, podemos viver na luz.

13.
Chegados por assim dizer ao coração da «Cristologia da Palavra», é importante
sublinhar a unidade do desígnio divino no Verbo encarnado: é por isso que o
Novo Testamento nos apresenta o Mistério Pascal de acordo com as Sagradas
Escrituras, como a sua íntima realização. São Paulo, na Primeira Carta aos
Coríntios, afirma que Jesus Cristo morreu pelos nossos pecados, «segundo as
Escrituras» (15, 3) e que ressuscitou no terceiro dia «segundo as Escrituras»
(15, 4). Deste modo o Apóstolo põe o acontecimento da morte e ressurreição do
Senhor em relação com a história da Antiga Aliança de Deus com o seu povo. Mais
ainda, faz-nos compreender que esta história recebe de tal acontecimento a sua
lógica e o seu verdadeiro significado. No Mistério Pascal, realizam-se «as
palavras da Escritura, isto é, esta morte realizada “segundo as Escrituras” é
um acontecimento que contém em si mesmo um logos, uma lógica: a morte de Cristo
testemunha que a Palavra de Deus Se fez totalmente “carne”, “história” humana».[39]
Também a ressurreição de Jesus acontece «ao terceiro dia, segundo as
Escrituras»: dado que a corrupção, segundo a interpretação judaica, começava
depois do terceiro dia, a palavra da Escritura cumpre-se em Jesus, que
ressuscita antes de começar a corrupção. Deste modo São Paulo, transmitindo
fielmente o ensinamento dos Apóstolos (cf. 1 Cor 15, 3), sublinha que a vitória
de Cristo sobre a morte se verifica através da força criadora da Palavra de
Deus. Esta força divina proporciona esperança e alegria: tal é, em definitivo,
o conteúdo libertador da revelação pascal. Na Páscoa, Deus revela-Se a Si mesmo
juntamente com a força do Amor trinitário que aniquila as forças destruidoras
do mal e da morte.

Assim,
recordando estes elementos essenciais da nossa fé, podemos contemplar a unidade
profunda entre criação e nova criação e de toda a história da salvação em Cristo. Recorrendo
a uma imagem, podemos comparar o universo com uma partitura, um «livro» – diria
Galileu Galilei – considerando-o como «a obra de um Autor que Se exprime
através da “sinfonia” da criação. Dentro desta sinfonia, a determinado ponto
aparece aquilo que, em linguagem musical, se chama um “solo”, um tema confiado
a um só instrumento ou a uma só voz; e é tão importante que dele depende o
significado da obra inteira. Este “solo” é Jesus (.). O Filho do Homem
compendia em Si mesmo a terra e o céu, a criação e o Criador, a carne e o
Espírito. É o centro do universo e da história, porque n’Ele se unem sem se
confundir o Autor e a sua obra».[40]

Dimensão
escatológica da Palavra de Deus

14. Por
meio de tudo isto, a Igreja exprime a consciência de se encontrar, em Jesus Cristo, com a
Palavra definitiva de Deus; Ele é «o Primeiro e o Último» (Ap 1, 17). Deu à criação
e à história o seu sentido definitivo; por isso somos chamados a viver o tempo,
a habitar na criação de Deus dentro deste ritmo escatológico da Palavra.
«Portanto, a economia cristã, como nova e definitiva aliança, jamais passará, e
não se há-de esperar nenhuma outra revelação pública antes da gloriosa
manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo (cf. 1 Tm 6, 14; Tt 2, 13)».[41]
De facto, como recordaram os Padres durante o Sínodo, a «especificidade do
cristianismo manifesta-se no acontecimento que é Jesus Cristo, ápice da
Revelação, cumprimento das promessas de Deus e mediador do encontro entre o
homem e Deus. Ele, “que nos deu a conhecer Deus” (Jo 1, 18), é a Palavra única
e definitiva confiada à humanidade».[42]
São João da Cruz exprimiu esta verdade de modo admirável: «Ao dar-nos, como nos
deu, o seu Filho, que é a sua Palavra – e não tem outra – Deus disse-nos tudo
ao mesmo tempo e de uma só vez nesta Palavra única e já nada mais tem para
dizer (.). Porque o que antes disse parcialmente pelos profetas, revelou-o
totalmente, dando-nos o Todo que é o seu Filho. E por isso, quem agora quisesse
consultar a Deus ou pedir-Lhe alguma visão ou revelação, não só cometeria um
disparate, mas faria agravo a Deus, por não pôr os olhos totalmente em Cristo e
buscar fora d’Ele outra realidade ou novidade».[43]

