As pastorais ligadas à CNBB não falam por ela

Às vezes vemos algumas pastorais (CIMI, CPT, CBJP, etc.) ligadas à CNBB, usar o seu site para seus pronunciamentos, e dão a entender, falsamente, que falam em nome dela.

O Cardeal Dom Geraldo Majela, quando foi Presidente da CNBB, deu uma entrevista à Folha de São Paulo, em 10/08/2003, na qual deixou claro que: “As pastorais são ligadas à CNBB, mas não refletem a posição e o pensamento oficial da instituição.”

Quais são essas Pastorais que às vezes falam em nome da CNBB sem que ao menos os senhores Bispos tenham sido consultados sobre os diversos assuntos?

Entre elas vemos a CIMI – Conselho Indigenista Missionário, que mais gera agitação entre índios do que evangelização mesmo; a APT – Comissão Pastoral da Terra, que promove invasões de terra gerando conflitos agrários e muitas mortes no campo; muito mais do que verdadeira evangelização; a CBJP – Comissão Brasileira de Justiça e Paz, que emite pronunciamentos que nem sempre os bispos concordam…

Portanto, o povo católico não deve culpar a CNBB – usando o seu nome – falam em nome desta Instituição, que tem o seu Conselho Superior; este sim, pode falar oficialmente em nome da Instituição.

Segue abaixo uma entrevista do Cardeal Geraldo Majela à Folha em 2003:

“CNBB diz que não é responsável por ação de pastorais

O presidente da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), dom Geraldo Majella Agnelo, diz que é hora de intensificar as manifestações populares para pressionar o governo a atender às reivindicações dos mais pobres. No entanto, ele ressalta que todas as manifestações devem ser pacíficas e ordeiras.

Em relação à CPT (Comissão Pastoral da Terra), que é ligada à CNBB e apoia invasões de propriedades feitas pelo MST, dom Geraldo reafirma a autonomia das pastorais e ressalta que suas atitudes não refletem a posição institucional da CNBB.

Folha – Há uma espécie de consenso entre as pastorais de que é necessário intensificar as manifestações populares para que os pobres ganhem sua fatia num governo marcado pela disputa de interesses. Como o senhor vê isso?

Dom Geraldo Majella Agnelo – A manifestação do povo é importante na democracia, mas não se pode aceitar que isso parta para a violência. Há um desespero por parte do povo que passa fome e há quem se aproveite disso para fazer esse tipo de coisa.

Folha – A CNBB acabou de realizar eleições. Já há uma posição institucional em relação ao governo Lula?

Dom Geraldo – Estamos em compasso de espera. A situação é complexa e não se pode dizer que o presidente não está fazendo mudanças porque não quer. Ele é idealista e tem uma trajetória de ter sofrido junto com o povo.

Folha – De qualquer forma, o governo ainda não está conseguindo priorizar os pobres…

Dom Geraldo – O projeto do governo de combate à pobreza ainda não está tão bem delineado. Mas tenho fé. Isso vai se resolver.

Folha – A CPT apoia invasões do MST. Como o senhor vê isso?
Dom Geraldo – As pastorais são ligadas à CNBB, mas não refletem a posição e o pensamento oficial da instituição”. (Da Sucursal de Brasília – Folha de São Paulo – 10/08/2003)

Referência Bibliográfica:

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1008200307.htm

Prof. Felipe Aquino

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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