Bento XVI não procurava confrontação com denúncia do laicismo na Espanha, afirma porta voz vaticano

VATICANO,
09 Nov. 10 / 05:21 pm (ACI).- O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, P.
Federico Lombardi, assinalou que o Papa Bento XVI não
pretendia gerar “uma confrontação” com a comparação que fez do
laicismo da Espanha atualmente com o dos anos 30, a época da Guerra Civil
Espanhola.

Em declarações à imprensa logo depois da Missa na que
dedicou o templo expiatório da Sagrada Família, o Pe. Lombardi
fez referência à resposta do Papa, no vôo de Roma a Santiago da Compostela, a
uma pergunta sobre o novo Pontifício Conselho para a Nova Evangelização e sua
relação com a Espanha.

O Papa explicou sobre este tema que embora a Espanha seja um país onde a fé é
“originária” e que moldou o catolicismo atual com a plêiade de santos
que possui, também nela “nasceu uma laicidade, um anti-clericalismo, um
secularismo forte e agressivo, como vimos nos anos 30, e esta disputa, este
desencontro entre fé e modernidade, ambas muito vivazes, realiza-se também hoje
novamente na Espanha: por isso para o futuro da fé e do encontro -não o desencontro,
mas o encontro entre fé e laicidade- tem-se um ponto central também na cultura
espanhola. Por isso pensei em todos os grandes países do Ocidente, mas sobre
tudo e também na Espanha”.

O Pe. Lombardi disse ademais, informou a Europa Press, que as afirmações do
Papa não são resultado de um “estudo nem análise histórica. Em cada país
-ao qual viaja o Pontífice- vemos tensões e todos sabemos. Não é nenhuma
surpresa”, acrescenta.

O porta voz vaticano comentou que o Papa recordou que a tradição cristã que aportou
tantos santos à Igreja,
como Santa Teresa de Jesus, e ao mesmo tempo vive momentos de
“anti-clericalismo e laicismo” que deram lugar a tensões como nos
anos 30.

“Hoje há tensão entre a dimensão cristã e o laicismo, e não queremos
oposição,mas encontro”, sublinhou para explicar o que foi dito pelo Papa
quem também se referiu à necessidade de vencer o desencontro, como se aprecia
nas declarações anteriores.

Sobre o novo Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, o Papa Bento XVI também tinha
indicado que com este dicastério “pensei por si no mundo inteiro porque a
novidade do pensamento, a dificuldade de pensar nos conceitos da Escritura, da
teologia, é universal. Mas há naturalmente um centro e este é o mundo ocidental
com seu secularismo, sua laicidade, e a continuidade da fé que deve procurar
ser renovada para ser fé hoje e para responder ao desafio da laicidade”.

“No ocidente todos os grandes países têm seu próprio modo de viver este
problema: vimos o exemplo nas viagens à França, República Tcheca, Reino Unido,
aonde em todo lugar se vê presentes de modo específico para cada nação, para
cada história o mesmo problema, e isto vale de modo forte para a Espanha”,
disse o Papa.

Caridade é marca da viagem papal

O Pe. Federico Lombardi também escreveu uma nota editorial intitulada “O
Papa, o povo e a caridade” na qual destaca que o amor mostrado pelo Santo
Padre aos espanhóis, a Europa e ao mundo inteiro nesta recente viagem constitui
uma “língua cotidiana que todos podem entender”.

Depois de destacar seu passo como peregrino em Santiago de Compostela e a
importância da verdade e a beleza manifestada na agora Basílica Menor da Sagrada
Família, obra do católico devoto Antoni Gaudí, o Pe. Lombardi sublinha a visita
do Papa aos pequeninos do Nen Deu em Barcelona.

Sobre este, o sacerdote disse “não pode faltar. Não
existe comunidade crente sem amor ativo, capaz de transformar, transfigurar o
sofrimento em esperança e em
alegria. A caridade vivida é a estrela do caminho, a língua
cotidiana que todos podem entender. Por aqui passa necessariamente o caminho do
Papa”.

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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