Consequentemente,
o Sínodo recomendou que «se ajudassem os fiéis a bem distinguir a Palavra de
Deus das revelações privadas»,[44]
cujo «papel não é (.) “completar” a Revelação definitiva de Cristo, mas ajudar
a vivê-la mais plenamente, numa determinada época histórica».[45]
O valor das revelações privadas é essencialmente diverso do da única revelação
pública: esta exige a nossa fé; de facto nela, por meio de palavras humanas e
da mediação da comunidade viva da Igreja, fala-nos o próprio Deus. O critério
da verdade de uma revelação privada é a sua orientação para o próprio Cristo.
Quando aquela nos afasta d’Ele, certamente não vem do Espírito Santo, que nos
guia no âmbito do Evangelho e não fora dele. A revelação privada é uma ajuda
para a fé, e manifesta-se como credível precisamente porque orienta para a
única revelação pública. Por isso, a aprovação eclesiástica de uma revelação
privada indica essencialmente que a respectiva mensagem não contém nada que
contradiga a fé e os bons costumes; é lícito torná-la pública, e os fiéis são
autorizados a prestar-lhe de forma prudente a sua adesão. Uma revelação privada
pode introduzir novas acentuações, fazer surgir novas formas de piedade ou
aprofundar antigas. Pode revestir-se de um certo carácter profético (cf. 1 Ts
5, 19-21) e ser uma válida ajuda para compreender e viver melhor o Evangelho na
hora actual; por isso não se deve desprezá-la. É uma ajuda, que é oferecida,
mas da qual não é obrigatório fazer uso. Em todo o caso, deve tratar-se de um
alimento para a fé, a esperança e a caridade, que são o caminho permanente da
salvação para todos.[46]

A Palavra
de Deus e o Espírito Santo

15. Depois
de nos termos detido sobre a Palavra última e definitiva de Deus ao mundo, é
necessário recordar agora a missão do Espírito Santo relativamente à Palavra
divina. De facto, não é possível uma compreensão autêntica da revelação cristã
fora da acção do Paráclito. Isto deve-se ao facto de a comunicação que Deus faz
de Si mesmo implicar sempre a relação entre o Filho e o Espírito Santo, a Quem
Ireneu de Lião realmente chama «as duas mãos do Pai».[47]
Aliás, é a Sagrada Escritura que nos indica a presença do Espírito Santo na
história da salvação e, particularmente, na vida de Jesus, o Qual é concebido
no seio da Virgem Maria por obra do Espírito Santo (cf. Mt 1, 18; L?c 1, 35); ao iniciar a sua missão
pública nas margens do Jordão, vê-O descer sobre Si em forma de pomba (cf. Mt
3, 16); neste mesmo Espírito, Jesus age, fala e exulta (cf. L?c 10, 21); é no Espírito que Se
oferece a Si mesmo (cf. Hb 9, 14). Quando está para terminar a sua missão –
segundo narra o evangelista São João -, o próprio Jesus relaciona claramente o
dom da sua vida com o envio do Espírito aos Seus (cf. Jo 16, 7). Depois Jesus
ressuscitado, trazendo na sua carne os sinais da paixão, derrama o Espírito
(cf. Jo 20, 22), tornando os discípulos participantes da sua própria missão
(cf. Jo 20, 21). O Espírito Santo ensinará aos discípulos todas as coisas,
recordando-lhes tudo o que Cristo disse (cf. Jo 14, 26), porque será Ele, o
Espírito de Verdade (cf. Jo 15, 26), a guiar os discípulos para a Verdade
inteira (cf. Jo 16, 13). Por fim, como se lê nos Actos dos Apóstolos, o
Espírito desce sobre os Doze reunidos em oração com Maria no dia de Pentecostes
(cf. 2, 1-4) e anima-os na missão de anunciar a Boa Nova a todos os povos.[48]

Por
conseguinte, a Palavra de Deus exprime-se em palavras humanas graças à obra do
Espírito Santo. A missão do Filho e a do Espírito Santo são inseparáveis e
constituem uma única economia da salvação. O mesmo Espírito, que actua na
encarnação do Verbo no seio da Virgem Maria, guia Jesus ao longo de toda a sua
missão e é prometido aos discípulos. O mesmo Espírito que falou por meio dos
profetas, sustenta e inspira a Igreja no dever de anunciar a Palavra de Deus e
na pregação dos Apóstolos; e, enfim, é este Espírito que inspira os autores das
Sagradas Escrituras.

