Exortação Apostólica Familiaris Consortio – Papa João Paulo II (Parte 7)

Um serviço eclesial

53. O ministério de
evangelização dos pais cristãos é original e insubstituível: assume as
conotações típicas da vida familiar, entrelaçada como deveria ser com o amor,
com a simplicidade, com o sentido do concreto e com o testemunho do quotidiano.

A família deve formar os
filhos para a vida, de modo que cada um realize plenamente o seu dever segundo
a vocação recebida de Deus. De facto, a família que está aberta aos valores do
transcendente, que serve os irmãos na alegria, que realiza com generosa
fidelidade os seus deveres e tem consciência da sua participação quotidiana no
mistério da Cruz gloriosa de Cristo, torna-se o primeiro e o melhor seminário
da vocação à vida consagrada ao Reino de Deus.

O ministério de
evangelização e de catequese dos pais deve acompanhar também a vida dos filhos
nos anos da adolescência e da juventude, quando estes, como muitas vezes acontece,
contestam ou mesmo rejeitam a fé cristã recebida nos primeiros anos da vida.
Como na Igreja a obra de evangelização nunca se separa do sofrimento do
apóstolo, assim na família cristã os pais devem enfrentar com coragem e com
grande serenidade de animo as dificuldades que o seu ministério de
evangelização algumas vezes encontra nos próprios filhos.

Não se deverá esquecer que o
serviço dos cônjuges e pais cristãos a favor do Evangelho é essencialmente um
serviço eclesial, isto é, reentra no contexto da Igreja inteira, qual
comunidade evangelizada e evangelizadora. Enquanto radicado e derivado da única
missão da Igreja e enquanto ordenado à edificação do único Corpo de Cristo, o
ministério de evangelização e de catequese da Igreja doméstica deve permanecer
em comunhão intima e deve harmonizar-se responsavelmente com todos os outros
serviços de evangelização e de catequese presentes e operantes na comunidade
eclesial, quer diocesana quer paroquial.

Pregar o Evangelho a toda a
criatura

54. A universalidade sem fronteiras é o horizonte próprio
da evangelização, animada interiormente pelo impulso missionário: é de facto a
resposta explicita e inequivoca ao mandato de Cristo: «Ide pelo mundo inteiro e
anunciai a Boa Nova a toda a criatura».

Também a fé e a missão
evangelizadora da família cristã prosseguem este alento missionário católico. O
sacramento do matrimónio que retoma e volta a propor o dever, radicado no
baptismo e na confirmação, de defender e difundir a fé, constitui os cônjuges e
os pais cristãos testemunhas de Cristo «até aos confins do mundo», verdadeiros
e próprios «missionários» do amor e da vida.

Uma certa forma de
actividade missionária pode desenvolver-se já na mesma família. Isto acontece
quando algum dos seus membros não tem fé ou não a pratica com coerência. Em tal
caso, os familiares devem oferecer-lhe um testemunho de vida de fé que o
estimule e encoraje no caminho para a plena adesão a Cristo Salvador.

Animada já interiormente
pelo espirito missionário, a Igreja doméstica é chamada a ser um sinal luminoso
da presença de Cristo e do seu amor mesmo para os «afastados», para as familias
que ainda não crêem e para aquelas que já não vivem em coerência com a fé
recebida: é chamada «com o seu exemplo e com o seu testemunho» a iluminar «aqueles
que procuram a verdade».

Como já no início do
cristianismo Áquila e Priscila se apresentavam como casal missionário, assim
hoje a Igreja testemunha a sua incessante novidade e rejuvenescimento com a
presença de cônjuges e de famílias cristãs que, ao menos durante um certo
período de tempo, estão nas terras de missão a anunciar o Evangelho, servindo o
homem com o amor de Jesus Cristo.

As famílias cristãs dão um
contributo particular à causa missionária da Igreja cultivando as vocações
missionárias nos seus filhos e filhas e, de uma forma mais generalizada, com
uma obra educativa que vai «dispondo os filhos, desde a infancia para
conhecerem o amor de Deus por todos os homens».

