A Evangelização dos Índios no Brasil

indios

O objetivo desta comunicação é focalizar a Igreja e a Evangelização dos índios no Brasil

Ninguém melhor do que o Papa João Paulo II para mostrar o autêntico significado deste memorável acontecimento. Assim se expressou S. S.: “O que a Igreja se dispõe a celebrar é a evangelização: a chegada e proclamação da fé e da mensagem de Jesus, a implantação e o desenvolvimento da Igreja, realidades esplêndidas e permanentes que não se podem negar nem menosprezar. Ela se dispõe a celebrá-la no sentido mais profundo e teológico do termo: como se celebra Jesus Cristo, Senhor da História, o primeiro e o maior Evangelizador, já que Ele mesmo é o Evangelizador de Deus”1.

O tema sobre o trabalho missionário da Igreja junto dos indígenas brasileiros é vasto e complexo. Será aqui abordado nos seus aspectos fundamentais a partir de fontes históricas fidedignas, objetivando atingir a Verdade histórica.

Através dos séculos continuaram verídicos, sob tantos aspectos, os dizeres de Francisco Xavier de Mendonça Furtado em carta ao Marquês de Pombal no ano de 1752: a problemática indígena “é matéria tão vasta que nunca se acaba de esgotar, nem deixará de haver coisas novas e inimagináveis”2.

Na presente dissertação, por se recusarem, neste ou naquele momento, determinadas posições radicais e eivadas de prejuízos, não significa isto uma atitude apologética. Trata-se de mostrar a inconsistência de certas assertivas que, infelizmente, vão denegrindo a obra missionária, agredindo anti-cientificamente a Igreja, deturpando a realidade histórica.

Quando exatamente a História adquire foros de Ciência, surgem falsos cientistas sociais que, baseados em pressupostos teóricos contestáveis, vão enxovalhando com afirmações inverídicas o desenrolar dos eventos, apresentados numa ótica preconceituosa. Expressões pré-fabricadas, prenhes de deletéria ideologia, divisões artificiais, interpretações infundadas, estão a exigir uma tomada de posição daqueles que almejam salvaguardar o prestígio da História, ciência dos atos humanos do passado e dos fatores que neles influenciaram, vistos na sua sucessão temporal.

Isto a partir de uma metodologia que exclui declarações não documentadas. O método científico supõe o respeito às regras de uma hermenêutica correta, não sufoca o talento do historiador, nem leva a um positivismo deletério, mas exclui a distorção dos acontecimentos e as generalizações sempre condenáveis. Apenas assim a consideração equilibrada do passado ilumina o presente e ajuda a projetar o futuro.

Cumpre sempre fazer justiça aos fatos e aos protagonistas

No que tange ao tema em tela, muitas vezes se esquece a formação histórica de Portugal, nação que surgiu de árduas lutas sob o signo da invocação do Todo-poderoso. Isto fez aquele povo empolgar-se pela difusão do reino de Deus, o que Camões contou nos Lusíadas em instante de pulcra inspiração: “dilatação da Fé e do Império3. Olvida-se, além disto, o notável zelo missionário da Igreja que sempre impulsou obreiros do Evangelho para a tarefa realmente heroica de levar a salvação às mais remotas regiões. Foi a obediência ao preceito de Cristo da pregação do Evangelho por toda a terra4 que impulsionou centenas de apóstolos para a Terra da Santa Cruz. Aliás o papa Leão XIII declarou que a cidade santa de Deus, que é a Igreja, a qual não é limitada por nenhuma fronteira, recebeu de seu Fundador uma tal força que cada dia alarga o recinto de sua tenda e estende as peles que cobrem os seus tabernáculos” (Is, 54,2)5.

Ela nunca traiu sua vocação de religião católica nem seu imprescritível dever missionário.

Portugal muito contribuiu, graças à religiosidade de seus reis, para esta tarefa magnífica do anúncio da Boa Nova, que foi feito com empenho e sinceridade, apesar das naturais falhas humanas.

Sinal expressivo deste senso religioso, no caso específico do Brasil, foi ter sido colocada a expedição de Cabral sob a égide de Nossa Senhora da Esperança, cuja imagem se achava na nau capitânia.

O que escapa a certos historiadores é o propósito do rei português, o qual, antes de tudo e, sobretudo, almejava dilatar a fé, o reino de Deus. Daí fazerem da evangelização elemento primordial da conquista de outras terras. Isto é bem mais profundo do que simplesmente dizer que a religião foi um instrumento de expansão temporal. Na base do processo, o posicionamento era outro: o Estado é que era instrumento de difusão evangélica. Primeiro a fé cristã a ser levada a outros povos a serviço da qual estava o Império. Se não se percebe esta distinção, toda a obra evangelizadora no Brasil fica a inicio deturpada.

Séculos XV e XVI Períodos

No último decênio do século XV e no século XVI, a atividade missionária junto aos indígenas do Brasil pode ser dividida em dois períodos: antes da chegada dos Jesuítas em 1549 e após a vinda dos epígonos de Santo Inácio de Loyola, cuja atividade se projetará de maneira notável até meados do século XVIII (1759), numa trajetória bicentenária.

Antes dos inacianos, que aqui aportaram investidos de uma missão oficial educadora, destaque-se que a Terra de Santa Cruz nasceu sob o signo da catequese. Duas Missas celebradas oficialmente: a primeira no dia 26 de abril de 1500 no ilhéu da Coroa Vermelha e a segunda a 12 de maio, já no continente. As melhores fontes informam que já na primeira cerimônia cerca de duzentos índios estavam presentes num incipiente contato com a religião de Cristo.

Durante quarenta e nove anos núcleos esparsos de evangelização pelo litoral iam, embora de forma precária, mostrando aos aborígenes novos valores espirituais e morais. A partir de 1535 a criação de Paróquias nas Capitanias significou um progresso na catequização dos nativos.

O testemunho dos que por primeiro entraram em comunicação com os índios, confirmado depois pelos documentos emanados de jesuítas insuspeitos, como Nóbrega e Anchieta, e por outros depoimentos fidedignos, joga por terra o mito do “bom selvagem” e de uma existência paradisíaca nas florestas tropicais. Ao lado de aspectos positivos, elementos profundamente negativos marcavam determinantemente a ética então reinante e o modo de viver era sumamente atrasado. A antropofagia, a embriaguez, as superstições desumanas, a poligamia e até o comunismo de mulheres, as lutas intestinas nas quais prevaleciam os mais fortes, a inconstância de propósitos, a influência muitas vezes maligna do pajé e dos feiticeiros, eram, entre outros desvios, procedimentos inteiramente contrários ao Evangelho e à própria lei natural. Necessário se fazia, portanto, moldar-lhes o caráter, purificar suas crenças, morigerar seus costumes, elevar o seu teor de vida, levar-lhes os benefícios do progresso humano, a que, de fato, nem sempre hoje se salienta é o estágio realmente primitivo em que se encontravam os silvícolas desta região, ignaros da escrita, ignorantes das conquistas que outros seres inteligentes tinham incorporado à civilização humana.

É certo que muitos conquistadores desalmados, movidos pela ganância, complicaram ainda mais a triste situação, traindo vilmente a religião e não se comportando à altura de homens civilizados. Isto, aliás, tornou ainda mais meritória a obra evangelizadora que se viu obrigada a trabalhar em duas frentes: conversão dos nativos e dos colonizadores ambiciosos e depravados. Em nossos dias mesmo, uma das mais ingentes tarefas pastorais é a do convertimento de grade parte dos católicos alheios a seus deveres cristãos.