16.
Conscientes deste horizonte pneumatológico, os Padres sinodais quiseram lembrar
a importância da acção do Espírito Santo na vida da Igreja e no coração dos
fiéis relativamente à Sagrada Escritura:[49]
sem a acção eficaz do «Espírito da Verdade» (Jo 14, 16), não se podem
compreender as palavras do Senhor. Como recorda ainda Santo Ireneu: «Aqueles
que não participam do Espírito não recebem do peito da sua mãe [a Igreja] o
alimento da vida; nada recebem da fonte mais pura que brota do corpo de
Cristo».[50]
Tal como a Palavra de Deus vem até nós no corpo de Cristo, no corpo eucarístico
e no corpo das Escrituras por meio do Espírito Santo, assim também só pode ser
acolhida e compreendida verdadeiramente graças ao mesmo Espírito.

Os grandes
escritores da tradição cristã são unânimes ao considerar o papel do Espírito
Santo na relação que os fiéis devem ter com as Escrituras. São João Crisóstomo
afirma que a Escritura «tem necessidade da revelação do Espírito, a fim de que,
descobrindo o verdadeiro sentido das coisas que nela se encerram, disso mesmo
tiremos abundante proveito».[51]
Também São Jerónimo está firmemente convencido de que «não podemos chegar a
compreender a Escritura sem a ajuda do Espírito Santo que a inspirou».[52]
Depois, São Gregório Magno sublinha, de modo sugestivo, a obra do mesmo
Espírito na formação e na interpretação da Bíblia: «Ele mesmo criou as palavras
dos Testamentos Sagrados, Ele mesmo as desvendou».[53]
Ricardo de São Víctor recorda que são necessários «olhos de pomba», iluminados
e instruídos pelo Espírito, para compreender o texto sagrado.[54]

Desejaria
ainda sublinhar como é significativo o testemunho a respeito da relação entre o
Espírito Santo e a Escritura que encontramos nos textos litúrgicos, onde a
Palavra de Deus é proclamada, escutada e explicada aos fiéis. É o caso de
antigas orações que, em forma de epiclese, invocam o Espírito antes da
proclamação das leituras: «Mandai o vosso Espírito Santo Paráclito às nossas
almas e fazei-nos compreender as Escrituras por Ele inspiradas; e concedei-me
interpretá-las de maneira digna, para que os fiéis aqui reunidos delas tirem
proveito». De igual modo, encontramos orações que, no fim da homilia, novamente
invocam de Deus o dom do Espírito sobre os fiéis: «Deus salvador (.), nós Vos
pedimos por este povo: Mandai sobre ele o Espírito Santo; o Senhor Jesus venha
visitá-lo, fale à mente de todos e abra os corações à fé e conduza para Vós as
nossas almas, Deus das Misericórdias».[55]
Por tudo isto bem podemos compreender que não é possível alcançar o sentido da
Palavra, se não se acolhe a acção do Paráclito na Igreja e nos corações dos
fiéis.

Tradição e
Escritura

17.
Reafirmando o vínculo profundo entre o Espírito Santo e a Palavra de Deus,
lançamos também as bases para compreender o sentido e o valor decisivo da
Tradição viva e das Sagradas Escrituras na Igreja. De facto, uma vez que Deus
«amou de tal modo o mundo que lhe deu o seu Filho único» (Jo 3, 16), a Palavra
divina, pronunciada no tempo, deu-Se e «entregou-Se» à Igreja definitivamente
para que o anúncio da salvação possa ser eficazmente comunicado em todos os
tempos e lugares. Como nos recorda a Constituição dogmática Dei
Verbum
, o próprio Jesus Cristo «mandou aos Apóstolos que pregassem a todos,
como fonte de toda a verdade salutar e de toda a disciplina de costumes, o
Evangelho prometido antes pelos profetas e por Ele cumprido e promulgado
pessoalmente, comunicando-lhes assim os dons divinos. Isto foi realizado com fidelidade
tanto pelos Apóstolos que, na sua pregação oral, exemplos e instituições,
transmitiram aquilo que tinham recebido dos lábios, trato e obras de Cristo, e
o que tinham aprendido por inspiração do Espírito Santo, como por aqueles
Apóstolos e varões apostólicos que, sob a inspiração do Espírito Santo,
escreveram a mensagem da salvação».[56]