A família cristã, comunidade
em diálogo com Deus

O santuário doméstico da
Igreja

55.O anúncio do Evangelho e
a sua aceitação pela fé atingem a plenitude na celebração sacramental. A
Igreja, comunidade crente e evangelizadora, é também povo sacerdotal, revestido
de dignidade e participante do poder de Cristo Sumo Sacerdote da Nova e Eterna
Aliança.

A família cristã também está
inserida na Igreja, povo sacerdotal: mediante o sacramento do matrimónio, no
qual está radicada e do qual se alimenta, é continuamente vivificada pelo
Senhor Jesus, e por Ele chamada e empenhada no diálogo com Deus mediante a vida
sacramental, o oferecimento da própria existência e a oração.

É este o múnus sacerdotal
que a família cristã pode e deve exercitar em comunhão íntima com toda a
Igreja, através das realidades quotidianas da vida conjugal e familiar: em tal
sentido a família cristã é chamada a santificar-se e a santificar a comunidade
cristã e o mundo.

O matrimônio, sacramento de
santificação mútua e acto de culto

56. O sacramento do
matrimónio, que retoma e especifica a graça santificante do baptismo, é a fonte
própria e o meio original de sentificação para os cônjuges. Em virtude do
mistério da morte e ressurreição de Cristo, dentro do qual se insere novamente
o matrimónio cristão, o amor conjugal é purificado e santificado: «O Senhor dignou-se
sanar, aperfeiçoar e elevar este amor com um dom especial de graça e caridade»

O dom de Jesus Cristo não se
esgota na celebração do matrimónio, mas acompanha os cônjuges ao longo de toda
a existência. O Concílio Vaticano II recorda-o explicitamente, quando diz que
Jesus Cristo «permanece com eles, para que, assim como Ele amou a Igreja e se
entregou por ela, de igual modo os cônjuges, dando-se um ao outro, se amem com
perpétua fidelidade… Por este motivo, os esposos cristãos são fortalecidos e
como que consagrados em ordem aos deveres do seu estado por meio de um
sacramento especial; cumprindo, graças à energia deste, a própria missão
conjugal e familiar, penetrados do espírito de Cristo que impregna toda a sua
vida de fé, esperança e caridade, avançam sempre mais na própria perfeição e
mútua santificação e cooperam assim juntos para a glória de Deus».

A vocação universal à
santidade é dirigida também aos cónjuges e aos pais cristãos: é especificada
para eles pela celebracão do sacramento e traduzida concretamente nas
realidades próprias da existência conjugal e familiar. Nascem daqui a graça e a
exigência de uma autêntica e profundo espiritualidade conjugal e familiar, que
se inspire nos motivos da criação, da aliança, da cruz, da ressurreição e do
sinal, sobre cujos temas se deteve várias vezes o Sínodo.

O matrimónio cristão, como
todos os sacramentos que «estão ordenados à santificação dos homens, à
edificação do Corpo de Cristo, e enfim, a prestar culto a Deus», é em si mesmo
um acto litúrgico de louvor a Deus em Jesus Cristo e na Igreja: celebrando-o, os
cônjuges cristãos professam a sua gratidão a Deus pelo dom sublime que lhes foi
dado de poder reviver na sua existência conjugal e familiar o mesmo amor de
Deus pelos homens e de Cristo pela Igreja sua esposa.

E como do sacramento derivam
para os cônjuges o dom e a obrigação de viver no quotidiano a santificação
recebida, assim do mesmo sacramento dimanam a graça e o empenho moral de
transformar toda a sua vida num contínuo «sacrifício espiritual». Ainda aos
esposos e aos pais cristãos, particularmente para aquelas realidades terrenas e
temporais que os caracterizam, se aplicam as palavras do Concílio: «E deste
modo, os leigos, agindo em toda a parte santamente, como adoradores, consagram
a Deus o próprio mundo».

Matrimônio e Eucaristia

57. O dever de santificação
da família tem a sua primeira raiz no baptismo e a sua expressão máxima na
Eucaristia, à qual está intimamente ligado o matrimónio cristão. O Concílio
Vaticano II quis chamar a atenção para a relação especial que existe entre a
Eucaristia e o matrimónio pedindo que: «o matrimónio se celebre usualmente
dentro da Missa». Redescobrir e aprofundar tal relação é absolutamente
necessário, se se quiser compreender e viver com uma maior intensidade as
graças e as responsabilidades do matrimónio e da família cristã.

