Ecumenismo e Inculturação

O Concílio Vaticano II mostrou a importância do Ecumenismo e da Inculturação do Evangelho nas culturas dos povos. Sobre isto o Papa João Paulo II falou claramente na Carta Encíclica “Ut unum sint” (Que todos sejam um, USS).

É preciso entender que o Ecumenismo é com as igrejas cristãs, aquelas abertas ao diálogo, como a Igreja Ortodoxa do oriente, a Anglicana da Inglaterra, e as tradicionais, históricas, derivadas do protestantismo; mas não com as seitas, às quais o Papa se referiu aos bispos como “uma ameaça para a Igreja Católica” na América. Ele disse aos nossos bispos, falando dos perigos de um falso ecumenismo ou de uma falsa inculturação:

“Já tive ocasião de comentar, mesmo recentemente, que, ‘não se trata de modificar o depósito da fé, de mudar o significado dos dogmas, de banir deles palavras essenciais, de adaptar a verdade aos gostos de uma época, de eliminar certos artigos do Credo com o falso pretexto de que hoje já não se compreendem. A unidade querida por Deus só se pode realizar na adesão comum ao conteúdo integral da fé revelada’ (Ut unum sint,18).

Falando aos representantes do mundo da cultura em Salvador, Bahia, eu lembrava que “a inculturação do Evangelho não é uma adaptação mais ou menos oportuna aos valores da cultura ambiente, mas uma verdadeira encarnação nesta cultura para purificá-la e remi-la” (Discurso, 20.X.1991,4)”.

“O mesmo vale no campo ecumênico. Com efeito, no campo da inculturação como no do ecumenismo, nota-se uma certa facilidade com que a busca do entendimento, do acolhimento ou da simpatia com outros grupos ou confissões religiosas têm levado a sérias mutilações na expressão clara do mistério da fé católica, na oração litúrgica, ou a concessões indevidas quanto às exigências objetivas da moral católica. Ecumenismo não é irenismo(cf.Unitati Redintegratio, 4 e10). Não se trata de buscar a unidade a qualquer preço”.

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“Este diálogo[ecumênico], que somente tem sentido se for uma busca sincera da verdade, poderá nos pedir que deixemos de lado elementos secundários que poderiam constituir um obstáculo de ordem psicológica para nossos irmãos de distintas denominações religiosas. Mas nunca será verdadeiro, autêntico, se implicar na mais mínima mutilação duma verdade da fé, no abandono da legítima expressão da piedade tradicional do povo cristão ou no enfraquecimento das exigências de séculos da disciplina eclesiástica ou das veneráveis tradições litúrgicas do Oriente, da Igreja Romana e outras igrejas do Ocidente”.

Se o Papa quis dirigir essas palavras marcantes aos nossos Bispos, certamente é porque aqui têm havido ensaios infelizes de inculturação e ecumenismo.

É importante ressaltar certas coisas frisadas pelo Papa.

Ele afirma que “não se trata de modificar o depósito da fé”, nem com a “mais mínima mutilação de uma verdade da fé”, e que a unidade que Deus quer só poderá se realizar “na adesão comum ao conteúdo integral da fé revelada”. Por outro lado, ele chama a atenção para o cuidado com a prática da inculturação do Evangelho, dizendo que “não é uma adaptação mais ou menos oportuna aos valores da cultura ambiente, mas uma verdadeira encarnação nesta cultura para purificá-la e remi-la”. Sabemos que neste campo têm havido abusos.

É importante observar que o Papa diz que, “no campo da inculturação como no do ecumenismo, nota-se uma certa facilidade com que a busca do entendimento…tem levado a sérias mutilações na expressão clara do mistério da fé católica, na oração litúrgica, ou a concessões indevidas quanto às exigências objetivas da moral católica”.

E ele, diz que: “ecumenismo não é irenismo. Não se trata de buscar a unidade a qualquer preço”.

Em 1981, a Santa Sé, através da Sagrada Congregação dos Ritos, proibiu a chamada missa dos Quilombos e todas as formas de missas dedicadas às minorias; para que a Missa, Sacrifício de Cristo oferecido ao Pai, não sofresse qualquer manipulação ou conotação política.

Embora essa proibição persista, não está sendo bem obedecida. Frei Carlos Mesters, certa vez publicou uma Parábola onde nela Jesus é apresentado um em terreiro de Candomblé, chamando a mãe de santo de “Mãe” (como se fosse Maria?), colocando-se na fila para receber “passes”, dançando, invocando “orixás”, e outras coisas inacreditáveis, além de afirmar que “alí está o Reino de Deus” (cf. Revista Pergunte e Responderemos (n.423, agosto de 97).

De fato, isso não é a inculturação que a Igreja deseja, mas é a triste e lamentável adaptação do Evangelho ao mundo.

Prof. Felipe Aquino

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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