A Cúria Romana

04A Cúria Romana é o conjunto de orgãos e pessoas que auxiliam o Papa no governo da Igreja, tanto na ordem espiritual quanto material. Este nome foi usado pela primeira vez no século XII, mas a sua realidade data dos primeiros séculos da Igreja. Já em meados do século III as crônicas relativas ao Papa Fabiano (236-250), mostram que ele tinha, como auxiliares, Bispos, presbíteros e diáconos.

No século XVI, em 1588,  a Cúria foi estruturada na forma que tem hoje, sofrendo reformas com o passar do tempo.

Até 1870, existia o vasto Estado Pontifício, então os Papas precisavam de muitos colaboradores que exercessem a gestão temporal desses territórios.

O primeiro documento que definiu a estrutura da Cúria Romana é a Constituição Apostólica Immnensa Aeterni Dei do Papa Sisto V, de 22 de janeiro de 1588. Foram constituídas quinze Congregações confiadas à chefia de Cardeais. Foram as seguinte:

1. Santa Inquisição

2. Index dos Livros Proibidos

3. Signatura Apostólica

4. Congregação para a Liturgia

5. Congregação para os dias Santos

6. Congregação para os Consistórios

7. Congregação para a Interpretação e Aplicação do Concílio de Trento.

8. Congregação para a consulta dos Bispos

9. Congregação para as Universidades e Estudos Teológicos

10. Congregação para a Imprensa Vaticana.

11. Anona – Departamento de Assistência aos Pobres

12. Congregação para a Marinha do Estado Pontifício

13. Departamento de Finanças

14. Congregação para o Bem Estar Público.

15. Congregação para a Justiça Civil e Criminal.

Em 1870, com a queda do Estado Pontifício sob os golpes do reino da Itália, alguns órgãos perderam a razão de ser, e a Cúria foi reformada pelo Papa S.Pio X, através da Constituição Sapienti Consilio. Foram extintos todos os órgãos e Ofícios destinados a  tratar de assuntos políticos do Vaticano.

Em 1967, dois anos depois de encerrado o Concílio Vaticano II, o Papa Paulo VI, através da Constituição Apostólica Regimini Ecclesiae Universae, reformou mais uma vez a Cúria, adaptando-a às novas exigências oriúndas do Concílio.

Finalmente, em 1988, o Papa João Paulo II, através da Constituição Pastor Bonus, refez a organização da Cúria. Na ocasião, o Papa disse as palavras:

“A Igreja hoje se vê diante de tarefas de extensão, importância e variedade talvez nunca atingidas outrora… Que a Cúria correspondesse fielmente à Eclesiologia do Concílio Vaticano II, fosse adaptada em tudo à missão pastoral da Igreja e capaz de ir ao encontro das necessidades concretas da sociedade religiosa e civil”.

A organização e o governo da Igreja é diferente das organizações e demais governos dos outros países, pois a Igreja não é uma instituição apenas humana. Foi instituída por Cristo, que é a Sua Cabeça; logo, seu governo  foi definido pelo próprio Senhor, que a quis governada por Pedro (Mt 16, 16-19; Lc 22,31s; Jo 21, 15-17), que goza da assistência do Espírito Santo (Jo 14, 26; Jo 16, 13-15) para não permitir que o depósito da fé se corrompa pelo erro.

Até mesmo pessoas que não simpatizam com a Igreja, como o jornalista Ernesto Galli Della Loggia, editorialista do famoso jornal italiano Corriere della Serra, na edição de 16 de outubro de 1998, afirma:

“É fato que durante os dois mil anos de sua existência a Igreja Católica permaneceu fundamentalmente fiel ao modelo de autoridade centralizada na pessoa de um único responsável. Verdade é que, dentro da estrutura da Igreja, fazem-se ouvir grupos e correntes que exprimem pontos de vista diversos. Apesar disto, o Papa ainda segura tão firmemente as rédeas do poder em suas mãos que se pode dizer que é  o único monarca absoluto que subsistiu através dos tempos no hemisfério ocidental. Isto pode parecer anacrônico a nós, homens modernos. Doutro lado, o pontificado de João Paulo II é um espécimen das vantagens desse sistema quando a liderança toca a um indivíduo excepcional como é o atual Pontífice… As monarquias absolutas nas mãos de personalidades salientes tornam-se fontes de eficaz atividade no curso da história e podem acarretar mudanças ou novas orientações que seriam inconcebíveis em outro contexto. Um ponto favorável à Igreja é que, embora o seu poder centralizado seja absoluto, o cargo de Supremo Pastor não é hereditário, mas eletivo; ao menos nos dois últimos séculos não houve a mínima sombra de nepotismo na sucessão dos Papas”.

(Pergunte e Responderemos, n. 446/1999, pag. 10(298))

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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