A Eucaristia é a fonte
própria do matrimónio cristão. O sacrifício eucarístico, de facto, representa a
aliança de amor de Cristo com a Igreja, enquanto sigilada com o sangue da sua Cruz.
Neste sacrifício da Nova e Eterna Aliança é que os cônjuges cristãos encontram
a raiz da qual brota, é interiormente plasmada e continuamente vivificada a sua
aliança conjugal. Como representação do sacrifício de amor de Cristo pela
Igreja, a Eucaristia é fonte de caridade. E no dom eucarístico da caridade a
família cristã encontra o fundamento e a alma da sua «comunhão» e da sua
«missão»: o Pão eucarístico faz dos diversos membros da comunidade familiar um
único corpo, revelação e participação na mais ampla unidade da Igreja; a
participação pois ao Corpo «dado» e ao Sangue «derramado» de Cristo torna-se
fonte inesgotável do dinamismo missionário e apostólico da família cristã.

O sacramento da conversão e
da reconciliação

58. Uma parte essencial e permanente
do dever de santificação da família cristã é o acolhimento do apelo evangélico
de conversão dirigido a todos os cristãos, que nem sempre permanecem fiéis à
«novidade» daquele baptismo que os constituiu «santos». A família cristã também
nem sempre é coerente com a lei da graça e da santidade baptismal, proclamada
de novo pelo sacramento do matrimónio.

O arrependimento e o mútuo
perdão no seio da família cristã, que se revestem de tanta importância na vida
quotidiana, encontram o seu momento sacramental específico na Penitência
cristã. Aos cônjuges escrevia assim Paulo VI, na Encíclica Humanae Vitae: «Se o
pecado os atingir, não desanimem, mas recorram com humilde perseverança à
misericórdia de Deus, que com prodigalidade é generosamente dada no sacramento
da Penitência».

A celebração deste
sacramento dá à vida familiar um significado particular: ao descobrirem pela fé
como o pecado contradiz não só a aliança com Deus, mas também a aliança dos
cônjuges e a comunhão da família, os esposos e todos os membros da família são
conduzidos ao encontro com Deus «rico em misericórdia», o qual, alargando o seu
amor que é mais forte do que o pecado, reconstrói e aperfeiçoa a aliança
conjugal e a comunhão familiar.

A oração familiar

59. A Igreja reza pela família cristã e educa-a a viver em
generosa coerência com o dom e o dever sacerdotal, recebido de Cristo Sumo
Sacerdote. Na realidade, o sacerdócio baptismal dos fiéis, vivido no
matrimónio-sacramento, constitui para os cônjuges e para a família o fundamento
de uma vocação e de uma missão sacerdotal, pela qual a própria existência
quotidiana se transforma num «sacrifício espiritual agradável a Deus por meio
de Jesus Cristo»: é o que acontece, não só com a celebração da Eucaristia e dos
outros sacramentos e com a oferenda de si mesmos à glória de Deus, mas também
com a vida de oração, com o diálogo orante com o Pai por Jesus Cristo no
Espírito Santo.

A oração familiar tem as
suas características. É uma oração feita em comum, marido e mulher juntos, pais
e filhos juntos. A comunhão na oração é, ao mesmo tempo, fruto e exigência
daquela comunhão que é dada pelos sacramentos do baptismo e do matrimónio. Aos
membros da família cristã podem aplicar-se de modo particular as palavras com
que Cristo promete a sua presenca: «Digo-vos ainda: se dois de vós se unirem,
na terra, para pedirem qualquer coisa, obtê-la-ão de Meu Pai que está nos Céus.
Pois onde estiverem reunidos, em Meu nome, dois ou três, Eu estou no meio
deles».

