A Igreja Messiânica Johrei

Meishu-Sama, fundador da Igreja Messiânica Mundial, nasceu
em 1881 no Japão. Aos 45 anos de idade (em 1926), recebeu uma 
“maravilhosa revelação” que o impeliu a fundar uma nova sociedade
religiosa. A “revelação” mostrou a Meishu-Sama as causas das misérias
humanas no plano físico: devem-se a males espirituais ou a manchas existentes
dentro do homem. Em conseqüência, diz o mestre, Deus está para renovar o mundo,
enviando a divina luz, que transformará a velha era da noite em nova era do
dia. A Meishu-Sama caberia propagar a divina luz.

A transformação do mundo, dizem, há de se fazer mediante um
cataclismo, que será o maior de toda a história da humanidade. Mas,
“depois da grande purificação do mundo inteiro, uma era de luz e júbilo
substituirá a era das trevas e da miséria… Todos os males e erros causados
pela ignorância das divinas leis serão corrigidos” (palavras do fundador).
Meishu-Sama se sentiu, portanto, chamado a contribuir para realizar o mundo
ideal marcado por verdade, virtude e beleza, das quais decorrerá saúde,
prosperidade e paz para todos os homens. Esse mundo será a concretização do
paraíso na terra, concebido por Deus desde os primórdios da criação, mas ainda
não efetivado até os nossos dias.

O fundador passou o resto da vida a propagar a sua mensagem;
formou discípulos e escreveu livros e artigos. Até 1950 a sua organização se
chamava “Nippon Kannon Kydan” (Igreja Kannon do Japão); foi-lhe, então,
trocado o nome para “Sekai Kyusei-Kyo” (Igreja Messiânica Mundial).

Quando Meishu-Sama faleceu, sua esposa continuou a obra como
nome de “Nidai-Sama”, vice-líder espiritual. Atualmente, o movimento
está espalhado pelos Estados Unidos, pelas ilhas Havaí, pelo Brasil…

Um dos traços principais da mensagem da nova corrente é o
chamado “Johrei”.

Johrei: o que é?

Todo ser humano, pelo fato de ser sujeito a erros, traz
máculas em seu corpo espiritual. Visto que tais manchas são espirituais, elas
só podem ser removidas pelo poder de Deus. Esse poder purificador de Deus,
Meishu-Sama o experimentou e apregoou ao mundo: é a luz divina, que vem ao
homem sob a forma de Johrei.

Johrei, em japonês, compõe-se de joh (purificar) e rei
(espírito ou corpo espiritual). Portanto, Johrei vem a ser a purificação do
corpo espiritual pela luz divina, ou, mais amplamente, a invocação da luz
divina para que purifi­que o íntimo do devoto. Essa luz atinge o chamado
“corpo espiritual”, e não o físico diretamente.

O Johrei é a síntese da mensagem da Igreja Messiânica:
“O Johrei é um dos princípios básicos da nossa Igreja e o ato que
caracteriza a nossa tarefa religiosa. E essencialmente importante nos serviços
religiosos que realiza­mos” (A Igreja Messiânica Mundial, pág. 24).

O Johrei, ou seja, a canalização da luz divina que se faz
nos atos de culto do messianismo, pode curar espiritualmente. Eliminando as
máculas espiritu­ais, ele provoca a diminuição da tensão nervosa e a
normalização das fun­ções mentais; em conseqüência, a pessoa concebe bondade e
amor para com o próximo, chegando mesmo as suas faces a se transfigurarem. E
mais: o Johrei pode também causar a cessação dos sofrimentos físicos e a cura
de doenças corpóreas, pois “o espiritual e o físico estão em perfeita
conformida­de entre si”, dizem os cânones messiânicos.

O serviço do Johrei é praticado pelos ministros da Igreja
Messiânica, que assim tencionam contribuir para o desenvolvimento espiritual da
humanida­de e para o advento do paraíso terrestre, que o messianismo espera
firme mente.

