A Paternidade Responsável

Male hands with baby

A Igreja ensina que os filhos são a maior riqueza do casal. De fato, o mundo todo não vale tanto quanto uma vida humana, amada por Deus e criada à sua imagem. Quem medita seriamente nisso não põe limites à geração dos filhos.

Infelizmente, em nossa civilização consumista e materialista, a dignidade do ser humano é ofuscada e não é devidamente respeitada e defendida. A vida do homem corre risco desde o ventre materno até o leito de morte. O aborto a elimina insensivelmente, revelando toda falta de respeito para com a vida da pessoa; da mesma forma a eutanásia.

Nada na face da terra é tão rico como a criatura humana. Nenhum outro ser criado recebeu de Deus inteligência, vontade, liberdade, consciência, sensibilidade e imortalidade. Nenhum outro ser criado foi tão desejado por Deus antes até da criação do mundo (cf. Ef 1,4) para viver sempre com Ele. Pois bem, o casal humano é chamado por Deus para ser a fonte de vida e da educação dos seus filhos.

Uma vez que os filhos são uma bênção, o casal deve gerá-los à medida que puder também educá-los. Nessa ótica, quanto mais, melhor, já que o filho é uma bênção, e benção não se rejeita. Isto é, se um casal tem condições de educar bem nove filhos, não deve parar no oitavo. Contudo, se não tiver condições de criar bem três, então que pare no segundo. O critério de discernimento deve ser o amor ao filho, tanto para querê-lo quanto para evitá-lo.

O que ocorre hoje, infelizmente, é que os critérios utilizados para esse discernimento, na maioria das vezes, são o egoísmo, o comodismo e medo do casal. O que se observa com facilidade é que o casal muitas vezes prefere adquirir um carro do ano, ou fazer uma viagem cara, a ter mais um filho. Quer dizer, a criança é colocada em segundo plano na escala de valores do casal. O valor da vida não é reconhecido.

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Em defesa da Vida

É um engano afirmar que existem fome e miséria no mundo porque há gente demais. Os estudos mostram que a terra tem potencial para produzir alimento para muito mais gente do que existe hoje. A revolução verde da biotecnologia mudou a face da terra. Os fazendeiros nos EUA e na Europa são pagos para não produzir. O que falta é o amor entre os povos e entre as pessoas para haver cooperação e promoção dos povos, não haveria miséria e fome. Já possuímos hoje tecnologias adequadas para abarrotar o mundo de alimento; o que falta é o amor: a fome de pão é precedida pela fome de amor.

É curioso observar que nos bairros ricos da cidade quase não vemos crianças, ao passo que nos bairros pobres as ruas estão repletas delas. Aquele casal rico que deveria estar educando sete, oito filhos, tem apenas um, dois, enquanto o casal pobre está criando dez. Quer dizer, as coisas estão invertidas, de cabeça para baixo. Não é que haja muita gente, há é uma perversa distribuição demográfica. O Japão tem 300 pessoas por quilômetro quadrado, enquanto na América do Sul este número não passa de 20. A América do Sul é desabitada diante da Europa e do Japão. A solução para os problemas do mundo não pode ser a “eliminação da vida” e nem o impedir o seu existir.

A Igreja também não aceita os catastrofistas de plantão que vivem pregando um superaquecimento destruidor. É claro que é preciso cuidar da ecologia, mas não podemos cair num doentio ecologismo que valoriza mais a natureza do que o homem e assusta as populações. Deus deu ao homem sabedoria e inteligência para resolver todos os problemas da vida e do mundo. Esta mentalidade errônea do ecologismo hoje valoriza mais um ovo de tartaruga do que um feto no ventre da mãe. Quem quebrar um ovo de tartaruga pode ser preso sem direito a fiança, mas se pode matar uma criança no ventre da mãe sem nada lhe acontecer.

Não é verdade também que a família pequena seja melhor. Pelo contrário, as famílias numerosas são mais felizes. Ter mais não é sinônimo de viver melhor. Muitas famílias ricas são profundamente infelizes.

Quando o casal conclui, livre e espontaneamente, não por egoísmo, mas por amor, que não tem condições de ter mais filhos, então ele deve buscar um método natural para a limitação dos nascimentos. O método mais recomendado é o do Dr. Billings que não é somente para o casal que não pretende ter mais filhos; é, inclusive, uma forma de melhor conhecer o corpo um do outro, de aprenderem a se relacionar melhor, e também para ajudar a mulher que tem dificuldades para engravidar.

São proibidos pela Igreja os métodos artificiais, contrários à natureza, especialmente a vasectomia para os homens e a laqueadura para as mulheres. Pior ainda é o aborto em qualquer circunstância. Em nenhuma hipótese o aborto é aceito, nem mesmo na chamada gravidez de alto risco para mãe ou para o filho. Nada justifica qualquer forma de aborto, porque a vida humana está acima de tudo. Nem também se pode justificar o aborto em caso de estupro; quem tem de ser punido é o estuprador e não a criança inocente gerada.

Também as pílulas e preservativos não devem ser usados. As pílulas são prejudiciais à saúde da mulher por causa do seu uso intensivo e dos seus defeitos secundários: hipertensão, dores de cabeça, infecções genitais e até câncer.

Retirado do livro: “Matrimônio – Coleção Sacramentos”. Prof. Felipe Aquino. Ed. Canção Nova.

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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