A oração familiar tem como
conteúdo original a própria vida de família, que em todas as suas diversas
fases é interpretada como vocação de Deus e actuada como resposta filial ao Seu
apelo: alegrias e dores, esperanças e tristezas, nascimento e festas de anos,
aniversários de núpcias dos pais, partidas, ausências e regressos, escolhas
importantes e decisivas, a morte de pessoas queridas, etc., assinalam a
intervenção do amor de Deus, na história da família, assim como devem marcar o
momento favorável para a acção de graças, para a impetração, para o abandono
confiante da família ao Pai comum que está nos céus. A dignidade e a
responsabilidade da família cristã como Igreja doméstica só podem pois ser
vividas com a ajuda incessante de Deus, que não faltará, se implorada com
humildade e confiança na oração.

Educadores de oração

60. Em virtude da sua
dignidade e missão, os pais cristãos têm o dever específico de educar os filhos
para a oração, de os introduzir na descoberta progressiva do mistério de Deus e
no colóquio pessoal com Ele: «É sobretudo na família cristã, ornada da graça e
do dever do sacramento do matrimónio, que devem ser ensinados os filhos desde
os primeiros anos, segundo a fé recebida no Baptismo, a conhecer e a adorar
Deus e amar o próximo».

Elemento fundamental e
insubstituível da educação para a oração é o exemplo concreto, o testemunho
vivo dos pais: só rezando em conjunto com os filhos, o pai e a mãe, enquanto
cumprem o próprio sacerdócio real, entram na profundidade do coração dos
filhos, deixando marcas que os acontecimentos futuros da vida não conseguirão
fazer desaparecer. Tornemos a escutar o apelo que o Papa Paulo VI dirigiu aos
pais: «Mães, ensinais aos vossos filhos as orações do cristão? Em consonancia
com os Sacerdotes, preparais os vossos filhos para os sacramentos da primeira
idade: confissão, comunhão, crisma? Habituai-los, quando enfermos, a pensar em
Cristo que sofre? a invocar o auxílio de Nossa Senhora e dos Santos? Rezais o
terço em família? E vós, Pais, sabeis rezar com os vossos filhos, com toda a
comunidàde doméstica, pelo menos algumas vezes? O vosso exemplo, na rectidão do
pensamento e da acção, sufragada com alguma oração comum, tem o valor de uma
lição de vida, tem o valor de um acto de culto de mérito particular; levais
assim a paz às paredes domésticas: “Pax huic domui!”. Recordai: deste
modo construís a Igreja!».

Oração litúrgica e privada

61. Entre a oração da Igreja
e a de cada um dos fiéis há uma profunda e vital relação, como reafirmou
claramente o Concílio Vaticano II.

Ora uma finalidade
importante da oração da Igreja doméstica é a de constituir, para os filhos, a
introdução natural à oração litúrgica própria da Igreja inteira, no sentido
quer de uma preparação para ela, quer de a alargar ao âmbito da vida pessoal,
familiar e social. Daqui a necessidade de uma participação progressiva de todos
os membros da família cristã na Eucaristia, sobretudo na dominical e festiva, e
nos outros sacramentos, em particular nos da iniciação cristã dos filhos. As
directivas conciliares abriram uma nova possibilidade à família cristã, que foi
incluída entre os grupos aos quais se recomenda a celebração comunitária do
Ofício divino. Assim também está ao cuidado da família cristã celebrar, mesmo
em casa e de forma adaptada aos seus membros, os tempos e as festividades do ano
litúrgico.

Para preparar e prolongar em
casa o culto celebrado na Igreja, a família cristã recorre à oração privada,
que se apresenta sob uma grande variedade de formas: esta variedade, enquanto
testemunho da riqueza extraordinária com a qual o Espírito anima a oração
cristã, responde às diversas exigências e situações da vida de quem se volta
para o Senhor. Além das orações da manhã e da tarde são de aconselhar
expressamente – seguindo também indicações dos Padres Sinodais – a leitura e a
meditação da Palavra de Deus, a preparação para a recepção dos sacramentos, a
de voção e consagração ao Coração de Jesus, as várias formas de culto à
Santíssima Virgem, a bênsão da mesa, as práticas de piedade popular.

