A cruz venceu o mundo!

A Igreja hoje exalta a santa Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nela Ele padeceu e morreu para nos livrar da morte eterna. Pagou com Seu Sangue e Sua vida humana e divina, o preço do nosso resgate. Por isso, a Igreja canta com alegria:

“Vitória, tu reinarás, ó Cruz tu nos salvarás!”

“Bendita e louvada seja no céu a divina luz. E nós, também na terra, louvemos a Santa Cruz!

É arma em qualquer perigo, é raio de eterna luz. Bandeira vitoriosa, o Santo sinal de Cruz!

Humildes e confiantes, levemos a nossa cruz. Seguindo o sublime exemplo de nosso Senhor Jesus!”

A cruz começou a vencer o mundo naquela tarde em que o Filho de Deus nela foi crucificado. E daí para frente dominou o mundo. O historiador Daniel Rops disse que “a espada romana curvou-se diante da Cruz de Cristo”; é verdade.

Desde que o Imperador romano Constantino, filho de Santa Helena, se converteu, no ano 312, e proibiu a perseguição dos cristãos pelo Edito de Milão,depois de 250 anos de massacre dos cristãos por parte dos imperadores Nero, Trajano, Vespasiano, Domiciano, Aureliano, Diocleciano, etc., “a cruz imperou e dividiu a história do mundo”.

Constantino teria a última batalha decisiva para se tornar imperador de Roma, contra o pagão Maxêncio, perseguidor dos cristãos, na ponte Milvia, em Roma; era tudo ou nada. Constantino o Grande, recebeu um sinal do céu: Viu no firmamento uma cruz, e abaixo a frase latina: “In hoc signo vinces” – sob este signo vencerás.

Já influenciado por sua mãe, já então cristã, ele mandou pintar a cruz nos escudos dos soldados e prometeu a Jesus que se vencesse se faria cristão; e venceu a batalha que mudou a história do mundo ocidental. Se tornou imperador e proibiu que os cristãos fossem mortos por causa de sua fé. Depois, no ano 385 outro imperador cristão, Teodósio o Grande, pelo decreto de Tessalônica, transformou o império pagão em um império cristão. O paganismo foi abolido e os templos dos deuses falsos fechados.

A cruz, que era a própria figura da vergonha, da ignomínia e da derrota, começava agora sua marcha triunfal através dos séculos. Passou logo a ser o símbolo que identificaria as coroas dos reis e rainhas e as entradas das igrejas. E essa cruz vai imperar na terra até o dia supremo em que aparecerá “no céu o sinal do Filho do Homem” (Mt 24, 30).

Cristo experimentou os horrores da cruz, que era para os homens da Antiguidade o mais atroz e humilhante dos castigos – “maldição de Deus”, como diz o próprio Livro do Deuteronômio (21, 23) – era a pena dos escravos e malfeitores, assassinos; um exemplo público para todo o povo. A uma pena era tão cruel, que tão logo Constantino se converteu, proibiu a crucificação em todo o Império. Nela Cristo morreu das dores, do sangue derramado e da asfixia.

O Dr. Pierre Barbet, em sua obra “A Paixão de Cristo segundo o cirurgião” (Ed. Cléofas), afirma: “Toda a agonia se passava na alternativa de abatimentos e soerguimentos, de asfixia e respiração. Disso temos a prova material no Santo Sudário, onde podemos assinalar um duplo fluxo de sangue vertical que sai da chaga da mão, com um afastamento angular de alguns graus”. Dr. Barbet ficou tão impressionado com o sofrimento de Cristo, que não conseguia mais fazer a Via Sacra porque se sentia muito mal.

A cruz passou a ser o sinal da salvação. São Paulo disse: “Julguei não dever saber outra coisa entre vós a não ser Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado” (1Cor 2, 2). “Quanto a mim, porém, de nada me quero gloriar, a não ser na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gl 6, 14).

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Nos séculos segundo e terceiro, os fiéis adotaram a imagem do peixe (em grego ICHTHYS), iniciais da frase: “Iesous Christos Theou Yios Soter” (Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador). A partir da proibição de perseguir os cristãos, por Constantino, o símbolo do peixe deu lugar à cruz, tornando-se o principal símbolo da Cristandade. Foi instituído o atual sinal-da-cruz.

Santa Helena, mãe de Constantino, por volta de 330, foi a Terra Santa em busca da Cruz que Jesus padeceu e construiu belas igrejas nos lugares sagrados. Encontrou a grande Relíquia coberta de escombros na colina do Calvário. Movida pela graça, ela buscava aquela cruz luminosa que brilhara nos céus aos olhos do seu filho, com os dizeres “In hoc signo vinces” (Com este sinal vencerás). Para ela era uma manifestação dos desígnios de Deus como que anunciando o triunfo da Igreja, por meio da cruz.

Depois de muitos sacrifícios e orações, após semanas de busca e de muita terra removida, foram encontradas num fosso, diante do espanto de todos, três cruzes. Para identificar qual seria a de Cristo, Santa Helena pediu a São Macário, Patriarca de Jerusalém, que a auxiliasse. Rezaram fervorosamente, pedindo ao Senhor um sinal que esclarecesse de forma clara. Então, trouxeram uma mulher desenganada pelos médicos e prestes a morrer. Ao tocar duas cruzes ela nada sentiu; mas, ao tocar a terceira, levantou-se completamente curada. Foram gritos de louvor e alegria! E a noticia se espalhou pelo mundo cristão. A cruz foi levada para Constantinopla, mas infelizmente foi roubada no século 7 e mais tarde recuperada num dia 14 de setembro, que marca a festa da sua Exaltação.

Trata-se de uma festa que teve origem no translado de uma relíquia importante da Cruz para a capital do Império do Oriente. Segundo alguns liturgistas, tal festa tinha nascido relacionada com a reposição da verdadeira Cruz de Jerusalém pelo imperador Heráclio, no dia 21 de março de 631, após tê-la resgatado dos persas, que a tinham roubado como despojo de guerra.

A sagrada cruz nos protege; sua grandeza vem sintetizada na oração própria desse dia que assim diz:

“Abre-me os lábios, ó Rei dos séculos, ilumina minha mente e meu espírito, e santifica minha alma para poder, ó Verbo, louvar tua Cruz venerada; envia teu Espírito e instrui-me, de sorte que possa exclamar com amor:

Salve, ó Cruz, glória do universo!

Salve, ó Cruz, fortaleza da Igreja!

Salve, inexpugnável bastião dos sacerdotes!

Salve, diadema dos reis!

Salve cetro do soberano Criador de todas as coisas!

Salve, ó Cruz, na qual Cristo aceitou padecer e morrer!

Salve, grande consolo dos aflitos, arma invencível no meio da luta!

Salve, Cruz, ornato dos anjos e proteção dos fiéis!

Salve, ó Cruz, pela qual foi o inferno derrotado!

Salve, ó Cruz, pela qual fomos redimidos!

Salve, lenho bem-aventurado!”

Prof. Felipe Aquino

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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