Ainda há sinais de vida?

A impressão que nos fica é que a vitalidade social, e também a religiosa, estão dando sinais de fadiga. Nosso tempo lembra-nos os momentos vazios do povo de Israel que, nas fases de depressão, percebia seus problemas comunitários. O povo exclamava: “Os Profetas já não recebem visões do Senhor” (Lam 2,9). Aqui no nosso querido país a opinião pública está enfraquecida. Se ela já mostrou vigor contra as tendências esquerdizantes de Goulart; se mostrou força nas “Diretas já”; se já se manifestou contra a corrupção reinante no governo  Collor, agora há uma acomodação geral. Os políticos aumentam os seus salários com total “transparência”, e não são incomodados. A corrupção do mensalão, cem vezes superior aos desmandos de PC Farias, corre velozmente para a extinção por decurso de prazo. O país, contra as suas tradições, se envolve perigosamente com as piores ditaduras do mundo, e todos se conformam. O Supremo “mata” a grande esperança de moralidade pública do projeto Ficha Limpa, e derrota para sempre qualquer nova iniciativa de moralização do povo. Assistimos, confusos, um ex-presidente defender com ardor corruptos e bandidos.

É bem verdade, já tivemos, no âmbito social e também religioso, uma forte resistência contra as inúmeras tentativas de aprovar o aborto. Até agora conseguimos segurar. Também o Programa Nacional de Direitos Humanos, quase uma nova constituição, recebeu a oposição pública, até ser empacotada para futuras reaparições. Ouvimos a CNBB tomar fortes posições em nível nacional a favor do bem comum; os Padres cantores reúnem milhares de pessoas, respondendo a um povo sedento; os santuários marianos são visitados de janeiro a dezembro. Mas continuamos vendo, inertes, caminhadas em favor do uso geral da maconha (as campanhas em favor dos outros entorpecentes vem depois). Vemos a parada gay, afrontando a liberdade de culto, sem ninguém molestá-los. Promove-se a caminhada para Jesus, acalmando os católicos com um ecumenismo inexistente. Não se conhece voz que desmascara essa falácia. Onde isso tudo vai parar, sem o mínimo espanto e reação?  Mesmo prevendo a descida para “tempos maus”, sigamos a máxima de São Paulo: “Não vos conformeis com esse mundo” (Rom 12,2).

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Dom Aloísio Roque Oppermann scj
Arcebispo de Uberaba – MG

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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