Note-se que a própria posse da terra por parte dos índios que aqui viviam é uma questão, por vezes mal posta. Dado o nomadismo reinante e a total falta de consciência jurídica com relação ao domínio territorial, naquela imensidão de terras, careciam eles da noção de propriedade. A prevalecer a opinião de certos escritores, os indígenas seriam os maiores latifundiários do planeta. Faltava-lhes, além disto, a consciência nítida de pertencerem a um todo racial.

Àqueles espíritos rudes, a primeira catequese litorânea pioneira, que se estendeu desde a costa de Pernambuco até Santa Catarina, trouxe imensos benefícios por parte de missionários do clero secular e dos religiosos franciscanos. Houve, outrossim, a participação eficiente de leigos, inclusive de silvícolas cristianizados. Adulto van der Vat relata as atividades do índio Etiguara que, nos idos de 1538, levou a mensagem evangélica aos Carijós de Santa Catarina, possibilitando a primeira missão organizada entre os índios no Brasil, a de Imbiaça, obra de franciscanos espanhóis 6.

Com a instalação do Governo Geral chegam os jesuítas. Manoel da Nóbrega e seus companheiros iniciam então uma ampla catequese realmente organizada, um trabalho missionário de vulto, colocando em prática uma notável pedagogia evangelizadora. a fato deste movimento, logo nos seus primórdios, contar com elementos talentosos era uma garantia do êxito espiritual e civilizador do nobre empreendimento. Assim, por exemplo, a presença de um insigne pedagogo como o Pe. João Aspicuelta Navarro, precursor da metodologia moderna, a falar a língua dos íncolas e a difundir o catecismo da doutrina cristã em idioma aborígene, faz vislumbrar o que seriam as atividades pastorais dos loyolistas dentre os quais Anchieta irá merecer os títulos de Apóstolo do Brasil e de “Paladino e Precursor da ecologia brasileira”.

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Método Catequético dos Jesuítas

No que diz respeito ao método catequético empregado pelos jesuítas, cumpre ressaltar que duas são as fontes primordiais: a correspondência, sobretudo com o Provincial, e toda a riquíssima literatura que registra os feitos destes tempos de tão árduos esforços e, de outro lado, a magnífica obra do Pe. Serafim Leite7 dez volumes, sempre compulsados pelos estudiosos do assunto. Acrescentem-se as valiosas informações de outros escritos. A base deste método foram as instruções do papa Gregório I a Santo Agostinho de Cantuária8, entre as quais de destaque a diretriz no sentido de que os templos dos nativos não deviam ser destruídos, pois cristianização não representa extermínio das culturas, mas seu aperfeiçoamento, num processo aculturativo de reinterpretação de ritos e de crenças; as diretrizes do papa Paulo III em 1537 nas Bulas Veritas ipsa e Sublimls Deus sendo que, na primeira, condenava a escravidão dos nativos e, na segunda, declarava herética a opinião de que os índios eram irracionais, incapazes, portanto, de serem cristianizados; o Regimento de Tomé de Souza no qual consta claro que “o principal fim por que se manda povoar o Brasil é a redução do gentio à fé católica”10. Prossegue o texto dizendo que “esse assunto deve o governador praticá-lo muito com os demais capitães. Cumpre que os gentios sejam bem tratados e que, no caso de se lhes fazer dano e moléstia, se lhes dê toda a reparação, castigando os delinquentes”11; as ideias da época sobre os bárbaros e os povos civilizados. Para o século seguinte serviu ainda de base o regimento das Missões de 1686 que acentuava a importância do agrupamento das tribos em núcleos de sentido urbano, preparo técnico em vários ofícios, trabalho disciplinado de fundo agrícola. Os princípios adotados pelos inacianos foram: premissas morais, visando eliminar instituições incompatíveis com a teologia e ética cristã; a preparação de agentes interculturais; técnicas de transmissão de novas crenças e valores para quem pouca capacidade tinha para abstrações intelectuais. Os processos empregados podem ser assim enumerados: segregação dos catecúmenos e recém-nascidos; combate à poligamia, nudez, antropofagia, embriaguez e outros vícios; neutralização da influência deletéria do pajé, dos feiticeiros e do velho; contato transitório e seletivo com o colono; reintegração de cultos e danças; combate às instituições tribais, visando eliminar o nomadismo e a preparação para a inserção definitiva no meio civilizado. Este método trouxe os seguintes resultados: não houve conversão em massa; realizou-se intenso trabalho em tribos e aldeias; os jesuítas se tornaram agentes de assimilação dos indígenas à civilização cristã; a catequese contribuiu para a destribalização; dada a desumanidade dos predadores, sobretudo durante a invasão holandesa, os índios aldeados foram preferencialmente presos e escravizados; de certo modo, a catequese colocou o índio sob o controle da ordem civil, exceto nas reduções; os jesuítas vieram a sofrer as mais terríveis perseguições desde o início de sua obra catequética por defenderem a liberdade dos índios e a preservação de valores de sua cultura, a experiência dos inacianos tornou-se fonte de inestimável valor para uma teoria da aculturação.

As críticas feitas ao trabalho evangelizador dos jesuítas tem em Mecenas Dourado um dos mais influentes representantes. Sua obra, Ensaio Crítico do Diálogo da Conversão do Gentio do Padre Manoel da Nóbrega 12, é um texto eivado de preconceitos e erros. Nele, infelizmente, se têm inspirado até alguns eclesiásticos nos seus ataques gratuitos à obra missionária, sendo que muitos até se limitaram a plagiá-lo. Mecenas Dourado ataca o Pe. Serafim Leite, os obreiros do Evangelho que labutaram entre os silvícolas e outras figuras notáveis do cristianismo. Comete, além disto, erros crassos.

Eis algumas observações a seu livro: o autor, baseado numa teoria antropológica, para ele absolutamente correta, cai em graves equívocos teológicos e filosóficos; engano primário falar em ateísmo dos índios; a “sojigação” a que se referem os documentos dos jesuítas não era para a escravidão, pois a sujeição significava a incorporação dos índios ao quadro político de Portugal, como vassalos, participantes de uma pátria cristã; é certo que uma das causas que impediram uma maior eficiência da catequese era o pouco preparo espiritual de alguns obreiros do Evangelho, mas é preciso não generalizar; sem fundamento a conclusão de Mecenas Dourado, afirmando que os jesuítas fracassaram totalmente na obra da conversão do gentio; catequizar não é sinônimo de converter, sendo que no processo de catequese os loyolistas atingiram as raias do heroísmo e fizeram o máximo possível dentro do contexto de então, mas a conversão, obra da graça, não pode ser medida com critérios humanos; teria sido um contra-senso os jesuítas lutarem pela liberdade dos silvícolas, como o prova sobejamente a História através de farta documentação, e eles mesmos os escravizarem; as causas do fracasso de aldeamentos o próprio Pe. Serafim Leite as aponta: da parte dos índios, os temores, as epidemias, as fugas e, da parte dos padres, a escassez de missionários, as dificuldades intrínsecas à própria vida religiosa; grande mérito dos jesuítas foi compreenderem a situação histórica do Brasil e se aparelharem com excelentes colégios para assistência e formação dos mestiços; é profunda injustiça reduzir a atividade dos jesuítas a uma mera empresa econômica; descabida a análise que Mecenas Dourado faz das atividades do Pe. Vieira. Em síntese: a interpretação deste autor é, em vários pontos, unilateral, anticientífica, incoerente.

