Educar é um risco

“A verdadeira educação é aquela que educa o humano dentro de nós, uma educação do humano, do original que existe em nós, isto é, do coração. O coração do homem é em cada um de nós, sempre uno. Encontrei essa concepção no livro ‘Educar é um Risco’.

Esse é o ponto de aproximação, ou seja, a fonte divina, quando as pessoas, os profetas e os homens religiosos têm no coração puro apegado a Deus” (Abbel-Fattah Hassan, Ex-parlamentar da Irmandade Muçulmana, Revista Passos – Outubro 2011).

Li este texto e lembrei-me do Dia do Professor. Orei por eles, agradeci a Deus por eles existirem. Ao mesmo tempo me coloquei como um deles na missão de educar pelo coração.

O Mestre dos Mestres foi categórico ao dizer: “Será que vocês ainda não entendem? Vocês não compreendem que tudo o que entra pela boca desce pelo estômago e acaba indo para a privada? Ao contrário, as coisas que saem da boca vêm do coração; e é isso que torna o homem impuro. Porque do coração procedem os maus pensamentos, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. São estas as coisas que tornam o hom em impuro; mas comer sem lavar as mãos, não torna o homem impuro (Mt 15,18-20).

Jesus deixa claro que só seremos verdadeiros educadores quando entendermos que a missão nossa é tirar do coração toda a impureza que estraga os relacionamentos humanos.

As coisas do coração são invisíveis aos olhos dos outros, mas sentidas e vividas com alegria ou tristeza, conscientes ou não a cada momento da vida, por todos nós. Por isso, mais que educar o coração dos outros é necessário começar a cada dia educando o nosso coração.

Sempre procuro começar o meu dia com um momento de oração, silêncio e escuta. Falo também e deposito no coração de Deus o meu dia, o programado e o não programado, as pessoas que convivem comigo e aquelas que vou encontrar durante o percurso. Procuro olhar as pessoas nos olhos, amá-las como são.

Mesmo oprimido pelo tempo, dedico todo o tempo para cada um. Procuro viver cada momento como se fosse o único e o último de minha vida. Às vezes, a missão exige certa violência comigo mesmo, principalmente quando quero fazer tudo ao mesmo tempo.

E ao refletir sobre como lidamos com o tempo, relacionei tudo isso ao nosso modelo educacional. Estou convencido de que a educação começa no coração do educador. Educar o coração e com o coração.

Missão que hoje se torna cada fez mais arriscada, desafiadora, mas não impossível. Recomeçar sempre, valorizar o positivo e as pequenas iniciativas, minimizar os problemas, ter consciência das imperfeições… são caminhos para educar o coração.

O educador, sendo pai ou mãe, professor ou religioso, nessa proposta, sente-se como um facilitador da vida. É um vocacionado do amor, profeta das relações humanas.

Carregado de afetividade e transparente em suas emoções, vibra com o crescimento do outro. Assim, entendo que seremos capazes de grandes transformações. Rogo ao Senhor o dom da sabedoria a todos vocês educadores. Que Deus vos abençoe nesta missão!

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por Dom Anuar Battisti
Arcebispo de Maringá – PR

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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