Além disso
o Concílio
Vaticano II
recorda que esta Tradição de origem apostólica é realidade viva
e dinâmica: ela «progride na Igreja sob a assistência do Espírito Santo»; não
no sentido de mudar na sua verdade, que é perene, mas «progride a percepção
tanto das coisas como das palavras transmitidas», com a contemplação e o
estudo, com a inteligência dada por uma experiência espiritual mais profunda, e
por meio da «pregação daqueles que, com a sucessão do episcopado, receberam o
carisma da verdade».[57]

A Tradição
viva é essencial para que a Igreja, no tempo, possa crescer na compreensão da
verdade revelada nas Escrituras; de facto, «mediante a mesma Tradição, conhece
a Igreja o cânon inteiro dos livros sagrados, e a própria Sagrada Escritura
entende-se nela mais profundamente e torna-se incessantemente operante».[58]
Em última análise, é a Tradição viva da Igreja que nos faz compreender
adequadamente a Sagrada Escritura como Palavra de Deus. Embora o Verbo de Deus
preceda e exceda a Sagrada Escritura, todavia, enquanto inspirada por Deus,
esta contém a Palavra divina (cf. 2 Tm 3, 16) «de modo totalmente singular».[59]

18. Disto
conclui-se como é importante que o Povo de Deus seja educado e formado
claramente para se abeirar das Sagradas Escrituras na sua relação com a
Tradição viva da Igreja, reconhecendo nelas a própria Palavra de Deus. É muito
importante, do ponto de vista da vida espiritual, fazer crescer esta atitude
nos fiéis. A este respeito pode ajudar a recordação de uma analogia
desenvolvida pelos Padres da Igreja entre o Verbo de Deus que Se faz «carne» e
a Palavra que se faz «livro».[60]
A Constituição dogmática Dei
Verbum
, ao recolher esta tradição antiga segundo a qual «o corpo do Filho é
a Escritura que nos foi transmitida» – como afirma Santo Ambrósio[61]
-,  declara: «As palavras de Deus, com efeito, expressas por línguas
humanas, tornaram-se intimamente semelhantes à linguagem humana, como outrora o
Verbo do eterno Pai Se assemelhou aos homens tomando a carne da fraqueza
humana».[62]
Vista assim, a Sagrada Escritura, apesar da multiplicidade das suas formas e
conteúdos, aparece-nos como uma realidade unitária. De facto, «através de todas
as palavras da Sagrada Escritura, Deus não diz mais que uma só palavra, o seu
Verbo único, em quem totalmente Se diz (cf. Hb 1, 1-3)»,[63]
como claramente afirmava já Santo Agostinho: «Lembrai-vos de que o discurso de
Deus que se desenvolve em todas as Escrituras é um só, e um só é o Verbo que Se
faz ouvir na boca de todos os escritores sagrados».[64]

Em última
análise, através da obra do Espírito Santo e sob a guia do Magistério, a Igreja
transmite a todas as gerações aquilo que foi revelado em Cristo. A Igreja
vive na certeza de que o seu Senhor, tendo falado outrora, não cessa de
comunicar hoje a sua Palavra na Tradição viva da Igreja e na Sagrada Escritura.
De facto, a Palavra de Deus dá-se a nós na Sagrada Escritura, enquanto
testemunho inspirado da revelação, que, juntamente com a Tradição viva da
Igreja, constitui a regra suprema da fé.[65]

Sagrada
Escritura, inspiração e verdade

19. Um
conceito-chave para receber o texto sagrado como Palavra de Deus em palavras
humanas é, sem dúvida, o de inspiração. Também aqui se pode sugerir uma
analogia: assim como o Verbo de Deus Se fez carne por obra do Espírito Santo no
seio da Virgem Maria, assim também a Sagrada Escritura nasce do seio da Igreja
por obra do mesmo Espírito. A Sagrada Escritura é «Palavra de Deus enquanto foi
escrita por inspiração do Espírito de Deus».[66]
Deste modo se reconhece toda a importância do autor humano que escreveu os
textos inspirados e, ao mesmo tempo, do próprio Deus como verdadeiro autor.

Daqui se vê
com toda a clareza – lembraram os Padres sinodais – como o tema da inspiração é
decisivo para uma adequada abordagem das Escrituras e para a sua correcta hermenêutica,[67]
que deve, por sua vez, ser feita no mesmo Espírito em que foi escrita.[68]
Quando esmorece em nós a consciência da inspiração, corre-se o risco de ler a
Escritura como objecto de curiosidade histórica e não como obra do Espírito
Santo, na qual podemos ouvir a própria voz do Senhor e conhecer a sua presença
na história.

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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