Não se poderia exigir dos missionários de séculos passados todos os conhecimentos das Ciências Sociais hodiernas. Eles agiram dentro das categorias de pensamento e cultura do século em que viviam. O que se esquece, porém, é que a experiência do passado é sempre fator de progresso, sendo que os inacianos empregaram recursos idênticos a muitos preconizados pelos antropólogos de nossos dias. Seja dito que um dos motivos alegados para a perseguição aos jesuítas foi o fato de eles cultivarem e favorecerem as línguas dos índios, o que mostra a preocupação dos loyolistas em penetrar fundo na cultura aborígene, preservando-lhes o idioma. Observe-se que a moderna antropologia e a psicologia do comportamento humano chegaram a suas teses por meio de laboriosas pesquisas e estão a ampliar cada dia seu campo de estudo, por vezes, refazendo princípios que pareciam intocáveis. Adite-se a assertiva de Viotti: “Naquelas circunstâncias, não passaria jamais pela cabeça de ninguém que os índios devessem permanecer numa espécie de museu etnográfico para deleite e glória de futuros antropólogos”13.

Pastoral franciscana

Embora outros religiosos tenham missionado no Brasil desde os primeiros séculos, a saber, carmelitas (1580), beneditinos (1581), por motivos vários, foram os franciscanos, depois dos jesuítas, os que mais fizeram pela evangelização dos índios. Antes da chegada de um grupo e discípulos de São Francisco, a 12 de abril de 1585, diversos frades desta Ordem já trabalhavam entre os índios, como o irmão leigo Frei Pedro Palácios na Bahia e na Penha do Espírito Santo. A praxe missionária dos franciscanos (1584-1619) não oferece um método pastoral rígido, elaborado a partir de premissas pré-estabelecidas. Da experiência cotidiana surgiram para tais evangelizadores orientações práticas. Perante a animosidade indígena os frades opunham o destemor pessoal que muito impressionava os aborígenes, quedos por verem aqueles servos de Deus confiarem tão só no crucifixo que em mãos traziam. Isto abria o caminho para aceitarem a presença dos embaixadores de Cristo. Na entrada da aldeia o Cruzeiro era sinal de uma missão estabelecida. Os franciscanos também faziam das crianças o meio principal para atingirem os pais e demais membros da tribo. Daí o fato de estabelecerem escolas gratuitas que produziram frutos opimos. Os adultos recebiam instrução religiosa pela manhã e à tarde nos templos. A correção dos desvios morais era um alvo primordial ao lado da doutrinação sobre os pontos principais da fé. Aculturação sadia dava-se, pois costumes que não iam frontalmente contra o Evangelho eram prudentemente acatados. Os seguidores de São Francisco souberam bem aprender o valor que os indígenas davam ao culto dos antepassados e, deste modo, a devoção às almas do purgatório se intensificou entre os silvícolas que muito apreciavam as cerimônias fúnebres da Igreja. Como ocorria com os jesuítas, eram os Frades Menores rigorosos na administração do batismo, conferido apenas após demorada preparação. Muito agradavam aos nativos as cerimônias do Natal e da Semana Santa, cujas representações eram assistidas com enorme admiração, fixando verdades fundamentais.

A insistência dos Filhos do Seráfico Patriarca na coerência da vida com os princípios evangélicos os impelia a permitirem a Primeira Comunhão só após prolongada demonstração de uma existência verdadeiramente cristã.

Foi assim que as missões franciscanas, levadas a efeito, sobretudo no litoral da Paraíba e de Pernambuco, floresceram com grande proveito dos nativos.

Como aconteceu com os jesuítas, críticas são feitas à evangelização dos seráficos. Os castigos infligidos a crianças e adultos são objeto de apreciações injustas. Esta prática pedagógica deve ser vista no contexto histórico daquela época. Em nosso século até em países adiantados como a Inglaterra tais correções eram empregadas 14. Note-se, entretanto, que no Regulamento para os Missionários no século XVII (1606) há esta norma que demonstra não serem os castigos indiscriminados: “Nenhum religioso dê palmatória à mulher”. As prisões de índias casadas, outro fato também criticado, foi, na verdade, uma medida salutar, pois tal detenção era provisória e objetivava dar um tempo para passar a ira dos maridos que ameaçavam matar as esposas inocentes estupradas por vis colonizadores. Isto gerou interpretações malévolas, sendo os frades acusados de manterem cárceres privativos, quando na realidade o que eles ofereciam era guarida ante uma violência emergente. É lamentável que aspectos positivos da ação missionária fiquem obnubilados pela sanha infundada dos inimigos da religião ou de seus comparsas entre falsos historiadores do meio clerical. Aí está o motivo pelo qual as falhas humanas ou circunstanciais são o tema predileto dos que intentam denegrir empenhos tão notáveis. Apesar de todos os seus esforços, os franciscanos, não conseguindo a separação entre índios e colonos, viram tantas vezes sua tarefa educadora comprometida. Forçados pelo governo os frades tiveram que se envolver em ações civis, tais como as de fazer parte das Entradas e participar da construção de fortificações. A Província-mãe franciscana de Portugal, além disto, como o atestam historiadores da Ordem índice não dava o apoio necessário e nem havia um processo de orientação contínua às Missões da Custódia de Santo Antônio. Apesar de tudo, houve trabalho profícuo, perseverante, paciente dos filhos de São Francisco que muito fizeram pela instrução e pela promoção social dos indígenas do Brasil. Religiosos de grande envergadura moral e grande descortínio exerceram liderança saudável e suave conduzindo centenas de aborígenes para o caminho da salvação do corpo e da alma.

Destaque no Clero Secular

No século XVI cumpre se registre ainda, entre o clero secular, o Primeiro Prelado do Rio de Janeiro, Pe. Or. Bartolomeu Simões Pereira. A ele assim se referiu Anchieta:’ “Este se mostra afeiçoado e zeloso da conservação dos índios e acode por eles, muitas vezes, onde falta a justiça secular por serem pessoas miseráveis e que têm particular necessidade do braço eclesiástico”16.