O serviço de Johrei não é pago. Todavia, a pessoa que o
recebe é convidada a dar seu donativo material como expressão da sua gratidão;
o ministro messiânico o recebe e o coloca em lugar especial no templo santo.

A aplicação do Johrei deve dar início, na terra, a uma nova
fase da história, em que haverá um mundo de delícias e onde todos os males e as
aflições causadas pela ignorância da Lei de Deus chegarão ao fim. A beleza será
uma das características dessa nova era; por isso, os membros da Igreja
Messiânica valorizam grandemente as artes, como a pintura, a escultura, a
música, a literatura, a dança… Além disso, o serviço ao próximo é, para os
messiânicos, algo que suscita uma atmosfera de beleza, pois quem serve ao
próximo se torna puro e poderoso canal do poder divino para o Johrei.

 Avaliando…

A teologia da Igreja Messiânica é pobre em conceitos; pouco
diz a respeito de Deus e seus atributos. Parece estar muito mais interessada no
homem e na saúde pública do que no culto a Deus. De certos escritos
messiânicos, depreende-se que professam o panteísmo, ou seja, a identificação
da divindade com o mundo e o homem – o que é uma aberração lógica, pois Deus é
o Absoluto, e tudo o mais é relativo, limitado e passageiro.

A expectativa de um paraíso sobre a terra corresponde a um
velho sonho da humanidade… Está dentro das categorias de numerosos mitos da
história das religiões. Todavia, a experiência ensina que esse sonho é de
realização cada vez mais difícil, pois à medida que o homem progride na ciência
e técnica, mais parece que se deixa fascinar por suas obras, caindo sob o jugo
e os ditames das conquistas materiais; o próprio homem é, não raro, sacrificado
à máquina e à matéria. Estas fazem com que o homem se torne lobo para o homem
(“Homo homini lupus”); pensadores e futurólogos de nossos dias chamam
a atenção para tal fenômeno.

Se a Igreja Messiânica propõe o Johrei como sendo a graça
salvadora de Deus, concedida para preparar os homens para o paraíso terrestre,
temos o direito de pedir as credenciais de tal mensagem. Crer sem motivos
credibilidade é irracional (todavia, é algo que acontece freqüentemente em
nossos tempos).

  A revelação ou iluminação, com a qual teria sido
agraciado Meishu-Sama é, à primeira vista, algo de vago e subjetivo; as visões
e revelações, hoje em dia (quando são tão freqüentemente apregoadas), devem ser
encaradas com agudo senso crítico.

                                                                             

Deus pode manifestar-se em visões, sem dúvida; mas a maioria
das que lhe são atribuídas são fenômenos meramente psicológicos, produtos da
projeção fantasiosa do “vidente”. Atualmente, todos os homens sentem
tanta necessidade de renovação do mundo, que facilmente constroem suas
revelações correspondentes a esse anseio pessoal.

O que atrai muitas pessoas ao messianismo do Johrei é a
expectativa de curas. Vários devotos afirmam, em cartas e testemunhos orais,
que foram curados pelo Johrei em sua saúde física. Tais depoimentos apresentam
o estilo e as características de processos emocionais, em que a sugestão
desempenha papel importante. A religião e a mística, por serem valores de
primeira grandeza, têm poder altamente influente sobre o psiquismo de pessoas
combalidas por males e calamidades da vida presente. Seria, pois, temerário
afirmar que as graças obtidas em contato com o Johrei são sinais da veraci­dade
das crenças messiânicas.

Os messiânicos declaram que não há incompatibilidade entre
ser cristão e ser membro da Igreja Messiânica, pois esta não fere os princípios
do cristi­anismo. Ora, o messianismo professa concepções que não são
compatíveis com o cristianismo. Este anunciou aos homens uma mensagem que
nenhum profeta jamais ousou afirmar: “Ele (Deus) primeiro nos amou”
(1Jo 4,19). Ou ainda: “Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a
Deus, mas foi Ele quem nos amou e enviou o seu Filho como vítima de expiação
pelos nossos pecados. Caríssimos, se Deus assim nos amou, devemos, nós também,
amarmos uns aos outros” (1Jo 4,10s).

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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