No respeito pela liberdade
dos filhos de Deus, a Igreja propôs e continua a sugerir aos fiéis algumas
práticas de piedade com solicitude e insistência particulares. Entre estas é de
lembrar a recitação do Rosário: «Queremos agora, em continuidade de pensamento
com os nossos Predecessores, recomendar vivamente a recitação do Santo Rosário em família… Não há
dúvida de que o Rosário da bem-aventurada Virgem Maria deve ser considerado uma
das mais excelentes e eficazes orações em comum, que a família cristã é
convidada a recitar Dá-nos gosto pensar e desejamos vivamente que, quando o
encontro familiar se transforma em tempo de oração, seja o Rosário a sua
expressão frequente e preferida», Desta maneira a autêntica devoção mariana,
que se exprime no vínculo sincero e na generosa série das posições espirituais
da Virgem Santíssima, constitui um instrumento privilegiado para alimentar a
comunhão de amor da família e para desenvolver a espiritualidade conjugal e
familiar. Ela, a Mãe de Cristo e da Igreja, é também, de facto, de forma
especial, a Mãe das famílias cristãs, das Igrejas domésticas.

Oração e vida

62. Nunca se deverá esquecer
que a oração é parte constitutiva essencial da vida cristã, tomada na sua
integralidade e centralidade; mais ainda, pertenece à nossa mesma «humanidade»:
é «a primeira expressão da vida interior do homem, a primeira condição da
autêntica liberdade do espírito».

Por isso, a oração não
representa de modo algum uma evasão que desvia do empenho quotidiano, mas
constitui o impulso mais forte para que a família cristã assuma e cumpra em
plenitude todas as suas responsabilidades de célula primeira e fundamental da
sociedade humana. Em tal sentido, a efectiva participação na vida e na missão
da Igreja no mundo é proporcional à fidelidade e à intensidade da oração com
que a família cristã se une à Videira fecunda, Cristo Senhor.

Da união vital com Cristo,
alimentada pela Liturgia, pelo oferecimento de si e da oração, deriva também a
fecundidade da família cristã no seu serviço específico de promoção humana, que
de per si não pode não levar à transformação do mundo.

A família cristã, comunidade
ao serviço do homem

O mandamento novo do amor

63. A Igreja, povo profético, sacerdotal e real, tem a
missão de levar todos os homens a acolher na fé a Palavra de Deus, a celebrá-la
e a professá-la nos sacramentos e na oração, e, por fim, a manifestá-la na vida
concreta segundo o dom e o mandamento novo do amor.

A vida cristã encontra a sua
lei não num código escrito, mas na acção pessoal do Espírito Santo que anima e
guia o cristão, isto é, na «lei do Espírito que dá vida em Cristo Jesus»: «o
amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi
concedido».

Isto vale também para o
casal e para a família cristã: seu guia e norma é o Espírito de Jesus,
difundido nos corações com a celebração do sacramento do matrimónio. Em
continuidade com o baptismo na água e no Espírito, o matrimónio propõe outra
vez a lei evangélica do amor, e, com o dom do Espírito, grava-a mais
profundamente no coração dos conjuges cristãos: o seu amor, purificado e salvo,
é fruto do Espírito, que age no coração dos crentes e se põe, ao mesmo tempo,
como mandamento fundamental da vida moral pedida à liberdade responsável deles.

A família cristã é deste
modo animada e guiada pela nova lei do Espírito e em íntima comunhão com a
Igreja, povo real, chamada a viver o seu «serviço» de amor a Deus e aos irmãos.
Como Cristo exerce o seu poder real pondo-se ao serviço dos homens, assim o
cristão encontra o sentido autêntico da sua participação na realeza do seu Senhor
ao condividir com Ele o espírito e a atitude de serviço no que diz respeito ao
homem: «Comunicou (Cristo) este poder aos discípulos, para que também eles
sejam constituídos em régia liberdade e, com a abnegação de si mesmos e a
santidade da vida, vençam em si próprios o reino do pecado (cfr. Rom. 6, 12);
mais ainda, para que, servindo a Cristo também nos outros, conduzam os seus
irmãos, com humildade e paciência, àquele Pai, a quem servir é reinar. Pois o
Senhor deseja dilatar também por meio dos leigos o Seu reino, reino de verdade
e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz,
no qual a própria criação será liberta da servidão da corrupção alcançando a
liberdade da glória dos filhos de Deus (cfr. Rom. 8, 21)».

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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