Século XVII

No século XVII com as peculiaridades próprias que novos acontecimentos suscitam, prosseguiu a evangelização dos índios com o mesmo ardor precedente, arrostando dificuldades, superando obstáculos, com o único fito de salvar almas, concomitantemente oferecendo os benefícios da civilização cristã. O ano de 1676 marca a criação de novos bispados e novo surto missionário. Até aquela data os jesuítas continuaram seu apostolado nas aldeias indígenas, apesar da luta que sustentavam contra as invasões. Surgiram, inclusive, novos aldeamentos. No norte se destaca a figura ímpar do Pe. Antônio Vieira, defensor intrépido dos índios. Chegaram os inacianos até Santa Catarina e daí ao Rio Grande do Sul. Os franciscanos também não esmoreceram na ingente tarefa. Ressaltem-se neste período os seráficos reformados a atuarem na Paraíba, em Pernambuco e Alagoas. O maior êxito apostólico dos filhos de São Francisco foi, entretanto, no Maranhão e Grão Pará. Catequização eficiente dos indígenas, promoção social daqueles seres humano. Capuchinhos franceses em boa hora aderiram à obra missionária ao ensejo da França Equinocial. A 12 de abril de 1613 seis índios chegavam a Paris com Frei Cláudio Abbeville, sendo recebidos pelo Rei, por toda a Corte e pelo Núncio Apostólico. Foram batizados solenemente pelo Arcebispado de Paris dia 24 de junho de 1613. Um dos objetivos desta ida de silvícolas à Europa foi atingido: mais doze capuchinhos vieram trabalhar junto aos nativos do Forte São Luís e, no Maranhão, ficaram até o fim da presença francesa naquela região. Presos, quando demandavam’ a Guiné na África, outros capuchinhos em 1641, foram conduzidos pelos holandeses a Pernambuco. Maurício de Nassau os recebeu muito bem por serem eles franceses e, assim, podia acalmar a população católica, incomodada com a presença dos protestantes. Deu-lhes total liberdade de ação. Por meio da Propaganda Fidel receberam os frades as faculdades necessárias para seu múnus apostólico. Mesmo depois da expulsão dos holandeses, os capuchinhos aí ficaram, sendo que, após 1657,se dedicaram aos índios na região do rio São Francisco e na Capitania do Rio de Janeiro. Neste século XVII cresceu o empenho do clero secular por um trabalho assíduo nas aldeias indígenas. Bispos e’ sacerdotes: aqueles crismando, animando, consultando as necessidades mais prementes dos íncolas e estes, em suas paróquias, com intensa pastoral indígena. Houve até sacerdotes do clero secular que se embrenharam sertão a dentro para levar a Boa Nova, trazida por Cristo, àquelas populações interioranas. Com os novos bispados que foram criados, após 1676 o clero regular e secular intensificou ainda mais seu apostolado. Por todo o território brasileiro a evangelização dos índios se estendeu com grandes frutos também para novas tribos, malgrado a ação perversa de colonos invasores, prepotentes, guiados pela ganância, expostos à maldade de seus corações. Foi nesta hora que muito valeu a intervenção firme dos prelados a incentivarem os missionários e coordenando os trabalhos. Isto coibiu em parte a cobiça dos colonos, favoreceu muito a educação e proteção do índio e suscitou o progresso do Brasil. Maior fora o número dos que se dedicaram à causa indígena nestas missões e mais relevante ainda teria sido o papel do clero secular. Entretanto, cumpre sejam ressaltadas, na segunda metade do século XVII, as missões regulares do clero secular no Nordeste. Página épica foi a conversão dos temidos índios Orises Procases na Serra de Nhumarama no rio São Francisco. Tendo sido preso o filho do cacique desta tribo pelos índios Caimbés, o Pe. Eusébio Dias Laços de Lima, numa de suas incursões pelo interior, chegou junto aos Caimbés no momento em que se preparava um banquete antropófago para o qual levariam à morte os dezenove prisioneiros. A intervenção enérgica do Pe. Eusébio salvou aqueles pobres indígenas e o filho do cacique foi o trunfo para que os Orises Procases acatassem aquele sacerdote em sua tribo. Foram cinco meses de instrução e o referido sacerdote conseguiu que abandonassem os maus costumes, batizou-os e os orientou no sentido de melhorarem sua agricultura 17.

Os jesuítas neste período continuaram suas lides missionárias em quatro missões em Pernambuco, dez aldeias no Arcebispado da Bahia e quatro no Rio de Janeiro. Em São Paulo continuaram com os antigos aldeamentos e fundaram novos no Maranhão e Amazônia.

Os franciscanos, após o contratempo da invasão holandesa, reassumiram algumas missões, sendo que em 1700 tomaram a frente das missões dos capuchinhos franceses nos Campos dos Goitacazes, no Rio de Janeiro. Foram também até à Amazônia e fundaram dez aldeias.

Na segunda metade do século XVII os carmelitas observantes muito fizeram pela evangelização indígena na Bahia e no Nordeste, sendo que os carmelitas descalços muito trabalharam na Bahia e iniciaram em 1695 suas atividades na Amazônia.

No Pará e no Maranhão os mercedários exerceram neste século notável atividade. Adite-se a profícua ação dos oratorianos, de Olinda, única corporação brasileira composta de sacerdotes seculares, congregados sob a tutela da Sagrada Congregação da Propaganda Fidei. Estenderam eles suas atividades ao Ceará e intensa foi a catequização dos índios desta região.

Século XVIII

Durante o século XVIII o empenho maior consistiu sobretudo em manter e aprimorar a evangelização já levada a efeito anteriormente. Novas áreas, porém, foram, outrossim, atingidas pelos capuchinhos, jesuítas e padres seculares. Obra que avultou nestas décadas foi a dos carmelitas descalços que, em 1710, chegaram até à região do Solimões e, depois, às corredeiras do Rio Branco. Criaram os denodados frades as Missões do Uaupés, florescentes até nossos dias, agora sob a direção dos salesianos. Nem sempre é lembrado nos livros didáticos o quanto ficou o Brasil devendo a estas missões dos carmelitas no que tange sua expansão territorial na direção dos Andes.

No século XVIII os índios já cristianizados mereceram especial atenção no sentido de seu crescimento espiritual. O fim deste período, porém, é que marcará surto missionário indígena mais intenso. Foi no século XVII I que a evangelização dos silvícolas sofreu até então o maior impacto do absolutismo estatal, prosseguindo, além disto, os ataques dos ambiciosos colonos. Adite-se que muitos aborígenes se embrenharam pelos sertões o que dificultou ainda mais a tarefa missionária. Houve, entretanto, aspectos favoráveis como ajuda periódica do rei e governantes, fornecendo, por vezes, até instrumentos agrícolas para os índios via missionários. A Propaganda Fidei enviou capuchinhos italianos e continuou a apoiar os oratorianos. Leigos e, entre eles, índios convertidos se tornaram ardorosos apóstolos. O monarca português instituiu a Junta de Missão nas sedes episcopais, reunindo as autoridades locais e superiores das Ordens Missionárias.

Em Minas Gerais os Párocos se fizeram denodados obreiros do Evangelho junto aos indígenas. Surgiu a figura do Procurador dos índios em todo o território brasileiro, cargo que era exercido normalmente por um eclesiástico talentoso. Golpe horrípilo foi para a obra missionária e toda a educação no Brasil a expulsão dos jesuítas em 1759.

O motivo real, fundamental, era a questão do índio junto dos quais exerciam influência tal e gozavam de prestígio tanto, que isto exacerbou os ânimos dos poderosos contra eles. Símbolo macabro desta injusta atitude foi o famigerado Marquês de Pombal. Como salientam vários historiadores, os obreiros do Evangelho, na sua maioria, aderiram inteiramente à evangelização missionária e não se fizeram meros funcionários do governo civil. A expulsão dos jesuítas é desta tese uma prova cabal.

Outro aspecto prejudicial à evangelização foram nesta época os atritos entre bispos e religiosos, estes favorecidos sempre pelos tribunais do Reino nas suas altercações com os epíscopos. Julgavam-se os religiosos fora da jurisdição episcopal. Outro complicador foi a medida assaz deletéria do poder civil ao transformar aldeias em paróquias, coagindo índios dispersos. Por entre estas dificuldades, o que salvou a obra missionária foi o incontestável zelo de párocos que iam continuando a tarefa dos jesuítas e dos capuchinhos também perseguidos.

Os padres diocesanos inclusive fundaram novos aldeamentos. É de se notar que, como sempre aconteceu, a escolha dos lugares para as aldeias era feita de acordo com a experiência dos nativos, a saber, sítios arejados, próximos dos rios, terras mais propícias à plantação.

Na capitania do Rio de Janeiro coloque-se em relevo o nome do Pe. José das Neves Ribeiro a labutar na aldeia de Macaé desde 24 de dezembro de 176518. Tornou-se ele grande benfeitor dos índios da região. Outro sacerdote, Pe. Francisco Xavier de Toledo, por trinta anos, trabalhou junto aos índios Puris. Pe. Enrique José de Carvalho interessou-se pelos indígenas da aldeia de São Luís Beltrão. Estes alguns, entre muitos outros que se consagraram à nobre causa da evangelização dos nativos. O mesmo ocorreu nas outras regiões do Brasil.

Por entre tais esforços coroados de êxito, assinale-se que, neste século XVIII, desde 1759 a Igreja missionária enfrentou as inoportunas. Determinações da Metrópole quanto à emancipação legal dos índios, contida no Diretório elaborado pelo governador e capitão-general Francisco Xavier de Mendonça Furtado. Além disto, o afastamento dos missionárias da administração territorial só podia trazer funestos resultados. O fito maligno pretendido por Mendonça Furtado foi infelizmente atingido: despreparados para gozar tal liberdade legal, mas aparentes, fictícias, foram inúmeros índios facilmente dominados pelos desalmados colonos. O patrimônio indígena foi usurpado, territórios estes tão arduamente defendidos pelos pregoeiros do Evangelho.

