A beleza e a importância do profissionalismo

alemanhaurlO amigo Padre Pe. Paulo M. Ramalho (www.fecomvirtudes.com.br) publicou uma excelente matéria mostrando a importância do profissionalismo, uma das maiores carências do Brasil. Vale a pena ler a beleza deste texto:

“Agora que nossos ânimos já se acalmaram, vale a pena tirar várias lições da derrota brasileira na copa e do sucesso alemão. Como vimos, os alemães nos deram um show de profissionalismo, mostrando que o resultado de um esporte é muito mais fruto do empenho e dedicação do que da genialidade, do “jeitinho”, da “ginga” que tanto exaltamos na nossa cultura.

O sucesso alemão (cfr. reportagem “Estado de São Paulo” do dia 10 de julho) foi o resultado de um plano conduzido com detalhes por mais de uma década e que, agora, colhe seus frutos.

Tudo começou em 2000, depois da humilhante eliminação da Alemanha da Eurocopa. Foi, então, montado um plano para reerguer o futebol alemão, e a prioridade não seria trazer estrelas estrangeiras, mas criar uma base de jovens para que, no futuro, pudessem brilhar.

A meta era atrair, em cada cidade, jovens talentos e formá-los, mesmo que levasse anos para dar resultados. No campo financeiro, a ordem foi trocar os gastos milionários com jogadores estrangeiros por investimentos locais. Todos os clubes foram obrigados a montar escolinhas de futebol como exigência para que pudessem participar do campeonato nacional. Hoje, são 366 centros de treinamento de menores, empregando mil treinadores e dando espaço para 25 mil alemães tentarem a sorte no futebol.

Nos estádios, os preços de ingressos foram mantidos congelados, garantindo a lealdade do torcedor. Empresários estrangeiros foram impedidos de comprar clubes, como na Inglaterra. Hoje, a Bundesliga é o torneio mais rentável de toda a Europa, com a maior média de público, 45 mil por jogo, e o único em que todos os times estão em situação financeira estável.

A estrutura montada pelo Bayern de Munique se transformou em paradigma. O local é um laboratório da técnica e de inovações. Cinco campos de treinamento espaçados em 70 mil metros quadrados recebem, semanalmente, 185 jovens. O Bayern tem 26 olheiros e treinadores, todos com formação profissional. Outras 40 pessoas trabalham exclusivamente para os times de base, incluindo psicólogos.

A Alemanha contou também com a ajuda da tecnologia para obter os seus resultados. Trata-se de um programa desenvolvido pela SAP, empresa especializada em aplicativos de negócios empresariais, parceira da Federação Alemã de Futebol desde o ano passado, para analisar, com riqueza de detalhes, o desempenho de cada um dos jogadores da equipe e também dos adversários.

O programa exibe para seus usuários dados como quilômetros percorridos, número de passes certos e de chutes a gol de cada jogador. “Imagine que, em apenas dez minutos, dez jogadores geram mais de sete milhões de dados”, comentou Oliver Bierhoff, diretor técnico da seleção. “Com esse programa, nossa equipe consegue analisar esse volume imenso de dados e personalizar o treinamento para melhor preparar a seleção para seu próximo compromisso.”

Depois da goleada sobre o Brasil, Joachim Löw, técnico da Alemanha, fez questão de dizer que havia se preparado muito bem para a partida. O treinador sabia, por exemplo, que a defesa da seleção brasileira tem dificuldades quando é atacada em velocidade. O programa desenvolvido pela SAP ajudou Löw e seus colegas de comissão técnica a mapear os pontos fracos do Brasil.

Além do programa, a seleção alemã se armou de outras maneiras para aprender a jogar contra a seleção brasileira. Hansi Flick, auxiliar de Löw, contou que eles têm uma equipe de observadores e que essas pessoas foram de grande ajuda para a montagem do plano de jogo exibido em Belo Horizonte. “Nós temos um trabalho muito minucioso de scouting”, comentou Flick. “Um exemplo: nós contamos com 40 estudantes de Ciências do Esporte para nos ajudar. Eles analisam a fundo cada um dos adversários.”

Diante deste show de competência, seriedade e profissionalismo, que cada um de nós se anime a adquirir estes valores na sua vida e faça depender cada vez menos os resultados dos nossos objetivos (escolares, profissionais, familiares etc) do ânimo ou desânimo, do jeitinho e da esperteza. Se queremos mudar a nossa cultura, vamos na frente nesta atitude, e pouco a pouco este exemplo será irradiado a todas as pessoas”.

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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