A Cruz Gloriosa de Cristo

A cruz para o cristão, não é símbolo de morte, como alguns pensam, mas de vida, de ressurreição. Ela é nossa única esperança!

A glorificação de Cristo e a nossa salvação passam pelo suplício da cruz. “Cristo, encarnado na Sua realidade concreta humano-divina, se submete voluntariamente à humilde condição de escravo (a cruz era o tormento reservado para os escravos) e o suplício infame transformou-se em glória perene”.

Os apóstolos resumiam sua pregação no Cristo crucificado e ressuscitado dos mortos, de quem provêm a justificação e a salvação de cada um. São Paulo dizia que Cristo cancelou “o documento escrito contra nós, cujas prescrições nos condenavam. Aboliu-o definitivamente, ao encravá-lo na Cruz” (Cl 2,14). É por isso que cantamos na celebração da adoração da cruz na Sexta-Feira Santa: “Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a salvação do mundo: Vinde! Adoremos!”

O caminho da cruz, da humilhação e da obediência foi a que Deus escolheu para nos salvar. Por isso, amamos e exaltamos a santa cruz. Santo Antônio, Doutor do Evangelho, o “martelo dos hereges”, dizia: “Porque Adão no paraíso não quis servir ao Senhor (cf. Jr 2,20), por isso o Senhor assumiu a forma de servo (cf. Fl 2,7) para servir ao servo, a fim de que o servo já não se envergonhasse de servir ao Senhor”.

Poucos, como esse santo, conheceram o profundo mistério da encarnação do Verbo e Sua obediência até a morte de cruz para nos salvar. São Paulo resumiu tudo, dizendo aos filipenses que “sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso Deus o exaltou soberanamente” (Fl 2,6-9a). Se o Senhor passou por esse caminho de obediência, humilhação e crucificação, será que para nós, cristãos (imitadores de Cristo!), haverá outro caminho de salvação?

Somente pela cruz, que significa “morte ao próprio eu”, à própria vontade, para acatar com fé, alegria e ação de
graças a vontade de Deus, poderemos nos salvar. E é o próprio Senhor quem nos diz isso muito claramente: “Se alguém quer vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lc 9,23) e “se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só; se morrer, produz muito fruto” (Jo 12,24b). Cada um tem a sua cruz.

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Por que essa necessidade de tomar a cruz a cada dia? Por que é preciso morrer para dar fruto? A resposta é que o homem velho, corrompido pela concupiscência, só pode ser despojado de si mesmo pela cruz, a fim de que, como disse São Paulo, seja “revestido do homem novo, criado à imagem de Deus em justiça e santidade verdadeira” (Ef 4,22-24).

É pela nossa cruz de cada dia, que cada um carrega, que Deus nos santifica (cf. Hb 12,10), fazendo-nos morrer para todas as más inclinações do nosso espírito. É pela cruz que chegaremos à glorificação, como o Senhor Jesus. É por isso que exaltamos a santa cruz. E é por essa cruz de cada dia (doenças, aborrecimentos, penúrias, humilhações, cansaço, injustiças, incompreensões, etc.) que temos a graça e a honra de poder completar em nossa carne o que falta à paixão do Senhor (cf. Cl 1,24).

É preciso lutarmos contra a repugnância que temos da cruz. São João da Cruz dizia que o que mais nos faz sofrer “é o medo que temos da cruz”. Sua amiga Santa Teresa dizia que, “quando a abraçamos com coragem e vontade, ela se torna leve”. Enfim, precisamos levar a cruz e não arrastá-la…

A maior lição que aprendi com os santos foi esta: não há maior glória que possamos dar a Deus do que sofrer com fé, paz e esperança, dando graças a Ele por ter-nos achado dignos de sofrer por Seu amor. “A alegria dos moradores do céu”, como dizia Santa Teresinha do Menino Jesus, “consiste em sofrer e amar por amor a Deus”. Mas para isso precisamos da graça de Deus, pois nossa natureza tem horror da cruz. Entretanto, o que é impossível à natureza é possível à graça, nos ensinou Santo Agostinho. Quem não tem a luz da graça não pode entender isso; pois, “a linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas, para os que foram salvos, para nós, é uma força divina” (1 Cor 1,18). “Os judeus pedem milagres, os gregos reclamam sabedoria; mas nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gregos; mas, para o eleitos – quer judeus ou gregos – força de Deus e sabedoria de Deus” (1 Co1 1,22-24).

A cruz para o cristão, não é símbolo de morte, como alguns pensam, mas de vida, de ressurreição. Ela é nossa única esperança! (“O crux ave, spes única!”). A cruz está sempre presente na vida da Igreja, quer na celebração da Eucaristia, no Batismo e demais sacramentos. O sinal da cruz é o indicativo de que a pessoa é cristã e nós o usamos sempre no início da Missa, com esse sinal nós somos abençoados e abençoamos em nome do PAI, do FILHO e do ESPÍRITO SANTO. Portanto, exaltar a cruz é exaltar a morte de Cristo e proclamar que Ele está vivo e por seu sacrifício na Cruz nos obteve a salvação.

Bendita e louvada seja a cruz bendita do Senhor, símbolo de vida e de ressurreição!

Prof. Felipe Aquino

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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