Século XIX

No século XIX a evangelização indígena sofreu os entraves de uma era das mais conturbadas para a Igreja, sobretudo no período imperial (1822-1889). O regalismo do Império violentou a liberdade da Igreja, somando-se a isto o posicionamento do clero envolvido com a maçonaria. Na época colonial, de um modo geral, os soberanos, independentemente das prerrogativas do Padroado, zelavam pelo bem espiritual dos súditos. Se, às vezes, como foi mostrado, adotavam medidas que prejudicavam determinadas ações, outras, até propiciavam meios valiosos que impulsionavam as missões. Não tomaram atitudes no terreno eclesiástico do tipo das intervenções das autoridades civis dos tempos imperiais. Estas, aliás, foram precedias pelas ações ignóbeis de Pombal e pelas perseguições de D. João VI.

No primeiro Império, índios arredios foram massacrados em Goiás, São Paulo e Minas Gerais. Missionários capuchinhos foram proibidos de exercer o ministério pastoral19, como por exemplo, aconteceu já na regência, com Frei José Maria de Macerata que missionou o Mato Grosso. Eleito em 1826 Vigário Apostólico da recém criada diocese de Cuiabá foi destituído da prelazia pelo Regente Feijó20. As sábias diretrizes de José Bonifácio apresentadas ao parlamento dia 12 de junho de 1823 sob a epígrafe Apontamentos para a civilização dos índios bravos do Império do Brasil não mereceu a atenção dos Constituintes. Medida salutar, porém, nas alternâncias políticas de então foi, no segundo Império, a permissão da vinda de capuchinhos italianos, graças ao Decreto de 21 de junho de 184321 e a criação de um diretor-geral dos índios nomeado pelo Imperador. Tal diretor-geral controlava a catequese de cada Província, devendo insistir na formação católica dos silvícolas, cuidando de sua educação.

Antes, em 1840, na regência de Pedro Araújo Lima, capuchinhos italianos haviam sido chamados, vindo naquele ano 6 missionários e, em 1842, mais 11, que se beneficiaram com a disposição do governo regencial de lhes dar a passagem. Após 1843 os capuchinhos criaram aldeamentos em quase todas as províncias do Império.
Houve também a presença de franciscanos na Amazônia. Frei Venâncio Willeke com perspicácia analisou o lance que mostra como tendenciosa era a política indigenista do Imperador. Diz este historiador: “O Pedro 11 desfechou, em 1855, o golpe mortal à vida claustral interditando definitivamente os noviciados de todo o Brasil. Mas, por contraditório que pareça o mesmo imperador se viu obrigado a contratar missionários europeus para a evangelização e civilização dos silvícolas”22. Na verdade, bem revela Willeke, a intenção primeira do governo era política: “Pois queria que os índios, a serem aldeados pelos missionários, garantissem as zonas fronteiriças contra o perigo da invasão e anexação dos povos vizinhos”23. Seja como for, porém, e não obstante as dificuldades de toda ordem que surgiram, os índios da província do Amazonas, neste século XIX, puderam receber o influxo benéfico da presença da Igreja. O trabalho não foi inócuo, dado que no século seguinte treze prelazias com nove congregações missionárias diferentes aí floresceram.

Acrescente-se a presença dos frades dominicanos em Goiás, após 1881, onde fundaram centros de catequese para os índios, o que fizeram também no Triângulo Mineiro.

Se houve pelos motivos expostos um arrefecimento na obra missionária neste século XIX, também não faltaram aqueles que conservaram, na medida do possível, o quanto já havia sido realizado em prol dos índios, ampliando inclusive o campo de ação. Os momentos mais favoráveis foram bem explorados. Nem se omitiu, outrossim, o clero secular nesta tarefa missionária, como ocorreu com o Padre Francisco Chagas Lima entre os índios puris da Serra da Mantiqueira e do Rio Paraíba e entre os caingangues e votorões nos sertões de Guarapuava24. Outro fato notável deste século XIX foi a chegada, em 1883, dos salesianos ao Brasil e sua imediata dedicação aos bororós no Mato Grosso.

Século XX

Quando a 12 de maio de 1901 foi fundada em São Paulo a Sociedade de Etnografia e Civilização dos índios, de seus 335 sócios, 49 eram eclesiásticos. Assim, logo no alvorecer do último século deste milênio a Igreja demonstrou ainda mais uma vez seu devotamento à causa indígena, prosseguindo o que fizeram no passado. Uma das comissões desta novel Sociedade era a de catequese, presidida pelo capuchinho Bernardino de Lavalle.

Neste nosso século sacerdotes seculares dedicados às missões entre os indígenas, se projetaram, como Monsenhor Claro Monteiro do Amaral. Ele não só estudou línguas indígenas como também nos sertões paulistas se sacrificou na árdua tarefa de amparo e evangelização dos íncolas.

O papa Pio X, pela encíclica Lacrimabili statu, de 7 de junho de 1912, revelava suas preocupações com as condições de vida dos aborígenes americanos. Refere-se ele ao Brasil e ratifica a doutrina da Igreja sobre a dignidade dos primeiros habitantes destas regiões. Pelas circunstâncias, o miserável estado a que estavam reduzidos urgia maiores providências da parte de todos a favor das populações indígenas.

Cumpria, de fato, novo surto missionário e prelados eminentes logo se puseram a campo para uma reestruturação das missões. No Mato Grosso florescem, até hoje, as missões salesianas junto aos Bororós e Xavantes. Os salesianos, com justiça chamada “Jesuíta do século XX”, na Prefeitura Apostólica do Rio Negro tiveram idêntico sucesso.

Os dominicanos voltaram-se para o interior do Pará com grande êxito.

A Pastoral Coletiva de 1910 recomendou as pias obras da propagação da fé e insistiu nas coletas para a conservação e difusão do Evangelho entre os nossos índios25.

O Pe. José Vicente César da Congregação do Verbo Divino se destaca entre os indigenistas militantes de nossos dias. Antropólogo competente, fundador em São Paulo do Instituto Anthropos do Brasil, hoje sediado em Brasília, é um testemunho vivo do interesse da Igreja pela causa indígena. Ele lamenta que o Serviço de Proteção aos índios (SPI), instalado a 7 de setembro de 1910, não tenha tido para o seu primeiro diretor-geral, o tenente-coronel de engenharia Cândido Mariano da Silva Rondon, sucessores à altura do cargo26. Rondon, admirador da obra catequética da Igreja não poupava elogios e apoio à obra dos missionários.

A lei de 1936 no artigo 45 facultava aos sacerdotes e missionários, sem distinção de culto, a pregação catequética junto aos índios. Aliás, se registra que, dez anos antes em 1926, D. Leme promovia no Rio de Janeiro uma Semana Missionária que deu novo impulso à evangelização indígena. Quando da criação em 1969 da Fundação Nacional do Índio, (FUNAI), seus dirigentes procuraram logo entrar em contato com a Igreja, tendo sido realizado o 1° Simpósio indigenista FUNAI- MISSÕES RELIGIOSAS. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 1968, promovera em Encontro de Estudos em São Paulo, reunindo antropólogos e missionários.

Em 1970 na sede do Anthropos em São Paulo patrocinou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, com grande proveito, através do Secretariado Nacional de Atividade Missionária (SNAN), o 2° Encontro de Estudos sobre a presença da Igreja entre as populações indígenas, com a participação, nos dois primeiros dias, do presidente da FUNAI. A presença de notáveis antropólogos enriqueceu aquele Encontro no qual ficou claro o fito da Igreja de preparar as populações indígenas para uma integração harmoniosa na sociedade brasileira27.

