Délia Smith: cozinheira famosa e católica praticante

É uma da 50 mulheres mais ricas da Inglaterra, das mais influentes, das mais reconhecidas e além disso… é católica convertida e militante. Seu nome é Delia Smith.

Não foi católica de nascimento. Sua fé e amor a Deus chegaram por meio do amor humano. Quando tinha 19 anos e era uma jovem cabeleireira, começou a ter amizade com um jovem chamado Louis de modos refinados e bons gostos culinários, que também era filho de um médico católico que tinha profundas convicções e intensa prática religiosa.

Parece que com o desejo de ser atendido também em seu fino paladar, Louis presumia convencer a jovem cabeleireira que sua antiga noiva era uma boa cozinheira…

Mas Louis não ficava só nesses delicados reparos: ele a levava para tomar refeições em lugares de culinária refinada, não necessariamente caros, senão que de excelente qualidade e elaboração. E foi assim que Délia, levada pelas boas recordações da arte gastronômica da antiga noiva de Louis, e sobretudo interessada pelas delícias que ia experimentando durante suas incursões gastronômicas, foi se interessando pelo que seria o caminho da fama em sua vida.

Entretanto, o amor de Louis foi se apagando: em um instante decisivo, ele comunicou a Deli que havia tomado a resolução de ingressar à sociedade missionária dos Padres de Mill Hill, para ali fazer-se sacerdote. Não obstante, o amor divino de Delia – sua recentemente adquirida fé católica – permaneceria firme por toda a sua vida. Conta ela que muito a haviam impressionado as belas liturgias às que havia assistido; dizia ela que havia sentido em seu interior que aquilo “era autêntico”. Após três anos, Louis sairia do seminário e contrairia o matrimônio com outra dama: hoje é pai de cinco filhas, e com sua esposa, dedica a sua vida a servir aos demais na terapia matrimonial e familiar.

Enquanto isso, o caminho da católica Delia não foi nada fácil. Interessada até a medula pela cozinha, em 1962 ingressou como lavadora em uma restaurante com um curioso nome: ‘The Singing Chef” (O Chefe que Canta, em inglês). E, realmente, Ken Toye, seu proprietário, melodiava orgulhoso suas canções, além de preparar um delicioso omelete, suflê e flambê, a especialidade da casa que encantava a nossa protagonista.

Pouco depois, Delia ingressou como assistente em um programa culinário de TV; já não sabia apenas lavar pratos, mas também havia aprendido o ofício de cozinhar. Um dia qualquer, que se pintava trágico no set, uma torta caiu no chão um pouco antes de começar o programa. “Eu posso fazê-lo”, Deli disse a si mesma; “eu posso fazê-lo” disse para os outros; e fez, salvando o dia. O notícia se espalhou… havia alguém especial.

Em 1969, Delia se reuniu com Debora Owen, a quem lhe deus conselhos sobre como cozinhas um rico ovo escalfado para o marido dela, um futuro político. Foi através de Debora que Delia conseguiu um trabalho no jornal Daily Mirror. Desde então, sua ascensão não pôde mais ser contida. Faz mais de 25 que vendeu seu livro 2 milhões.

“Como cozinhar: Livro 2”, um de seus mais reconhecidos “best-seller”, foi justamente laçado por este dias natalinos. É um de suas vários livros com especialidades para o Natal; (Delia Smith) está estacionalmente relacionada com os nosso paladares, como uma vez Dickens esteve com a nossas almas: Não seria Natal sem Delia”, declarou há uns anos o jornal “The Independent”, em sua seção de perfis. Para se ter uma ideia de como tocou fundo na mentalidade inglesa as artes desta mulher.

Sua vida de fé
Até há muito pouco tempo, delia era muito reservada junto aos microfones em relação a sua vida particular e de fé. Isto está mudando. Em 2009, através do site da entidade beneficente católica “Cafod”, animou a todos a dedicar 20 minutos por dia à oração e à leitura da Bíblia pelo período da Quaresma.

“A medida que cresço me dou mais conta da simplicidade de nossa fé”, escreveu na ocasião. “Se jesus disse que somente há uma coisa importante (a oração), não podemos crescer como cristãos sem incorporar isso em nossa vida diária e sem tomar suas palavras com seriedade”, complementou.

Com o tempo e a prática, sua fé se fortaleceu. Ao ponto de ela ser a principal benfeitora da Catedral de São João Batista de Norwich, onde comumente assiste à missa diária e a um hora também diária de adoração. Já escreveu um livro especificamente sobre a oração “Journey into God” (Uma viagem até Deus, em inglês)

No ano passado, durante o segundo capítulo de sua nova séria de cozinha na BBC de Londres, Inglaterra, Delia dispendeu 5 minutos de sua meia hora diária para falar de sua fé católica. Abriu sua casa às câmeras para mostrar seus crucifixos e as caixas vermelhas onde os ingleses católicos depositam suas oferendas para as missões. Quis também ser filmada durante a missa, com seu missal, e durante a comunhão.

Nessa ocasião, o pároco contou aos ingleses um segredo. Às vezes Delia leva algumas de suas “obras” à paróquia. Quando penitencia penitencia, mas quando perdizes são perdizes… diz o padre.

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Por Saul Castilblanco

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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