Há uma revolução sexual em curso nos Estados Unidos e, acredite-se ou não, o levante está acontecendo no mundo real e
não em um reality show qualquer. Visite qualquer colégio americano e, provavelmente, encontrará um número crescente de estudantes que assistem
programas escabrosos como Shipmates, escutam
as músicas de Eminem e decidiram permanecer castos até o casamento. Ao rejeitar
a cultura do amor livre que marcou a geração de seus pais, essa leva de jovens adultos representa uma nova
contracultura, claramente contrária à
corrente dominante da mídia e seu péssimo hábito de usar o sexo para impulsionar os índices de audiência e vender produtos.
Segundo um
estudo recente do Centro de Controle de Doenças, o número de estudantes do ensino médio que dizem nunca
ter feito sexo aumentou quase 10% entre
1991 e 2001. Pais, autoridades em saúde pública e os próprios adolescentes com
conflitos sexuais podem estar aliviados com este “não vamos nos render”. Mas este novo movimento de
abstinência, largamente estimulado por
uma cultura conservadora e cristãos evangélicos, tornou-se também altamente controverso.
O debate
diz respeito às políticas públicas, mas a questão principal é escolha pessoal. No centro disso estão os
próprios jovens, cujas vozes são abafadas
pela cacofonia política. Alguns deles se abriram e falaram sobre as razões que os levaram a se abster de sexo até
o casamento. Está claro que a religião
tem um papel fundamental nesta decisão extremamente pessoal. Mas há outros fatores também. Pais zelosos, sentimento de falta de preparo, o desejo de ter controle sobre seus próprios
destinos.
Fonte: O Estado de
S. Paulo, domingo, 8 de dezembro de 2002
por Lorraine Ali e Julie Scelfo, Newsweek