Entre outras ações da CNBB, saliente-se a fundação, em 1972, do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), destinado a ser o órgão coordenador da pastoral indígena da Igreja no Brasil. O CIMI se bate pela definição, delimitação e respeito dos Parques Indígenas, rápida demarcação e respeito a terras legalmente definidas como de indígenas, bem como por novas áreas para esses habitantes do Brasil. O CIMI propõe um meio termo entre o isolamento total dos grupos indígenas e a sua excessivamente rápida, tumultuada assimilação, respeitando suas formas de governo, seus valores28. Isto mostra que o etnocentrismo europeu que missionários dos primeiros séculos, pelas circunstâncias, não superaram, já é uma realidade neste século XX. Adite-se que hoje está também inteiramente dissociada da evangelização a ideologia da conquista que moveu, como foi visto, os reis portugueses em sua empresa missionária. A CNBB tem se devotado à causa dos índios, nunca se omitindo ante as injustiças e perseguições. Firme aposição do atual Presidente da CNBB, D. Luciano Mendes de Almeida, em tudo que vem envolvendo os índios em nossos dias, como, por exemplo, na defesa intransigente dos povos Yanomami.29

Deste modo se pode perceber que a Igreja não descurou, neste século XX, a causa indígena. Tem se mobilizado par atender espiritual e socialmente às comunidades espalhadas pelo imenso território brasileiro. Cumpre seja focalizado o sucesso ímpar que têm tido os salesianos, sobretudo na Prelazia do Rio Negro com suas escolas profissionais e populares, muito fazendo também eles para a melhoria das populações no que tange à situação sanitária das mesmas e pela elevação moral de seus costumes. Poder-se-iam acrescentar inúmeros outros serviços de sacerdotes do clero secular, como os do Pe. Arlindo Rubert na área indígena de Nonoai no Rio Grande do Sul, desde janeiro de 1979. Sobre este notável trabalho assim se expressou o bispo diocesano de Frederico Wastphalen, D. Bruno Maldaner: “Ciente da capacidade dos índios Kaingangs e Guaranis para receber a fé e nela progredir; e convicto de que em suas culturas estão semeadas “Sementes do Verbo” que facilitam a aceitação do cristianismo, Pe. Arlindo apostou na enculturação do Evangelho, respeitando o seu habitat, seus costumes, sua índole, sua religiosidade, suas diferenças e valores específicos, e a inviolabilidade de seus bens”30. Conclusões:

O Trabalho Missionário

São mais de 500 anos de evangelização, cujos momentos chaves, sinteticamente, acabam de ser percorridos e que mostram o labor dedicado, persistente da Igreja em favor dos índios do Brasil.

Os missionários plantaram a fé na terra de Santa Cruz e ofereceram aos nativos os valores do Evangelho com reta intenção, disponibilidade, admirável imolação a tão nobre causa. Revelaram espírito de doação, destemor apostólico, zelo evangelizador e notáveis aptidões pedagógicas. Empregaram sempre a melhor solução possível no contexto em que viviam. Além de inegáveis frutos no setor espiritual, muito fizeram para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil.

Cruz e Espada Tudo isto mostra que houve uma diferença fundamental de mentalidade e de propósitos entre conquistadores ambiciosos e maus cristãos e aqueles que, obreiros de Deus, visavam a promoção humana e a redenção dos íncolas. Identificar cruz e espada do mal é procedimento maligno que não se coaduna com a realidade dos fatos. Enquanto sertanistas gananciosos destruíam as culturas autóctones, os missionários preservavam a língua nativa até mesmo contrariando prescrições da Metrópole, incorporavam ao culto costumes indígenas empregavam princípios sadios de aculturação hoje preconizados pelas Ciências Sociais modernas.

Críticas Infundadas – Alteridade desrespeitada Certas afirmações que atingem a obra missionária merecem reparo, como dizer que: “Nos documentos históricos o indígena” nunca foi “fronteira”, nunca se respeitou (sic) a sua irredutível alteridade, pois o catolicismo que se “ampliou” ou se “dilatou” (a terminologia, “propagar”, “propagação”, é só do Século XVIII) era inconsciente das suas fronteiras e só considerava o outro como marginal, nunca como “outro” no sentido pleno da palavra.

Daí o zelo quase fanático dos missionários (sic) em extirpar qualquer vestígio do que era interpretado como idolatria, barbárie, aberração da verdadeira fé,31. Cumpre observar em primeiro lugar que os termos propagar 32 propagação, exprimem uma ideia que sempre foi empregada pelos mais antigos escritores do cristianismo, constatando um fato: a Igreja que se propagava, se espalhava, se difundia. Tertuliano escreve na Apologia33: “Somos de ontem e já enchemos as cidades, os burgos, os campos, o fórum”. São Justino em seu diálogo com Trifão fala da difusão da Igreja34. É que Cristo instituiu esta Igreja em estado militante e isto enquanto durar a história. Ele falou aos apóstolos: “Quem vos ouve a mim ouve, quem vos rejeita a mim rejeita, e quem me rejeita, rejeita Aquele que me enviou”35. É preciso, pois, fazer discípulos de todas as nações36, inclusive das indígenas. Ora, para se tornar discípulo de Cristo é preciso uma renovação total. É um ser novo37 que deve surgir, cujo comportamento é radicalmente modificado. O missionário agiu não fanaticamente, mas seguindo um preceito:

“Quem não crê já está condenado”38. A fé exige uma opção decisiva e radical. São Paulo denuncia o pecado universal dos homens: em vez de admitir o Criador através de sua criação, trocaram a glória do Deus incorruptível por uma representação de suas criaturas, obra, várias tribos indígenas adoravam o Sol, que chamavam Guaraci, e a Lua, denominada Jaci. Outras tinham vaga ideia de um Ser poderoso-Tupã -, que se manifestava através de fenômenos meteorológicos. Acreditavam em um sem número de gênios ou espíritos. O pajé, adivinho e curandeiro, exercia maléfica influência sobre a tribo. Anchieta assim se expressou: “nenhum deles comparece diante de nós, porque descobrimos os seus embustes e mentiras”41. O missionário aportou na América para libertar através da Verdade 42.

A cultura indígena era quase nula e seria desumano deixar seres racionais num estágio da idade da pedra sem lhes oferecer o que a inteligência humana obtivera em milênios de árduo progresso, marginalizando-os. Admitir costumes bárbaros seria anti evangélico. Em carta ao Geral Diogo Lainez43 Anchieta narra como os índios haviam enterrado um menino recém-nascido, “…porque sendo aquela moça prenhe de um que a havia por mulher, sendo dele deixada, com outro se casou, de maneira que segundo opinião desta gente, ficava o menino mestiço de duas sementes, e aos tais, em nascendo, logo vivos os enterram com tão grande bestialidade e crueza, que mui menor sentimento tem por ele sua mãe que se lhe morresse um cachorro…”. Anchieta conseguiu desenterrar o menino ainda com vida e como nenhum indígena o quisesse ele mesmo caridosamente o lavou e dele cuidou. Atitude cristã, humana, de missionário abnegado. Vivência de princípios desconhecidos pelos indígenas. Inúmeras outras aberrações enumera Anchieta nas suas Cartas44.

