Deus X Ideologias Mortais

Vladimir Maiakovski (1893-1930), o maior poeta da vanguarda russa do início do século XX, pregava que “não existe arte revolucionária sem forma revolucionária”. Escrita em 1918, como encomenda para celebrar o primeiro ano da Revolução Russa, a peça Mistério-Bufo suscitou críticas duras no país. Em parte, pelo humor debochado, mas, sobretudo pela história: burgueses (chamados de puros) e proletariado (impuros) entram numa arca para reinventar o futuro às vésperas do fim dos tempos. Dois anos depois, Maiakovski reescreveu o texto para abarcar a Guerra Civil Russa (que terminaria em 1921), e alcançou repercussão ainda maior com sua encenação em Moscou. Escreveu o poeta sobre a segunda versão. “Ninguém poderia prever com exatidão que montanhas teremos ainda de explodir, nós que percorremos esta estrada”, provoca – num presságio dos tempos de trevas em que a revolução comunista lançaria seu país.

“… De tantas ideologias que surgem e desaparecem, nenhuma delas jamais conseguiu trazer paz aos espíritos; a fé em Jesus, filho de Deus e filho de Maria, a sua doutrina incomparável, é, todavia, uma grande e indefectível luz para a inteligência e conforto aos corações. A atmosfera poluída do espírito do mundo prejudica, enormemente, a tranquilidade das almas sedentas de verdade e de paz, e deve encorajar a consciência de todos para que não se deixem enganar pelas várias utopias, que nada mais são do que engano e ilusão…” (Do discurso de 25 de setembro de 1960).

Muitas ideologias nada mais são do que utopias. São elas que “poluem o espírito”, são elas que criam tensões prejudiciais que alimentam a ideia de que “não haverá um amanha”. O materialismo, nos anos que nos aguardam, desferirá um tremendo ataque contra todas as religiões “e contra todos os homens que creem em alguma coisa de eterno; em alguma coisa que vá além da frágil carne…”

Nestas palavras do Papa Bom, João XXIII, sabia muito bem os sistemas enganosos e mortais tais como: comunismo, fascismo, nazismo, ateísmo, capitalismo, sectarismo e hoje a ditadura do relativismo e do agnosticismo.

Exorta o Papa Bento XVI: “O agnosticismo, hoje largamente imperante, tem os seus dogmas e é extremamente intolerante com tudo o que o põe em questão, ou põe em questão os seus critérios” (1). “Ao longo dos últimos séculos, as ideologias que exaltavam o culto da nação, da raça e da classe social revelaram-se verdadeiras idolatrias; e o mesmo podemos dizer acerca do capitalismo selvagem, com o seu culto do lucro, do qual derivaram crises, desigualdades e miséria” (2). “Onde Deus é negado, dissolve-se a dignidade do homem. Enquanto quem defende Deus, defende o homem”, afirma Bento XVI (3).

Como o maior teólogo do século XXI e Pastor Universal encorajam de forma magistral os fiéis contra os modismos: “O cristão não deve ter medo de ir ‘Contra a Corrente’ para viver a sua fé, resistindo à tentação de se conformar” (4). “Diante destes desafios epocais, nós sabemos que a resposta é o encontro com Cristo. Nele o homem pode realizar plenamente o seu bem pessoal e o bem comum” (5).

O renomado escritor russo Fiódor Dostoiéviski, no livro Os Irmãos Karamazov, escreveu: “Se Deus não existe, tudo é permitido”.

Sem os valores cristãos, seja qual for à ideologia ou sistema, o Estado leva a população ao vazio, ao suicídio moral, a corrupção e a carnificina.

O maior pecado do ser humano é ausência do Deus-Amor em sua vida. O Estado e homem sem glória de Deus são infelizes e catastróficos.

Requer das autoridades competentes uma consciência evangélica em todos os seguimentos sociais para o bem físico, mental e espiritual de todos.

Para todos os crentes devem seguir o conselho admirável do Bem-aventurado Charles de Foucauld: “Gritar o Evangelho com toda a sua vida”!

Pe. Inácio José do Vale

Professor de História da Igreja

Instituto de Teologia Bento XVI

Sociólogo em Ciência da Religião

Fraternidade Sacerdotal JesusCáritas

Notas:

(1) L’osservatore Romano, 12/01/2013, p. 7

(2) L’osservatore Romano, 26/01/2013, p. 13

(3) L’osservatore Romano, 22/12/2012, p. 9

(4) L’osservatore Romano, 26/01/2013, p. 13

(5) Idem, p. 15

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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