É mesmo preciso planejar?

Jesus pode ser, em todos os sentidos, um contemporâneo nosso. Sua doutrina e sua praxe parecem um café que acaba de ser coado. É cheio de sabor e de aroma. E quanto aos nossos famosos planos de pastoral, eles tem alguma coisa a ver com a prática de Jesus? Aparentemente não. Estamos convencidos de que isso é um procedimento moderno: fazer a definição das prioridades, e depois pôr em ação, seria praxe do século XX. Mas de fato é diferente. Jesus foi um grande planejador. O plano dele o fazia vibrar, e sobre ele não se cansava de falar. Tornou-se para Ele uma paixão. Mas então, qual foi o Plano do nosso Salvador? Foi a proposta incomparável do Reino de Deus. “A vós é concedido conhecer os mistérios do Reino de Deus” ( Mc 4, 11). A doutrina do Mestre mais parece o bom cheiro de um churrasco que está sendo assado, e não a carne inodora que está guardada na geladeira. O Plano do Reino ainda hoje está cheio de vigor.

Entre os que se mantém avessos ao planejamento pastoral se alinham, antes de tudo, os “devotos” do Espírito Santo. Ensinam, e nisso tem ponta de razão, que é Ele quem dirige a Igreja. Ninguém lhes fará oposição. Mas eu posso ter profunda fé na inspiração do Paráclito, sem declinar da atividade racional. Posso unir as duas verdades. O mais das vezes o apelo ao Espírito de Jesus, é para se justificar, e não fazer nada…Em segundo lugar, os pessimistas argumentam que nenhum plano até hoje deu certo. Fez-se muito barulho, muita participação, viagens, reuniões, e ao final aprovação unânime da assembléia. Mas em seguida vem o problema. O tal do plano se tornaria vítima de aposentadoria precoce. A memória do computador seria o único “lócus” onde ele se salva. Não é isso que tenho visto. Posso testemunhar que o planejamento nunca alcança eficiência total. Pode até se restringir a menos da metade, mas isso é muito mais do que nada.”Algumas sementes caíram em terra boa, e renderam cem, sessenta e trinta frutos por um” (Mt 13, 8). Vamos olhar com otimismo para as “Diretrizes da Ação Pastoral da Igreja no Brasil”, que agora se discutem, e são ponto de partida para os novos Planos.

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Dom Aloísio Roque Oppermann scj

Arcebispo de Uberaba – MG

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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