Doutrinação

Outra ressalva feita aos missionários diz respeito à doutrinação: “Em segundo lugar o discurso dos missionários acerca de sua missão era doutrinário… Persuadir de quê? Sem dúvida da necessidade de salvação pela audição do evangelho: a soteriologia da salvação universal ligada à audição física e auricular de vocábulos evangélicos parece estar subjacente a todo o imenso esforço de doutrinação dos índios e africanos no Brasil. […] instala-se aos poucos uma firme identificação entre evangelização e doutrinação que nunca mais será posta em dúvida, até aos nossos dias, pelo menos em termos de Igreja oficial”. – O primeiro aspecto a ser enfocado é que Cristo doutrinou 45. É uma novidade o que Ele pregou e causou impacto46. Ele refugou a tradição errônea 47. Foi o que o missionário, lugar-tenente de Cristo, fez. Ensinou e não aceitou uma tradição falha dos índios.

A ordem do Mestre foi clara: “lde e ensinai”48. Rompeu fronteiras. Os apóstolos penetram no mundo judaico e gentio. Catequese 49 completada, aliás após o batismo. Os didáscalos (didaskaloi – mestres, doutores) eram catequistas encarregados de fixar e desenvolver para as novas comunidades o conteúdo doutrinal50 que devia ser aceito como regra de fé51.

Este depósito devia ser transmitido através das gerações cristãs até chegar aos indígenas e africanos que também deveriam ser doutrinados. Grave omissão não lhes oferecer a Verdade. Deviam persuadir52, pois a doutrina é ministrada para ser vivida e toda comunicação ou persuade ou foi falha em algum de seus ingredientes Comunicação através de palavras e vocábulos que são sinais53. Cristo os usou, sendo Ele mesmo a Palavra viva de Deus 54, empregando vocábulos, por vezes, não entendidos pelos discípulos que eram por Ele doutrinados55. A única Igreja de Cristo, oficial, isto é, segundo o sentido original do termo, às ordens de um magistrado que é Cristo, o Mestre56 é que dirige, ordena, conduz por meio daqueles que Ele constituiu Apóstolos, seus delegados oficiais57 para pregar a palavra58. A autoridade apostólica é exercida a propósito da doutrina, do ministério e da jurisdição.

São Paulo fazia valer sua autoridade doutrinal59. Era esta a missão dos enviados de Cristo que demandavam a América. Evangelizar é doutrinar. Cristo foi um doutor e teve que romper fronteiras60. Se a doutrina é ou não aceita e vivida, trata-se de outra questão. A conversão é obra da graça que opera de maneira invisível. Imperscrutáveis os caminhos de Deus.

Aí o historiador é obrigado a parar. Seu campo de ação terminou. Cristo pregou, doutrinou e, quando deixou este mundo, poucos os que aceitaram sua pregação. Não se poderia exigir mais dos missionários. Lançaram a semente da fé. A história da Igreja é teândrica. Este aspecto divino-humano não pode nunca ser olvidado. Desde os primeiros séculos houve conversões e oposições. Houve o joio e o trigo. Na América não foi diferente. O missionário cumpriu o seu dever: evangelizou, doutrinando.

Discurso guerreiro Afirma-se, porém, que atrás deste discurso doutrinário, esconde-se um discurso guerreiro […] O caráter guerreiro do discurso evangelizador fez também com que os missionários não tivessem interesse real em conhecer e respeitar a cultura dos “outros” (sic) aos quais foram enviados: africanos e indígenas [00′] A Igreja que evangelizou o Brasil foi uma igreja “em pé de guerra” (sic)61. Quando se abre o Evangelho se constata que Cristo afirmou que não viera trazer a paz mas sim a espada62, pois o reino de Deus está sujeito à violência63. O cristão é combatente64. É soldado de Cristo65. Todo soldado deve ser disciplinado, é óbvio. A catequese desde o início do cristianismo foi organizada, pois a Igreja foi criada por Cristo para reunir todas as diversidades humanas66, para se adaptar a todas as culturas67 e abraçar o universo inteiro 68. Isto, porém, não num ecletismo espúrio na aceitação do erro69. Daí um corpo de doutrina haurida do Evangelho. Os missionários batizaram milhares de gentios. Conseguiram que muitas tribos abolissem a antropofagia. Sobre ídolos do fetichismo elevaram a cruz do Deus verdadeiro. Tribos nômades foram socializadas.

Populações foram aldeadas. Um trabalho prático e orientado para o bem comum foi implantado. O discípulo de Cristo é luz e sal70 e nas trevas do politeísmo, de aberrações morais, de crendices estavam imersos os indígenas. Preconceitos infantis deviam ser erradicados. O que havia de positivo os missionários incorporaram ao patrimônio comum. Com efeito, “foi ao ouvido do jesuíta que o íncola confiante segredou o mistério das virtudes curativas de suas plantas veneradas. E foi o jesuíta indômito que segredou estas mesmas virtudes ao ouvido longínquo da civilização que o esqueceu, o desprezou e o perseguiu”71. Aprenderam a linguados índios e pregaram o Evangelho:

“Por qualquer face que se encare, só pelo lado religioso, sob o ponto de vista político, ou sob o ponto de vista econômico; ou, finalmente, como método, como sistema, como recurso empregado-a evangelização do Brasil-colônia é uma obra-prima do Jesuíta”72. Finalizando, uma pergunta dos críticos: “Como saber o que eles obraram em termos de amizade, sensibilidade pelo outro, abertura para a alteridade dos indígenas ou africanos, amor aos pobres, esperança, caridade, fé?”73. Não se pode colocar em dúvida que o missionário levou ao heroísmo a prática das mais peregrinas virtudes e demonstrou um humanismo cristão completo. “Onde o jesuíta acovou as bagas florescentes da catequese, fulge o teto, mesmo palhiço, de um catre, sobre o qual se debateu, ungido na piedade cristã, o consolo do primeiro alívio temporal. Onde se detorou o lenho virgem e se urdiu a caliça ainda casta para estearem a lareira do primeiro templo e da primeira escola, se erigiram as Misericórdias, amassadas no barro que cozeu a telha sagrada dos púlpitos, e, com elas, as enfermarias para os doentes desprotegidos, os hospícios para as velhices desafortunadas, os orfanatos para os infantes desvalidos, os recolhimentos para as filhas desviadas”74. Com efeito, “no litoral, como no sertão, a catequese foi a obra da caridade. E de que outro meio podiam dispor os jesuítas para as façanhas e feitos maravilhosos de que nos falam as crônicas?”75.

Além disto, acrescente-se que “se de um lado é certo que a obra da catequese não podia ser feita sem brandura, zelo, devotamento, imolação; de outro lado, não é menos evidente que a obra da civilização brasileira não se teria iniciado senão muito tarde sem a perseverança dos missionários”76. Todas as beneméritas ordens religiosas que aqui atuaram bem como o clero secular, entre eles vultos que personificaram as mais exímias virtudes cristãs e em cujas ações rebrilha o mais genuíno heroísmo, concorreram para o desenvolvimento do país. Catequizaram. Educaram um povo. Fundaram colégios, escolas, hospitais, institutos pios e de beneficência e tudo isto é fruto opimo de autêntica evangelização.

Atualização

Herdamos este valioso patrimônio espiritual que custou o sofrimento e o sangue dos que nos precederam. Cumpre aperfeiçoar a obra daqueles que com seu labor missionário evangelizador plantaram e consolidaram a Igreja entre os índios.

Corrigidas falhas humanas, enriquecida com o avanço das Ciências Sociais, é necessário à geração de hoje valorizar esta herança e transmiti-la aos pósteros que prosseguirão a árdua caminhada. Eles também perceberam ao vivo o caráter teândrico da Igreja que, por entre lutas, falhas humanas e conquistas, vai cumprindo a tarefa que o Redentor lhe confiou.

É que a revisão honesta do passado oferece perspectivas frutuosas para o porvir.

