Benção e Maldição

2- CORRENTE QUEBRANDOÉ impressionante notar como Deus sempre exigiu do povo escolhido, consagrado a Iahweh (Dt 7,6; 14,2-21), a observância das Suas Leis, para que este povo fosse sempre feliz e abençoado. O Antigo Testamento mostra isso.

É no livro do Deuteronômio (Segunda Lei) que essa exigência é mais explícita. Ao povo libertado da escravidão do Egito, Deus manda através de Moisés:

“Observareis os mandamentos de Iahweh vosso Deus tais como vo-los prescrevo” (Dt 4,2).

“Iahweh é o único Deus… Observa os seus estatutos e seus mandamentos que eu hoje te ordeno, para que tudo corra bem a ti e aos teus filhos depois de ti, para que prolongues teus dias sobre a terra que Iahweh teu Deus te dará, para todo o sempre” (Dt 14,40).

É interessante notar também como Deus tem um grande ciúme do seu povo, e não aceita que este deixe de cumprir suas Leis para adorar os deuses pagãos.

“Eu, Iahweh teu Deus, sou um Deus ciumento…” (Dt 5,9).

O Apóstolo São Tiago, lembra-nos esse ciúme de Deus por cada um de nós, ao dizer que:

“Sois amados até ao ciúme pelo Espírito que habita em vós” (Tg 4,5).

Deus não aceita ser o segundo na nossa vida, Ele exige ser o primeiro, porque para Ele cada um de nós é o primeiro. Ele demonstrou isto de maneira clara com o aniquilamento de Jesus por cada um de nós. É por isso que o Primeiro mandamento diz:

“Amar a Deus sobre todas as coisas”; isto é, “amarás a Iahweh teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua força” (Dt 6,4).

Esse amor a Iahweh se manifesta exatamente na obediência aos mandamentos:

“Andareis em todo o caminho que Iahweh vosso Deus vos ordenou, para que vivais, sendo felizes e prolongando os vossos dias na terra que ides conquistar” (Dt 5,33).

E Deus manda que os seus mandamentos sejam observados pelos filhos e gravados profundamente no coração:

“Que essas palavras que hoje te ordeno estejam em teu coração! Tú as inculcurás a teus filhos, e deles falarás sentado em tua casa e andando em teu caminho, deitado e de pé. Tu as atarás à tua mão como um sinal, e serão como um frontal ante os teus olhos; tu as escreverás nos umbrais da tua casa, e nas tuas portas” (Dt 6,6s).

São palavras muito fortes que mostram-nos, com clareza, que sem a observância dos Mandamentos ninguém será feliz sobre a terra. Basta olhar toda a miséria do nosso mundo, todas as suas lágrimas e dores, e será fácil constatar porque tudo isto ocorre; simplesmente porque o homem não quer cumprir os mandamentos de Deus. Aquelas Dez Palavras (Dt 4,13.21) que Ele deu a Moisés, escritas com o próprio dedo para significar a Aliança com aquele povo.

Que bom se cada um de nós escrevêssemos essas Dez Palavras no íntimo do coração para jamais esquecê-las!

Quando Deus acabou de dar as suas Leis ao povo, sinal da Aliança, disse-lhes finalmente:

“Vede: hoje estou colocando a benção e a maldição diante de vós: A benção, se observardes aos mandamentos de Iahweh vosso Deus que hoje vos ordeno; a maldição, se não obedecerdes aos mandamentos de Iahweh vosso Deus, desviando-vos do caminho que hoje vos ordeno…” (Dt 11,26-28).

E as bênçãos que Deus promete são abundantes:

“Se de fato obedecerdes aos mandamentos que hoje vos ordeno, amando a Iahweh vosso Deus e servindo” o com todo o vosso coração e com toda a vossa alma, darei chuva para a vossa terra no tempo certo: chuvas de outono e de primavera. Poderás assim recolher teu trigo, teu vinho novo e teu óleo; darei erva no campo para o teu rebanho, de modo que poderás comer e ficar saciado” (Dt 11.13-15; Lv 26; Dt 28).

De outro lado, as maldições pesariam sobre o povo se este fosse infiel a Iahweh, não observando seus mandamentos:

“Contudo, ficai atentos a vós mesmos, para que o vosso coração não se deixe seduzir e não vos desvieis para outros deuses … não haveria mais chuva e a terra não daria o seu produto; deste modo desapareceríeis rapidamente da boa terra que Iahweh te dá” (Dt 11,16-17). “Porei sobre vós o terror, o definhamento e a febre… Em vão semeareis a vossa semente, porque os vossos inimigos a comerão. Voltar-me-ei contra vós e sereis derrotados pelos vossos inimigos…” (Lv 26,14s).

E a lista de bênçãos e maldições é longa (…). Veja Dt 28.

A escolha depende de cada um de nós…

Jesus disse aos Apóstolos:

“Se me amais guardareis os meus mandamentos” (Jo 14,23).

“Nem todo aquele que diz Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai …” (Mt 7,21) .

A Moral católica está fundamentada nos Dez Mandamentos; por isso, a grande necessidade de serem observados. Toda a terceira parte do Catecismo da Igreja, ensina sobre isso.

Quando aquele jovem perguntou a Jesus: “Mestre, que devo fazer de bom para ter a vida eterna?”, o Senhor respondeu:

“Se queres entrar para a Vida, guarda os Mandamentos: não matarás, não adulteraras, não roubarás, não levantarás falso testemunho, honra pai e mãe…” (Mt 19,16-19).

Vemos assim, que Jesus ratificou a necessidade de vivermos os Dez mandamentos. Ao falar deles o Catecismo diz:

“Os Dez Mandamentos pertencem à revelação de Deus. Ao mesmo tempo revelam-nos a verdadeira humanidade do homem. Iluminam os deveres essenciais e portanto, indiretamente os deveres fundamentais, inerentes à natureza da pessoa humana. O Decálogo contém uma expressão privilegiada da lei natural (n°2070)”.

Santo Irineu, no segundo século, dizia:

“Desde o começo Deus enraizara no coração dos homens os preceitos da lei natural. Inicialmente Ele contentou-se em lhos recordar. Foi o Decálogo” (Contra as Heresias,4,15,1).

A Lei de Deus está registrada nos Mandamentos. Obedecendo-os o homem será feliz e abençoado. Santo Agostinho dizia que Deus os escreveu nas duas pedras, porque o homem já não os conseguia ler no seu coração, endurecido pelo pecado.

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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