A Igreja celebra hoje a Festa da Transfiguração do Senhor. Antes Pedro, Tiago e João, admirados, Jesus é transfigurado pelo Pai, que o envolve com a Nuvem, símbolo do Espírito Santo, glória e presença de Deus. Na glória de Jesus aparecem Moisés e Elias. E o Pai proclama: “Este é o meu Filho amado! Escutai-o! “Que realidades do céu podemos encontrar nesse Mistério tão impressionante? Eis alguns, para sua contemplação, meu caro Visitante:
1. Recorde-se do Antigo Testamento: Moisés subiu ao Monte Sinai/Horeb e, ali, viu o Senhor Deus pelas costas, viu a glória de Deus de relance. Elias também, após quarenta dias de caminho, subiu ao Sinai/Horeb e, como Moisés, viu de relance, pelas costas, a glória de Deus. Mas, agora, ambos sobre o Monte, contemplam face a face a glória de Deus, glória que refulge radiante na face bendita de Cristo. Em outras palavras: Cristo é Deus e nele podemos contemplar a glória do Pai!
2. Outro aspecto importante: Moisés e Elias resumem todo o Antigo Testamento: o primeiro simboliza a Lei; o segundo, os Profetas. Eis, pois: a Lei e os Profetas dão testemunho de Cristo e são por ele iluminados. Somente na glória de Cristo é que o Antigo Testamento pode ser compreendido em plenitude!
3. Mas, o que aconteceu mesmo com Cristo? Sua humanidade, sua natureza humana, sujeita ao mesmo estado de servidão que a nossa, foi totalmente envolta pelo Espírito de Glória, de modo que nela transparece, de modo impressionante e inimaginável, a própria glória divina da Pessoa do Filho eterno! Por um momento, Jesus faz-se ver naquela glória que sua natureza humana terá depois da Ressurreição! Por isso mesmo o tema sobre o qual conversa com Moisés e Elias: sua Paixão, que iria acontecer em Jerusalém.
4. Aqui também há uma profunda lição: somente poderá compreender a glória de Cristo quem for com ele até a cruz. Não é por acaso que, ao descerem do Monte, Jesus os proíbe de falar a quem quer que seja sobre o que testemunharam “até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos”. Também não é por acaso que as três testemunhas da Transfiguração serão as testemunhas da Agonia no Horto. Quem não ama a cruz de Cristo, tampouco verá a glória de Cristo. Uma glória do Senhor compreendida sem a cruz é mundana e não tem nada a ver com o desígnio de Deus.
5. Um outro aspecto: a glória que contemplamos no Cristo, nossa Cabeça, é a glória que está destinada a toda a Igreja, Corpo de Cristo, e a cada um de nós, membros seus. Deste modo, a Festa de hoje é também festa nossa, penhor da nossa futura glorificação!
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D. Henrique Soares da Costa
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