O Papa e a evangelização no Brasil

“Ressoaram em nossa pátria as sábias e oportunas palavras do papa João Paulo” em sua visita ao Brasil em outubro de 1991. Falando sobre a ação dos obreiros do Evangelho, ele a classificou de uma sublime epopeia, citando inclusive nomes veneráveis de Apóstolos de Cristo que aqui disseminaram a doutrina salvadora do Filho de Deus entre os indígenas. Consagração apoteótica do Chefe da Igreja a 500 anos de uma obra gigantesca, honra e glória da Igreja missionária de Cristo.

Notas

  1. João Paulo II, Roma, 14.06.1991 ao se dirigir à Pontifícia Comissão para a América Latina.
  2. Marcos Carneiro de Mendonça, A Amazônia na era Pombalina, São Paulo, 1963, p. 259.
  3. Luís de Camões, Os Lusíadas, Rio de Janeiro, Livraria Francisco Alves, Canto 1,2, p. 12.
  4. Mateus 28,19.
  5. Leão XIII, Sobre as Missões Católicas – Sancta Dei Civitas et Christi Nomen- Petrópolis, Vozes, 1947, p. 1.
  6. Arlindo Rubert, A Igreja no Brasil: Origem e Desenvolvimento (Século XVI), Santa Maria, Editora Pallotti, 1981, p. 141.
  7. Serafim Leite, História da Companhia de Jesus no Brasil. Lisboa, Portugália, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1938.
  8. .11, Epist. 62, apud Rohrbacher, Histoire Universelle de l’Église Catholique, T. IV, Paris, Letouzey et Ané Editeurs, s. d, p. 343-344.
  9. Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho, A Igreja e a Escravidão: uma análise documental, Rio de Janeiro, Presença, 1985, p. 39-41.
  10. Therezinha de Castro, História Documental do Brasil, Rio de Janeiro, Record, s.d., p. 50-51.
  11. Idem,ibidem.
  12. Mecenas Dourado, Ensaio Crítico e Transcrição integral do Diálogo da Conversão do Gentio do Padre Manuel da Nóbrega, Rio de Janeiro, Edições de Ouro, 1968.
  13. Hélio Abranches Viotti, Nóbrega e a Conversão do Gentio, São Paulo, p.7.
  14. Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho, op. cit., p. 73.
  15. Frei Venâncio Willeke, Missões Franciscanas no Brasil (1500-1975), Petrópolis, Vozes, 1974, p. 67.
  16. Biblioteca de Évora, CXVI, 1-35, f. 45, ss., manuscrito de 1584.
  17. Arlindo Rubert, op. cit., volume II, Expansão Missionária e Hierárquica (século XVII), p. 244, cf. José Freire Montarrio Mascarenhas, Os Orizes Conquistados, Lisboa, 1716.
  18. Joaquim Norberto de Souza e Silva, Memória histórica e documentada das aldeias dos índios da Província do Rio de Janeiro in: Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, IHGB, 1854,vol. 17, passim.
  19. Fidelis M. de Primério, Capuchinhos em terra de Santa Cruz, São Paulo, 1942, p. 234-237.
  20. Heliodoro Pires, Temas de História Eclesiástica do Brasil, São Paulo, 1946, p. 193.
  21. Fidelis M. de Primério, op. cit., p. 242.
  22. Frei Venâncio Willeke, op. cit., p. 158.
  23. Idem, ibidem.
  24. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, IV, 1842, p.43-64.
  25. n. 1285, p. 373, edição de 1911.
  26. José Vicente César, Catequese e Conversão dos índios do Brasil, Brasília, Anthropos do Brasil, 1975, p. 53.
  27. Idem, ibidem, p. 47-59.
  28. Marina Bandeira, Movimentos Sociais Inovadores promovidos pela Igreja Católica no Brasil: 1950-1990, Alemanha, p. 25.
  29. D. Luciano Mendes de Almeida, Em defesa do povo Yanomami in: O Arquidiocesano, Ano XXX, n. 1527, Mariana, Editora D. Viçoso, 25 dez 1988, p. i: Yanomami in: op. cit., Ano XXXI, n. 1579, 14 jan 1990, p. i: Yanomami, in: op. cit Ano XXXII, n. 1610, 26 ago 1990, p. i.; Esperança para os Yanomami in: op. cito Ano XXXIII, 18 ago 1991, p. i.
  30. Arlindo Rubert, A serviço da área Indígena de Nonoai, Passo Fundo, Editora P. Berthier, 1990, p. i.
  31. Eduardo Hoornaert et alli, História da Igreja no Brasil: Primeira Época in: História Geral da Igreja na América Latina, Petrópolis, Vozes, 1977, p.23-29.
  32. Propagare de Pro e da raiz PAG, donde pango. Lucr., Cic. Multiplicar, propagar. Propagare genus. In: Claud. Estender, alargar, engrandecer, aumentar, desenvolver. Propagare Imperium. Suet. Alargar os limites do império, ef. F.R. dos Santos Saraiva, Novíssimo Dicionário Latino-português, Rio de Janeiro, p. 964.
  33. R. Beringer. La prensa y Las Lecturas. Las misiones,. Tomo XVI, Barcelona, 1933, p. 252.
  34. Idem, ibidem.
  35. Lucas 10,16.
  36. Mateus 28,19.
  37. Tito 3,5.
  38. João 3,18.
  39. Idem 3, 19-21.
  40. Romanos 1,18-32.
  41. Lopes Rodrigues, Anchieta e a Medicina, Belo Horizonte, Edições Apollo, 1934, p. 137.
  42. João 8, 31 s.
  43. Lopes Rodrigues, op. cit., p. 197-198.
  44. José de Anchieta, Cartas, São Paulo, Loyola, 1984, passim.
  45. Mateus, 4,23; João 6,59; João 26,55.
  46. Marcos 1,27; 11,18.
  47. Mateus 15,1-9.
  48. Mateus 28,19 s.
  49. Atos 2,22-40.
  50. Atos 13,1; Efésios 4,11.
  51. Romanos 6,17.
  52. Persuadere – persuadir, convencer, induzir, levar a, aconselhar a F. R. dos Santos Saraiva, op. cit., p. 883.
  53. Sinal formal, natural: idéia. Sinal instrumental, artificial: termo oral, ou escrito.
  54. Hebreus 1,1 s; João 1,4 s., 9.
  55. Mateus 13,3. 24. 31.
  56. Magistratus – de magister. Magistratura, cargo, emprego, função, dignidade de magistrado. Magister – da raiz MAG, donde Magnus. O que manda, dirige, ordena, guia, conduz, diretor, inspetor. F. R. dos Santos Saraiva, op. cit. p. 703.
  57. Atos 15,22; 11,30; 13,3; 14,26; 15,2.
  58. Gálatas 1,8 s.
  59. João 9,39 ss.
  60. Eduardo Hoonaert et alii, op. cit., p. 26-27.
  61. Mateus 10,34.
  62. Mateus 11,12.
  63. Efésios 6,10 ss; 1 Pedra 5,8 s.
  64. 1 Tessalonicenses 5,8; Efésios 6,11, 13- 7.
  65. Atos 10,13.
  66. 1 Coríntios 9,20 ss.
  67. Mateus 28,19.
  68. Gálatas 1,8 s.
  69. Mateus 5,13 s.
  70. Lopes Rodrigues, op. cit, p. 27.
  71. Júlio Maria, Memória Histórica, Rio de Janeiro, Agir, 1950, p 94.
  72. Eduardo Hoonaert, op. Cit. p. 28.
  73. Lopes ROdrigues, op. cit., o. 7.
  74. Júlio Maria, op. cit., p. 7.
  75. Idem, ibidem p. 90.

Fonte: Revista Communio. ano IX, N°61, jan./fev./mar./1993.p.5-36
*Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, Professor de História da Igreja. (Nota da Redação).
*Con. José Geraldo Vidigal de Carvalho

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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