Jutta Burggraf
Doutora em psicopedagogia (Universidade de Colônia) e teologia (Universidade de Navarra). Professora de teologia dogmática e ecumenismo na Faculdade de Teologia da Universidade de Navarra.
Foi professora de antropologia do Instituto acadêmico internacional para os estudos do matrimônio e família de Kerkrade (Países Baixos). Várias publicações.
[Resumo]
Habitualmente, quando se fala de “gênero” (“gender”), referimo-nos tanto ao gênero masculino quanto ao gênero feminino. Como existe o sexo masculino, existe o sexo feminino. Porém, em muitas organizações internacionais, fala-se atualmente de uma noção de “gênero” da qual se evita dar uma clara definição. Segundo tal acepção, o termo “sexo” se refere a determinações naturais. Existem, portanto, dois sexos caracterizados genitalmente. Mas, ao lado do sexo, haveria também o “gênero “. Enquanto tal, este termo evoca os papéis exercidos pelos indivíduos na sociedade. Estes papéis nascem no curso da história: são um produto da interação entre natureza e cultura. Todavia, um conceito equívoco do “gênero” surgiu recentemente: ele é concebido como exclusivo produto da cultura, e pode, por isso, aparecer e desaparecer conforme as sociedades e até mesmo dos indivíduos.
O nexo indivíduo-família-sociedade se perde, e a pessoa é reduzida a indivíduo. Alguns, por exemplo, afirmam que o amor materno não está inscrito na natureza da mulher; mas que esse sentimento nasceu num determinado contexto cultural e que pode, por isso, desaparecer ou ser destruído se a cultura muda. Encontramo-nos aqui, de fato, a presença de uma nova revolução cultural. Qualquer que seja seu sexo, o homem poderia escolher seu gênero: poderia optar pela heterossexualidade, pela homossexualidade, pelo lesbianismo. Poderia até mesmo optar pela transexualidade, trocar de sexo. Existem projetos de declaração dos direitos do “gênero”. Esta estranha separação entre sexo e gênero, entre natureza e cultura, destrói a dimensão pessoal do ser humano e o reduz a uma simples individualidade.
A ideologia do “gênero” comporta, portanto, que se ponha radicalmente em discussão a família e tudo o que ela significa para e na sociedade.
(Direitos sexuais e reprodutivos; Discriminação da mulher e CEDAW; Ideologia do gênero: perigos e alcance; Igualdade de direitos entre homens e mulheres; Maternidade e feminismo; Novas definições de gênero; Patriarcado e matriarcado)
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Leia o texto integral, entre outros, em Lexicon: termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas, Pontifício Conselho para a Família, Edições CNBB.